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Bob Dylan abre turnê latino-americana com show morno no Rio

De cara amarrada, Bob Dylan chega ao aeroporto do Galeão no Rio de Janeiro, onde o cantor se apresentou neste domingo (15) - Delson Silva / AgNews
De cara amarrada, Bob Dylan chega ao aeroporto do Galeão no Rio de Janeiro, onde o cantor se apresentou neste domingo (15) Imagem: Delson Silva / AgNews

Alexandre Coelho

Do UOL, no Rio

15/04/2012 22h30

Nem mesmo os extorsivos R$ 500 cobrados pelo ingresso mais barato espantaram os fãs de Bob Dylan no Rio. Em sua quinta passagem pela cidade, na noite deste domingo (15), o cantor abriu o trecho latino-americano de sua turnê para um Citibank Hall (com capacidade reduzida para 3.000 lugares) quase lotado. Sem a presença de jornalistas e fotógrafos, que foram proibidos pelo cantor, o show marcado para começar às 20h iniciou-se com dez minutos de atraso. Dylan cumpriu uma apresentação de 1h40 de duração e, como previsto, quase todos os seus grandes sucessos estiveram de fora do setlist. As exceções foram “Like a Rolling Stone” e “All Along the Watchtower”, que fecharam a noite.

Acompanhado de cinco músicos (baixo, bateria, duas guitarras e teclado), Bob Dylan subiu ao palco da casa de shows na Barra da Tijuca com o figurino country-folk que o consagrou, com direito a chapéu de caubói e tudo. A essência do show foi toda em cima do binômio blues-country, vertente elétrica da carreira do artista que tanto magoou os fãs mais puristas, ainda na década de 60. Assim como nas mais recentes apresentações do cantor, em novembro, na Europa, o repertório foi aberto com o blues “Leopard-Skin Pill-Box Hat”.

Dividindo-se entre o teclado, a guitarra e a gaita (para o delírio de um público caloroso), Dylan se esforçou, mas ficou claro que não é mais o mesmo. Se a voz continua fanhosa como sempre, agora está também mais rouca do que nunca. A dicção difícil e um estilo de interpretação que muitas vezes é mais falado do que propriamente cantado tornaram a compreensão de boa parte das letras um desafio até mesmo para os fãs mais fiéis.

Sem a presença de clássicos como “Blowin’ in the Wind”, “Hurricane” ou “Mr. Tambourine Man”, o show transcorreu de maneira morna, apesar dos esforços dos fãs para deixar o ídolo aconchegado. Empolgação mesmo só quando Dylan “atacava” na gaita  ou em canções mais estradeiras, como “Desolation Road” e “Highway 61 Revisited”.

Ao final das 16 músicas, sem direito a bis ou a um único diálogo com a plateia, ainda assim, os verdadeiros fãs saíram satisfeitos. Foi o caso do artesão Vicente Finizio, de 57 anos, segundo ele próprio, “fã de Dylan desde Woodstock”, e que pela primeira vez assistiu ao ídolo. “Eu queria ouvir aquelas músicas antigas dele. O preço realmente estava salgado, mas ele é um artista que vale cada centavo”, enaltece.

A impressão não é privilégio da geração que viu Dylan nascer artisticamente. Para o estudante Vinicius Ribeiro, de 24 anos, assistir ao show de um artista como Bob Dylan é quase uma obrigação. “Foi a segunda vez que eu fui a um show dele. E tanto faz se ele tocou ou não os clássicos. Eu só lamento que um artista que já se apresentou em um caminhão hoje toque em um shopping. Mas faz parte do negócio”, pondera.

Depois do show deste domingo no Rio, Bob Dylan toca no Ginásio Nilson Nelson, em Brasília (dia 17); no Chevrolet Hall, em Belo Horizonte (19); no Credicard Hall, em São Paulo (21 e 22) e no Pepsi On Stage, em Porto Alegre (24). Daqui, o cantor segue para Argentina, Chile, Costa Rica e México, antes de voltar a se apresentar na Europa, em junho.

Esta foi a quinta passagem do cantor pelo Rio. As outras foram em 1990, 1991, 1998 e 2008.

Veja o setlist do show:

“Leopard-Skin Pill-Box Hat”
“It Ain’t Me, Babe”
“Things Have Changed”
“Tangled Up In Blue”
“The Levee’s Gonna Break”
“Tryin’ To Get To Heaven”
“Beyond Here Lies Nothin’”
“Desolation Row”
“Summer Days”
“Simple Twist Of Fate”
“Highway 61 Revisited”
“Forgetful Heart”
“Thunder On The Mountain”
“Ballad Of A Thin Man”
“Like A Rolling Stone”
“All Along The Watchtower”