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Aos 55 anos, Xororó quer aproveitar a vida e fazer no máximo oito shows por mês

Xororó diz que, apesar das grandes conquistas, sente falta da leveza do início da carreia (25/9/12) - Leandro Moraes/UOL
Xororó diz que, apesar das grandes conquistas, sente falta da leveza do início da carreia (25/9/12) Imagem: Leandro Moraes/UOL

Mariane Zendron

Do UOL, em São Paulo

30/09/2012 07h00

No momento em que esta matéria foi publicada, o cantor Xororó já havia aterrissado em Chicago, nos Estados Unidos, local escolhido para comemorar seu aniversário de 55 anos, que se realiza neste domingo (30). A cada dois meses, o músico e a mulher Noely viajam para fora do Brasil para conhecer lugares novos. Com 42 anos de carreira e 35 milhões de discos vendidos ao lado do irmão Chitãozinho, Durval de Lima, seu nome de batismo, diz que quer aproveitar a vida e que já passou daquela fase de fazer 28 shows por mês. Atualmente são oito no máximo.

  • Chitãozinho e Xororó em 1969, antes da fama

Com público fiel há décadas, Xororó deixa para a nova geração a missão de fazer shows quase todos os dias e brigar por espaço nas rádios e na internet. Admite que os novos sucessos da música sertaneja acabam “roubando” o espaço que teria para divulgar seu trabalho, mas, para ele, já não é mais tão importante estar nas rádios e televisão o tempo todo. “Onde é anunciado que haverá um show de Chitãozinho e Xororó, o público sabe que terá um bom espetáculo para ver”, disse ele.

Xororó, que recebeu o UOL no camarim de uma casa de shows em São Paulo, disse ainda que fica muito contente com o surgimento de bons artistas do gênero. “Quando surgem novos talentos, ficamos muito contentes porque sabemos que quando decidirmos pendurar a chuteira, a nossa música estará bem representada”, afirmou.

Em 2010, o cantor e o irmão convidaram artistas que consideram promissores para gravar um dos álbuns em comemoração aos 40 anos de carreira. Entre eles, Luan Santana, Michel Teló, João Bosco e Vinícius, Maria Cecília e Rodolfo, Jorge e Mateus e Eduardo Costa. “Muita gente torcia o nariz, dizia que o sertanejo universitário era só música de refrão, mas sentimos que dentro do nosso segmento algumas duplas permanecerão”, afirmou. Outro músico da nova geração, Fernando, que faz dupla com Sorocaba, está produzindo o novo álbum da dupla, “Do Tamanho do Nosso Amor”, que será lançado em dois meses, aproximadamente.

Os primeiros oito anos de carreira foram difíceis, mas como a gente começou na infância, parece que era tudo muito leve

Xororó, músico

Xororó diz que, além de estabilidade e respeito, o sucesso ainda proporcionou amizades com outros artistas de destaque. Em outro álbum em comemoração aos 40 anos de carreira, "Sinfônico", a dupla contou com a participação de Caetano Veloso, Jair Rodrigues, Fábio Jr., Fafá de Belém, Sandy, Júnior, Maria Gadú e uma orquestra regida por João Carlos Martins. Apesar de tantas conquistas, o músico tem saudades da leveza do início da carreira. “Os primeiros oito anos de carreira foram difíceis, mas como a gente começou na infância, parece que era tudo muito leve, muito tranquilo”.

Na entrevista abaixo, o músico ainda confessou que sente falta de ter a companhia dos filhos Sandy e Júnior no dia a dia. Sandy mora com o marido, Lucas Lima, também em Campinas e Júnior mora em São Paulo. “A Sandy vai muito em casa. Agora o Júnior, eu chego a ficar um mês sem ver”, disse ele. Xororó também afirmou que pede para que a filha mais velha lhe dê netos. “A gente fala que ela já está enrolando demais”.

UOL: Sente saudades de algo do início da carreira?
Xororó: Os primeiros oito anos foram muito difíceis, mas como a gente começou na infância, parece que tudo era muito leve, muito tranquilo. Tenho lembranças gostosas de conquistas, a gente fez muita amizade, apesar de trabalhar direto. Não tinha Natal, não tinha Ano Novo, não tinha nada, mas tudo era diversão. No Carnaval, a gente fazia shows e depois ia para o clube. A vida era uma loucura, mas muito legal. Isso antes de fazer sucesso. Depois, o sucesso trouxe outras coisas importantes, mas hoje não temos essa liberdade. As coisas mudaram completamente. Hoje em dia, fazemos show em Goiânia ou Brasília e vamos dormir em casa.

Como você vê a chegada de novos cantores na música sertaneja?

No dia em que decidirmos pendurar a chuteira, nossa música estará bem representada

Xororó, músico

Pra gente isso é supertranquilo. Com 42 anos de carreira, já vimos muita coisa acontecer no mercado da música. Muitos artistas fazem sucesso, mas vão embora do jeito que vieram. Começamos numa época em que era muito difícil cantar a música caipira. Fomos ocupando espaço no rádio e na TV. Hoje, desfrutamos de toda a mídia nacional e internacional. É uma conquista muito grande. Quando surgem novos talentos, ficamos muito contentes porque sabemos que no dia em que decidirmos pendurar a chuteira, nossa música estará bem representada. Lidamos muito bem com todos os segmentos, com o pop, com o rock. Existe muito respeito pelo nosso trabalho. Nessa comemoração dos 40 anos, sentimos que era o momento de juntar essa garotada. Muita gente torcia o nariz, dizia que o sertanejo universitário era só música de refrão, mas sentimos que algumas duplas vão permanecer.

Esses novos hits roubam espaço do sertanejo mais tradicional?
De uma certa forma, sim, principalmente na internet e no rádio, mas artistas como nós, com tantos anos de carreira e uma história tão grande, não têm essa necessidade de ficar tocando no rádio e indo em programa de televisão pois onde é anunciado que haverá um show de Chitãozinho e Xororó, o público sabe que terá um bom espetáculo para ver. Estamos supertranquilos. A nossa meta hoje, com esse tempo todo de carreira, é fazer oito shows por mês. Dá para cuidarmos dos outros negócios, da família e do lazer. Estou indo passar meu aniversário em Chicago, que eu conhecia só de passagem. Vou ficar uns dez ou 12 dias. Cada dois meses,  viajo para fora do brasil. Vou muito pra Europa também, para conhecer, para desfrutar da vida. Não dá para ficar preocupado com CD, rádio, show atrás do outro. Fizemos três álbuns para comemorar os 40 anos de carreira porque sentimos vontade.

Qual música não pode faltar nos show do Chitaõzinho e Xororó?
São muitas, graças a Deus, mas para citar uma é "Fio de Cabelo" (1982). Essa música abriu as portas para nós. Foi a primeira música sertaneja a vender mais 1,5 milhão de discos. Só o Roberto Carlos e a Rita Lee vendiam essa quantidade na época. Foi muito importante para nós e para a música sertaneja.

  • Divulgação

    Foto da década de 80. "Fio de Cabelo", um dos primeiros sucessos da dupla, foi lançado em 1982

E uma música que você já cansou de cantar?
"Evidências" é um chicletasso, não? A gente deu até para o Fernando fazer uma novo arranjo para colocar no novo CD. No mesmo CD, tem uma música, chamada "Não Sou Nada Sem Você", que o Lenine escreveu para nós há mais de 20 anos e que nunca tinha tido coragem de mostrar. Um dia, ele falou dela e cantarolou um pedacinho. Disse pra ele: "Me manda essa música agora". Também gravamos a música "Tente Outra Vez" do Raul Seixas, já que temos uma história com essa música. (Na década de 1970, ao ouvir "Tente Outra Vez" no rádio, a dupla decidiu persistir na carreira musical).

Você sente falta de ter os filhos em casa no dia a dia?
No dia a dia, sim. A Sandy vai muito em casa, quase todos os dias porque temos uma academia em casa e ela malha e faz boxe lá. Agora o Júnior eu chego a ficar um mês sem ver, mas nos falamos muito por telefone. Sentimos falta, mas de vez em quando, quando todo mundo está de folga, nos reunimos e fazemos um churrasco.

Você pede para a Sandy te dar netos?
A gente já está cobrando há bastante tempo. Pô, já são quatro anos de casada. A gente fala que ela já está enrolando demais. Eu adoro criança, minha esposa também. Acho que está na hora. Mas ela vai lançar um novo projeto agora então, talvez, fique para o ano que vem. Estou ouvindo falar, vamos ver.