Em semana de premiações, MTV tenta ser referência em novidades e Multishow busca agradar a todos

Pela primeira vez, as duas maiores premiações da música brasileira, Prêmio Multishow e VMB, se encontraram na mesma semana. O objetivo de ambos eventos é o mesmo: destacar o que houve de melhor no cenário musical do país no último ano. Mas, com apenas dois dias de diferença entre a realização de um e de outro, nunca ficaram tão expostas também suas discrepâncias.

Se no primeiro estão Michel Teló e Thiaguinho, no outro o espaço é para Emicida e Restart. Seus concorrentes apenas se coincidem entre aqueles que transitam sem perigo nos dois universos, como o projeto Agridoce, de Pitty e Martin, e a paraense Gaby Amarantos – que viu a popularização do brega conquistar a cena alternativa ao mesmo tempo em que a grande mídia se mostrou interessada no gênero. 

Com o tema "Música Importa", a 19ª edição do Prêmio Multishow, que aconteceu na terça-feira (18) no Rio de Janeiro, evidenciou que seu propósito é mesmo alcançar o maior número de seguidores e uma certa relevância ao laurear diversas vertentes da indústria fonográfica atual do país – seja pela escolha de Ivete Sangalo como mestre de cerimônia, seja pelos troféus concedidos a Paula Fernandes, NX Zero e Ana Carolina.

Não é de hoje que a festa promovida pelo canal do Grupo Globo prima pela formalidade. Neste ano, o programa voltou a deixar toda a plateia sentada entre concorrentes e convidados que circulam com frequência no Projac (o centro de produção da Rede Globo) e mostrou que sua cerimônia continua tradicional e até um pouco careta. Desta vez nem os agradecimentos do vencedores foram estimulados, já que os premiados permaneciam na plateia para receber suas homenagens, entregues sempre pelo humorista Paulo Gustavo.

Um dos maiores realces do evento foi colocar no mesmo palco artistas embrionários ao lado de nomes consagrados. Outro grande acerto do Prêmio Multishow 2012 foi criar um programa paralelo com o chamado Super Júri, um grupo de jornalistas e especialistas em música responsáveis por decidir os vencedores de três categorias: melhor show, melhor disco e artista revelação. 

A reunião – que gerou debates interessantes como "o que é sucesso hoje em dia?" e "existe música boa?"– foi transmitida simultaneamente pelo site da emissora e conseguiu pescar o público que desistiu da TV. Em contrapartida, a cerimônia televisiva não explorou a web como merecia. Durante a premiação, pouco (e quase nada) se soube sobre o que acontecia na sala da justiça -– nem ao menos foram apresentadas aquelas pessoas que escolheram o rumo final da festa.

VMB determina seu público
No caminho contrário, a MTV determinou o seu público e decidiu falar apenas com ele na 18ª edição do VMB, realizado na quinta-feira (20) em São Paulo, promovendo a "cultura urbana". Sem um âncora para conduzir o evento, recurso inédito e ousado em sua história, o VMB 2012 foi mais ágil e dinâmico, colocando seus apresentadores, humoristas e algumas celebridades para entregar os prêmios.

Ignorando temas como sertanejo ou pagode, por não considerar relevante para seu público, o destaque ficou com o rap e hip-hop pelo segundo ano consecutivo. Com a escolha dos artistas principais, a emissora parece ter encorajado o engajamento. Entre um prêmio e outro, de Criolo e Karina Buhr e Emicida, discursos contundentes foram levados aos microfones, como a crítica às autoridades em referência aos sucessivos incêndios em favelas de São Paulo.

No ano que vem, quando as próximas edições forem ao ar, poucos se lembrarão quem ganhou ou quem perdeu no Prêmio Multishow e no VMB que passaram. O que fica é a mensagem que cada um deixa como contribuição para o cenário da música brasileira: a MTV querendo ser referência no que é novo, e o Multishow tentando agradar a todos.