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"Não sei fazer comédia no rock", diz Chester Bennington, do Linkin Park, em entrevista

Chester Bennington durante show do Linkin Park no festival SWU, em Itu, interior de São Paulo, em 2010 - UOL
Chester Bennington durante show do Linkin Park no festival SWU, em Itu, interior de São Paulo, em 2010 Imagem: UOL

Mário Barra

Do UOL, em São Paulo

28/09/2012 11h17

A dez dias de iniciar uma série de shows do Linkin Park no Brasil,  o vocalista Chester Bennington conta em entrevista ao UOL que o público pode esperar apresentações energéticas, voltadas para os fãs de verdade da banda norte-americana. "Nós não tocamos para pessoas com ingressos privilegiados, a gente quer ver mesmo é a galera louca na nossa frente”.

Com quatro datas marcadas para as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre em outubro, o cantor se lembra vagamente da primeira vez que banda tocou no país, em 2004. “Nós lotamos um estádio inteiro. Rolou muita energia, nossos fãs enlouqueceram”, relata. À época, o show aconteceu no estádio do Morumbi, onde o Linkin Park dividiu palco com a banda brasileira Charlie Brown Jr. Chester não se lembra muito do som do grupo santista, mas recorda de uma semelhança. “Eles recebem muita resposta do público, acho que vai ser legal tocar de novo junto”, diz, já que a banda de Chorão irá abrir o show dos norte-americanos em São Paulo em 2012.

Acostumado a se apresentar para plateias numerosas, o vocalista destaca que a banda se sente bem a vontade em lugares menores. Há oito anos, pouco antes de vir ao Brasil, o grupo subiu ao palco no pequeno clube Roxy, na Califórnia, para uma apresentação ao lado do rapper Jay-Z presenciada por apenas 400 pessoas. “Mesmo pequeno, esse show chegou a ser até mais empolgante do que o nosso primeiro em São Paulo”, confessa Chester, que demonstra não se lembrar muito de ter estado em Itu (SP), local do segundo e mais recente show do Linkin Park em terras brasileiras, durante o festival SWU 2010, quando o grupo encerrou a noite, tocando para um público menor.

Assista ao clipe de "Not Alone", do Linkin Park

Apesar do lado “obscuro” da banda e das letras em tom de desabafo, Chester acredita que os integrantes são muito mais divertidos do que aparentam por conta das músicas. “Não sei fazer comédia no rock, mas a gente ri mais do que chora, a nossa arte é diferente do que somos”, explica. “Nossa música recebeu esse estigma especialmente durante os tempos do 'Hybrid Theory', mas acho que ainda cultivamos esse lado sério no trabalho.”

O primeiro álbum da banda, lançado em 2000, deu início à trajetória bem-sucedida do Linkin Park com hits como “Crawling”, “One Step Closer” e “In the End”. Desde então, o grupo soube explorar bem todos os meios para conquistar a façanha de ter todos os discos de estúdio da carreira relacionados no topo da lista Top 200 da revista “Billboard”, além de ser a primeira banda a ultrapassar a marca de 1 bilhão de acessos em seu canal no YouTube. “A gente sempre foi uma banda moderna, com uma relação muito boa com a internet, que usamos principalmente para manter contato com fãs”, afirma.

Orgulhoso dos fãs, o cantor acredita ser mais fácil para os usuários da rede se identificar com artistas solo como Justin Bieber, Rihanna e Lady Gaga, cantores que já ultrapassaram a marca. E ainda reclama.“Recentemente, nós tivemos um problema com a contagem de cliques no YouTube, todos foram desabilitados”, relata Chester. “Não fosse por isso, a gente teria superado essa barreira muito antes e atualmente estaríamos perto de 2 bilhões!”

A estreita relação do grupo com o mundo virtual rendeu até mesmo um videoclipe diferente recém-lançado para uma das faixas do álbum “Living Things”, quinto trabalho de estúdio do grupo. A música “Lost in the Echo” conta com um vídeo no qual fotos de admiradores e pessoas ligadas à banda no Facebook são mostradas em um cenário apocalíptico. “Procuramos Jason Zada e Jason Nickel, eles fizeram um vídeo potente, repleto de lembranças e sentimentos”, conta Chester, após confessar que os outros vídeos mais recentes da banda eram muito parecidos entre si.

Apesar de buscar novidade, Chester afirma que a banda manteve o mesmo pensamento quando entrou em estúdio para gravar seu disco mais recente, alavancado pelo hit “Burn it Down”. “A gente sempre quer fazer música desafiadora, algo para você colocar no rádio, fumar e viajar”, diz. “Tinha que ser algo com muita energia, com a mesma melancolia do passado, mas mostrando letras positivas também.”

Mesmo com pouco para conquistar depois de tantos cliques, Cds vendidos e shows em Tel Aviv (Israel), Macau (China) e África do Sul, Chester ainda consegue mostrar ansiedade pelo o que resta a ser conhecido. “Nós ainda não conseguimos chegar na Índia, é complicado tocar lá, mas queremos tentar”, diz o cantor, que quer até mesmo animais do gelo durante os shows a serem realizados em cidades mais ao sul na Terra como Auckland, na Nova Zelândia. “Espero que até os pinguins apareçam para a ver a gente”, brinca.

Além do show na Arena Anhembi, no dia 7 de outubro em São Paulo, o Linkin Park vai tocar pela primeira vez no Rio de Janeiro e em Porto Alegre. Duas apresentações acontecem na capital fluminense, no Citibank Hall, durante os dias 8 e 10 de outubro. Já os gaúchos verão a banda no Ginásio do Gigantinho no dia 12 de outubro, com abertura da banda Reação em Cadeia.