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Sob risco de chuva, Roger Waters diz que só não toca no Rio se o público ou sua equipe correr risco

Roger Waters em entrevista coletiva no Rio de Janeiro (28/3/12) - Néstor J. Beremblum/Divulgação T4F
Roger Waters em entrevista coletiva no Rio de Janeiro (28/3/12) Imagem: Néstor J. Beremblum/Divulgação T4F

Fabíola Ortiz

Do UOL, no Rio

28/03/2012 18h24

A previsão do tempo para o único show do Roger Waters no Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (29), com possibilidade de chuva forte, pode atrasar ou comprometer a apresentação do baixista do Pink Floyd no Engenhão.

“Se houver vento muito forte como hoje, não vai dar para tocar. Vamos tocar na chuva, a chuva não me incomoda, ela só molha. Se ventar muito, podemos esperar. Só não tocarei se o público ou a minha equipe correr risco”, disse Roger Waters em entrevista realizada na tarde desta quarta (28) em um hotel no Rio de Janeiro e que começou pontualmente às 17h.

Apoio à Palestina

Na coletiva, Roger anunciou que irá apoiar o Fórum Social Mundial Palestina Livre, que acontecerá em Porto Alegre em novembro. “Além do muro que separa a Palestina de Israel, existe o muro da desinformação, o que nos é mostrado pela mídia e pela sociedade consumista. Viajei extensivamente pelos territórios ocupados e ouvi relatos dos dois lados. A Palestina não é um Estado terrorista. Acho que Israel deve devolver as fronteiras de 1967. Acho que há uma paz a ser feita. Acredito na ideia de que Igreja e Estado devem ser separados”, declarou.

Waters se diz contra o terrorismo provocado pelo Estado. “O muro é uma manifestação do terrorismo de Estado. O que há na Palestina é exemplo de um Estado exercendo seu poder de terrorismo sobre a população”, criticou.

O músico inglês comentou a escolha do brasileiro Jean Charles de Menezes, morto em 2005 pela polícia britânica no metrô de Londres, para um tributo durante o show. “Eu não lembro somente Jean Charles, mas lembro muitos que morreram em conflitos e guerras de forma desnecessária. Ninguém nunca foi culpado ou responsabilizado pelo fato de que este jovem inocente morreu atingido por 8 tiros. E ele não fez nada. É trágico”, disse.

Em turnê pela América do Sul, Roger guarda boas lembranças de outras vindas ao continente. "Adoro vir à América do Sul. Desde que vim pela 1ª vez, há dez anos, tenho visto grandes mudanças, especialmente no Brasil com Lula e agora com Dilma. O Brasil é incrivelmente rico e vocês estão se tornando um poder mundial e sendo um exemplo para o resto do mundo”.

Coral de crianças da Rocinha

Para a apresentação no Rio, um grupo de 16 crianças da Rocinha irá acompanhar o baixista na canção "Another Brick in The Wall (Part II)". “Vou me encontrar com eles amanhã às 17h30. Nós fazemos o show sempre com crianças que vem de uma realidade desfavorecida. Em todos os lugares em que estivemos sentimos que é uma experiência positiva para estas crianças”, disse.

Questionado se o álbum "The Wall", lançado em 1979, um dos mais famosos do Pink Floyd, continua uma peça autobiográfica ou se mudou ao longo dos anos, o músico inglês responde que,  quando o concebeu, estava com os seus 30 anos e, “na época achei que era só apenas sobre mim e meu pai e minhas questões, mas percebi que depois de 30 anos, tem implicações maiores, é o que tento expressar nesta versão do show”.

Roger Waters afirma que dificilmente tocará com David Gilmour, seu ex-companheiro na banda, como fez em 2011. “Acho que dificilmente vamos tocar de novo. Ele está aposentado, creio. Não ouço o nome dele, não tenho mais interesse nisso e acho que ele também não. A vida foi fantástica. Estivemos trabalhando juntos por quase 20 anos. Foi muito importante para mim, mas já foi”, afirmou.

O músico não tem planos para lançar um novo álbum ou fazer outra turnê. Mas já escreveu uma canção há três semanas que pode ser um germe para um novo disco. “Estou focado neste projeto, temos uma equipe muito grande. Sempre ameaço fazer um novo álbum, já escrevi uma canção há algumas semanas e pode ser um embrião para um novo trabalho”.