Topo

Dinho Ouro Preto canta de Elvis a Joy Division em trabalho solo e evita rótulo de "cover"

Dinho Ouro Preto lança "Black Heart", seu terceiro álbum solo (10/4/2012) - Divulgação
Dinho Ouro Preto lança "Black Heart", seu terceiro álbum solo (10/4/2012) Imagem: Divulgação

Renato Damião

Do UOL, no Rio

10/04/2012 15h59

Dinho Ouro Preto levou 17 anos para lançar um novo projeto solo.  O resultado é “Black Heart”, um álbum, como prefere dizer o vocalista do Capital Inicial, de “versões” de clássicos do rock mundial. Nas 12 faixas do projeto, Dinho evoca sucessos de Elvis Presley (“Suspicius Mind”), Patti Smith (“Dancing Barefoot”), Leonard Cohen (“Hallelujah”) e de bandas como Joy Division (“Love Will Tear Us Apart”), The Smiths (“There Is A Light That Never Goes Out”) e Pet Shop Boys  (“Being Boring”).

“Não é um álbum de cover, prefiro dizer que são versões, até pelo meu respeito ao original”, pontuou Dinho em conversa ao UOL. “Black Heart” existe na cabeça do cantor há muito tempo, mas só tomou forma há um ano e levou apenas três meses para ficar pronto. Antes, ele havia gravado "Vertigo", em 94 e "Dinho Ouro Preto", em 95, também em versão solo.

“Gravei tudo no estúdio caseiro, dentro da minha casa. Já tinha quase todas as canções na minha cabeça, ficou de fora só Tom Waits e Depeche Mode”, contou o músico que formou uma banda especialmente para o projeto. “As músicas escolhidas são de artistas muito antagônicos, percebi a necessidade de fazer com que todos eles coubessem no álbum e tudo isso foi resolvido nos ensaios com a banda. A banda adquiriu essa naturalidade fazendo com que todas as músicas parecessem ser de uma banda só”, opinou Dinho.

Outra preocupação do intéprete foi em como cantar as canções, segundo ele, foi como “pisar em ovos”: “Acabei optando por cantar tudo com sotaque americano e quis evitar arroubos vocais. Tentei achar o tom exato das músicas para que minha voz ficasse confortável. Preferi que as interpretações fossem contidas”, explicou Dinho. O resultado é perceptível principalmente em “Hallelujah”, que abre o álbum.

Do repertório, destaca-se a escolha por “Hard Sun”, canção pouco conhecida de Eddie Vedder, líder do Pearl Jam, que faz parte da trilha sonora do filme “Na Natureza Selvagem”, do ator Sean Penn. “Quis evitar bandas como Nirvana e Oasis, procurei algo no repertório do Pearl Jam e também não achei. Dei voltas até chegar em ‘Hard Sun’”, explicou Dinho.

Outro destaque que vale ser ressaltado de “Black Heart”, é a participação da cantora indie Lisa Pepineau. O encontro entre Dinho e Lisa aconteceu por meio do produtor do álbum, Davi Corcos e o convite foi feito a ela durante um bate-papo pelo Skype. “A Lisa trouxe uma nova sonoridade e uma outra cor às músicas”, elogiou o músico.

Divulgação
Elas gostam de Beyoncé e Lady Gaga, para a minha tristeza

sobre o gosto musical das filhas

“Não é um álbum de amor”, diz Dinho

Para Dinho, “Black Heart” é um álbum que canta o relacionamento. “Tenho um pouco de dedo em dizer que é um CD romântico, para mim é um CD de músicas sobre relacionamentos. O amor aqui é ácido, pouco ortodoxo”, opinou.

Além disso, ele acredita que os fãs jovens do Capital Inicial, tem muito a ganhar ouvindo “Black Heart”. “Eu acredito que esse álbum terá um efeito pedagógico e didático, eu sei que tem fãs do Capital que gostam de Muse, por exemplo, mas pode ser que alguns não conheçam Nick Cave ou até essa canção mais nova do Eddie Vedder”, comparou.

De acordo com Dinho, nunca é ruim “expandir os horizontes musicais” e “os jovens acabam sempre ouvindo as mesmas coisas”. “É legal brincar de escola do rock, dizer para eles: ‘Toma esses 50 anos de rock n’ roll’”, brincou ele que é pai de duas meninas; Giulia de 15 anos e Isabel de 13 anos.

“Elas não ouvem tudo o que eu ouço. A mais velha chegou a pedir para ir ao Lollapalooza ver o Foster And The People. Na maioria das vezes elas ouvem o que toca na rádio”, disse Dinho para completar que em seu carro só toca rock. “Na carro da mãe elas ouvem tudo. Elas gostam de Beyoncé e Lady Gaga, para a minha tristeza”, disse o cantor aos risos.

Em maio, Dinho deve estrear a nova turnê que passará por São Paulo e Rio de Janeiro. Em seguida ele fará uma pausa para gravar o novo CD do Capital Inicial. “Já temos as músicas e o estúdio está reservado”, contou o músico que tem achado “libertador” cantar sozinho.

“Faz bem ao espírito cantar sozinho, estou muito tranquilo”, afirmou Dinho que acredita que a experiência solo trará bons frutos ao Capital. “Tenho tocado violão como nunca toquei na vida, estou um músico muito melhor e muito mais seguro”, contou ele que acredita que o acidente sofrido em 2009 - quando caiu do palco de uma altura de quase três metros - trouxe uma sensação de urgência de viver.

“Não tenho tempo a perder, talvez todo esse projeto esteja ligado ao fato de perceber que tudo é efêmero. Carpe Diem”, finalizou Dinho.

  • Divulgação
  •  
  •  

"Black Heart" (Sonny Music)

1 - Hallelujah (Leonard Cohen)
2 - Dancing Barefoot (Patti Smith)
3 - Nothing Compares 2 U (Sinead O' Connor)
4 - Lovesong (The Cure)
5 - Are You The One That I've Been Wait (Nick Cave)
6 - Steady As She Goes (The Raconteurs)
7 - Suspicius Mind (Elvis Presley)
8 - Hard Sun (Eddie Vedder)
9 - There Is A Light That Never Goes Out (The Smiths)
10 - Times Is Running Out (Muse)
11 - Love Will Tear Us Apart (Joy Division)
12 - Being Boring (Pet Shop Boys)