Debaixo de chuva, Arctic Monkeys encerra Lollapalooza Brasil 2012 com rock and roll cru e poderoso; veja como foi o festival
Foi diante de 60 mil pessoas --segundo dados da produção-- que os ingleses do Arctic Monkeys tiveram a responsabilidade de encerrar a primeira edição brasileira do festival Lollapalooza. Debaixo de chuva, na noite deste domingo (8), o grupo mostrou no palco do Jockey Club de São Paulo por que foi escolhido por uma revista inglesa como a melhor banda ao vivo de 2011.
Muito mais à vontade no palco e carismático do que em 2007, quando foi atração do extinto Tim Festival Brasil, o vocalista Alex Turner mostrou sua nova fase bad boy, com um topete bem arrumado, e deixou nos sorrisos e nas expressões faciais sua comunicação maior com a plateia.
A banda entrou no palco às 21h30 ao som de "Don't Sit Down Cause I've Moved Your Chair", do álbum mais recente do Arctic Monkeys, "Suck It and See" (2011). O repertório contemplou muito bem o início da carreira do quarteto: "Brianstorm", "The View from the Afternoon", "Still Take You Home", "Pretty Visitors" e "I Bet You Look Good on the Dancefloor", dedicada às mulheres na plateia, tiveram companhia de um coro da multidão.
Mais maduros, tanto no som quanto na postura, o Arctic Monkeys fez um show de rock and roll cru e poderoso. Destaque pela força nas baquetas, o baterista Matt Helders liderou com competência os vocais principais do single "Brick by Brick", enquanto o guitarrista Jamie Cook duelava com Alex Turner e o baixista Nick O'Malley segurava o andamento. Ficou para o bis três dos maiores sucessos da banda: "When the Sun Goes Down", "Fluorescent Adolescent" e "505".
O dono da festa e o cardápio indie no segundo dia
Ficou para o segundo e último dia de festival a banda do dono da casa: o vocalista Perry Farrell e seu veterano Jane's Addiction. A apresentação teve hits como "Just Because" e as tradicionais cenografias que incluem mulheres de lingerie em poses sensuais e um boneco que pendura cordas no pescoço. A chuva atrapalhou a apresentação e só quem era muito fã da banda esperou até o final.
O segundo dia do Lollapalooza Brasil teve um cardápio variado de bandas indies. O Friendly Fires apresentou à tarde, ainda sob sol forte, seu indie rock com influências de disco music, que renderam músicas dançantes como "Paris" e "Skeleton Boy". Surpresa para boa parte do público, o Manchester Orchestra mostrou seus riffs mais pesados.
Iluminados por luzes escuras no palco, o MGMT soou mais acústico do que nas gravações de seus discos. Com um show repleto de experimentações, e mesmo sob chuva, a banda segurou boa parte do público à espera de hits como "Kids", "Eletric Feel" e "Time to Pretend". Após esta última, no entanto, guardada para a parte final da apresentação, os nova-iorquinos viram sua plateia migrar rapidamente para o outro palco, que receberia os novos queridinhos da música pop, Foster the People, donos de um dos maiores sucessos das pistas indies do ano, o hit "Pump Up For Kicks".
O grupo nova-iorquino Gogol Bordello instaurou um verdadeiro acampamento cigano no Jockey Club. Uma garra sustentada por uma combinação inusitada de acordeão, violino e guitarra, mais uma gritaria punk de bordões ativistas, e a multidão levantou uma nuvem de poeira no local. O publico foi à loucura já na segunda música, "Sally", e ouviu o ucraniano Eugene Kelly arriscar um trecho de "Ai Se Eu Te Pego", de Michel Teló.
O grupo nova-iorquino Gogol Bordello instaurou um verdadeiro acampamento cigano no Jockey Club. Uma garra sustentada por uma combinação inusitada de acordeão, violino e guitarra, mais uma gritaria punk de bordões ativistas, e a multidão levantou uma nuvem de poeira no local. O publico foi à loucura já na segunda música, "Sally", e ouviu o ucraniano Eugene Kelly arriscar um trecho de "Ai Se Eu Te Pego", de Michel Teló.
Na tenda eletrônica a atração mais aguardada foi a mistura de dubstep, dub e nu-metal do produtor norte-americano Skrillex. Nenhuma apresentação anterior no Palco Perry tinha levantado tanto o público quanto a performance do DJ, que tocou músicas como "Right In" e "Break'n a Sweat' entre projeções de animações em um telão e danças de lasers coloridos pela tenda. Animado, o público chegou a formar até rodas de pogo.
Entre os brasileiros, os Racionais MCs lembraram no Lollapalooza que são conhecidos por atrasos em seus shows --um deles que causou tumulto na Virada Cultural de 2007, na Praça da Sé, em São Paulo. No festival, o público reunido sob a tenda se impacientou com a demora e vaiou o grupo de rap, um dos maiores da cena brasileira e que só apareceu em cena uma hora após o previsto. Foram os únicos a ter um atraso significativo no festival marcado pela pontualidade.
O segundo dia do Lollapalooza foi marcado pelo sol forte à tarde e pela chuva insistente à noite. Mais uma vez, o Lollapalooza surpreendeu pela pontualidade desde a abertura dos portões até o início dos shows de suas mais de 20 atrações. Com 15 mil pessoas a menos do que no primeiro dia, a tranquilidade para circular dentro do Jockey Club era visível: menos filas nos banheiros e nos caixas.
Primeiro dia de Lollapalooza Brasil
O primeiro dia de Lollapalooza Brasil levou ao Jockey Club cerca de 70 mil pessoas, a maior parte para assistir ao show do Foo Fighters. A banda de Dave Grohl, que voltou ao país em sua melhor fase, trouxe raridades no repertório da apresentação de 2h35 de duração, teve participação da veterana Joan Jett em duas músicas e um Dave Grohl esforçado em mostrar que sua voz, apesar de falhas por causa de um cisto na garganta, vai muito bem, obrigada.
O dia começou com uma apresentação acústica surpresa do Band of Horses para cerca de 50 pessoas que chegaram cedo ao Jockey Club. Teve ainda Ritmo Machine, banda que tem em sua formação o percussionista do Cypress Hill, Eric Bobo; TV On the Radio com sua mistura de pós-punk, eletrônica e elementos climáticos com vocais soul; e Cage the Elephant com uma das apresentações mais enérgicas do dia.
Entre os brasileiros, destacaram-se Wander Wildner que mostrou seu punk brega a um público pequeno, porém receptivo; Marcelo Nova resgatando o bom e velho rock and roll; e O Rappa acompanhado por violinistas, fazendo cover de "Killing in the Name", do Rage Against the Machine.
Quem chegou mais cedo ao festival enfrentou pouco trânsito e pegou poucas filas tanto para entrar quanto para comprar fichas de alimentos e bebidas. No entanto, conforme aproximava-se o horário dos shows principais, o público começava a lotar o Jockey Club e filas quilométricas passaram a se formar em todos os caixas. As pessoas chegavam a esperar até 40 minutos.
A saída do festival também foi tranquila para quem saiu antes do encerramento do show do Foo Fighters. Quem esperou pelos últimos acordes, por outro lado, sofreu com a falta de estrutura. Ausência de táxis e de transporte público acumulou grande parte do público nas ruas.
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