Ter dreadlocks em Brasília parecia loucura, lembra vocalista do Natiruts sobre início da banda
Em 1996 quando Alexandre Carlo criou o Natiruts, Brasília era palco de bandas de rock como o Legião Urbana, Capital Inicial e Paralamas do Sucesso. "Todo mundo queria ter uma banda de rock, inclusive eu, mas me sentia melhor no reggae. Na época acharam que eu era louco, uma pessoa que andava de dreadlocks no Plano Piloto era preso", relembrou o músico durante entrevista ao UOL pelo telefone.
Passados 16 anos, o Natiruts se fixou com uma das bandas mais populares de reggae do Brasil e para celebrar o sucesso acaba de lançar o segundo DVD da carreira; "Natiruts Acústico", gravado no mirante Dona Marta, zona sul do Rio. "O Rio é uma cidade internacionalmente conhecida, é uma vitrine do Brasil, então escolhemos gravar o DVD no Rio para que isso fosse um atrativo no mercado internacional", explicou Alexandre que excursionou com a banda por países da Europa, América do Sul e África.
Em 2002, a banda chegou a desfazer contrato com uma gravadora e durante dez anos se manteve independente, até assinar com a Sony. "Desde que comecei a estudar Ciência da Computação sabia que não haveria muito disso de vender CD no futuro, não doeu ficar independente, mas agora estamos voltando a uma gravadora, com uma grande estrutura e sempre é bom fazer sucesso", disse Alexandre.
Nas 21 faixas do projeto, o Natiruts passa por sucessos como "Liberdade para Dentro da Cabeça", "Natiruts Reggae Power" e "A Cor". As únicas inéditas são "Supernova", "Dentro da Música II" e "Chorei Demais". Dentre as participações especiais destacam-se o cantor Luiz Melodia, que faz dueto com Alexandre em "Pérola Negra", e a rapper Flora Matos em "Esperar o Sol".
"Tenho um projeto de fazer releituras de canções do Luiz e a Flora é uma amiga, é maravilhoso vê-la desabrochar entre os rappers de São Paulo", ressaltou Alexandre. Sem temer a opinião dos críticos - que acusam a banda de "não ser roots" - as canções do "Natiruts Acústico" ganharam um clima da balada.
"Não me preocupo em ser 'roots', roots pode ser muita coisa, temos canções que remetem ao ritmo jamaicano, mais rústico, e outras que são mais misturadas. Me preocupo em fazer algo musicalmente agradável", ponderou Alexandre que não exerga a música apenas como "entretenimento".
"Não vejo a música unicamente como algo para a sobrevivência das bandas, música faz parte da cultura brasileira, deveria ser ensinada no ensino básico", opinou. "O Natiruts é um banda com uma história singular no sentido de que temos um público que é muito fiel, nos shows as pessoas vem dizer que nossas músicas ajudaram eles a se curarem da depressão, a terem mais esperança, isso é o mais importante".
Indagado se o reggae - e seus fãs - ainda sofrem preconceito, o músico garantiu que ainda há, mas que prefere não pensar no assunto. "Procuro não direcionar minha vida para o preconceituoso, não preciso atingí-los nem superá-los. Procuro fazer o meu trabalho naturalmente. Suavemente vamos vencer o preconceito", finalizou.
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