Caos na organização ofusca bons shows no 1º dia de Metal Open Air; saiba como foi
Acabou às 2h40 da madrugada deste sábado (21) o primeiro dia do festival Metal Open Air, em São Luís, Maranhão. Apesar das boas apresentações que encerraram a noite, entre elas as das bandas americanas Symphony X, Exodus, da alemã Destruction e da canadense Anvil, o início de festival foi marcado por uma sequência de graves problemas na organização e estrutura.
Até o Megadeth enfrentou contratempos sobre o palco, e Dave Mustaine saiu de cena mais de uma vez reclamando do equipamento. Antes dos californianos, também tocaram as bandas brasileiras Almah, Shaman e os israelenses da Orphaned Land.
Os maus sinais começaram já na quinta-feira (19), com o anúncio do cancelamento de 3 shows, incluindo o do grupo inglês Venom, principal atração do domingo (22).
Marcado para começar às 10h da manhã desta sexta (20), quando tocaria a banda baiana Headhunter DC, o Metal Open Air só viu seu primeiro show às 15h, horário em que entraram os canadenses do Exciter – todas as atrações anteriores foram canceladas ou remanejadas para os próximos dias. Segundo Raimundo Gomez, um dos membros da equipe técnica, a demora na passagem de som do Megadeth contribuiu para o enorme atraso.
Parte da estrutura passou o dia desmontada, e um dos palcos prometidos simplesmente não funcionou. Não havia caixas eletrônicos, garantidos pelo material de divulgação, e a praça de alimentação se resumia a poucas vendas em que faltava até água. Caminhões de abastecimento circulavam livres pela área do evento, oferecendo risco para quem passava.
Ao longo do dia, mais cancelamentos vieram. A banda inglesa Saxon oficializou a desistência por meio de seu site oficial. Motivo: não recebeu o cachê combinado em contrato.
Segundo os dois principais organizadores do Metal Open Air, Felipe Negri e Natanael Jr., a falta de verba e um corte no abastecimento de energia elétrica na região foram os principais fatores que desencadearam os problemas do festival.
Com isso, o público sofreu. O gaúcho Lucas Glimm, de 32 anos, viajou até São Luís com a promessa de que poderia encontrar com o americano Gene Simmons, membro da Rock’n’Roll Allstars, na área do camarote. A regalia foi garantida pela organização àqueles que comprassem o pacote especial.
Nenhuma banda deu as caras no camarote, e a mulher de Simmons também anunciou o cancelamento de sua vinda ao Brasil. Glimm se emocionou ao falar da tatuagem com o rosto do vocalista do Kiss gravada na semana passada em seu braço direito, que ele pretendia mostrar para o roqueiro durante o sonhado encontro.
“Gastei um dinheiro que nem tinha para fazer a tatuagem, viajar até São Luís e pagar o camarote”, disse o gaúcho com lágrimas nos olhos.
O casal Luana Cardoso e Thyerre Dias também pagou pelo camarote e não ficou satisfeito. Cada um desembolsou cerca de R$ 1 mil, mais o valor da conveniência de pouco menos de R$ 350, para assistir às suas bandas favoritas de perto e com mais conforto. O que encontraram, no entanto, foram geladeiras vazias e nenhum músico circulando por ali.
Quem passou a noite no camping montado na área do festival também teve muito do que reclamar. Durante a tarde, houve inspeção da Vigilância Sanitária e de representantes do Procon, por conta de barracas que foram montadas dentro de estábulos do Parque Independência, que também recebe uma exposição agropecuária.
Quem estava abrigado nesses espaços dormiu sobre terra e grama misturadas a esterco de cavalos. O supervisor do Procon no local, Bruno Leal, disse que nenhuma providência será tomada antes de segunda-feira, depois do fim do evento, quando serão apuradas as reclamações de propaganda enganosa.
Com todas essas dificuldades ainda não solucionadas, o Metal Open Air continua neste sábado. Estão escalados para tocar as bandas alemãs Blind Guardian, Grave Digger e os nova-iorquinos do Anthrax, entre outros.
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