Pela 1ª vez no Brasil, Garbage mostra no Planeta Terra que voltou aos palcos rejuvenescido
Eles passaram três anos tomando fôlego para soltar no palco uma energia contida. Separados em 2008 e juntos de novo desde o ano passado, o Garbage chegou pela primeira vez ao Brasil para um único show neste sábado (20) no festival Planeta Terra, no Jockey Club de São Paulo. Shirley Manson trouxe sua banda com toda a intensidade que se viu mais de uma década atrás ao se colocar à frente da maioria das 30 mil pessoas que estavam no evento, segundo a organização.
Em pouco mais de 50 minutos de show no palco principal, o Garbage resgatou amostras de toda a carreira de quase 20 anos e a energia da banda que marcou a década de 1990. Do início calmo na instrumental "Time Will Destroy Everything" ao final do repertório com a obrigatória "Only Happy When It Rains", todos os hits estavam lá: "I Think I'm Paranoid", "#1 Crush", "Special", "Queer" e "Stupid Girl", com um fundo eletrônico dispensável que por vezes oprimia a ótima linha de baixo da composição.
Veteranos no festival --ficam atrás apenas do Suede, formado em 1989--, o Garbage foi uma das bandas mais criativas dos anos 90, misturando guitarras pesadas com batidas eletrônicas e melodias pop. No show desta noite, as músicas vieram acompanhadas por sintetizadores e efeitos que dão o tom no mais recente álbum do grupo, "Not Your Kind of People", lançado em maio deste ano após sete anos de hiato dos estúdios.
No palco, Shirley Manson é acompanhada pelo renomado Butch Vig, baterista e produtor de "Nevermind", o clássico disco do Nirvana que ajudou a moldar um novo rock naquela década. A formação original ainda tem o guitarrista e tecladista Duke Erikson com seu indefectível terno e gravata, o também guitarrista Steve Marker e o baixista convidado Eric Avery, que se coloca discretamente no palco do lado da bateria.
Do alto de seus 46 anos, a escocesa ruiva Shirley Manson voltou à cena rejuvenescida. A garganta, já calejada, impressiona ainda mais nos dias de hoje. Seja no rap de "Shut Your Mouth" ou na balada "Milk", a voz vigorosa da cantora não perde o tom, ainda que embebida por efeitos eletrônicos. Shirley Manson parece cantar suas músicas como se fosse a última vez. Mas, na verdade, é o recomeço de uma banda que marcou os anos de 1990 e que ressurge na década de 2000 para não ser esquecida.
O hip-hop provocativo de Azealia Banks
Pouco antes do Garbage, no palco alternativo do festival, outra mulher estava na linha de frente: a provocativa e inquieta Azealia Banks, rapper norte-americana de 21 anos. Nome forte da nova cena de hip-hop feminino, a menina de longos cabelos ruivos chega ao país no auge de sua ainda curta carreira, desfrutando do sucesso de seu EP "1991", lançado em maio deste ano.
Azealia ainda não tem um disco --seu primeiro álbum cheio será lançado em fevereiro do ano que vem--, mas já é uma das queridinhas dos festivais internacionais e produtores renomados. Estilosa no palco, ela mostra elegância ao mesmo tempo em que exala sensualidade. Dois dançarinos e um DJ a acompanham no palco em músicas como o single "212", que a colocou entre os destaques do ano, "Neptune" que ela gravou em parceria com a rapper britânica Shystie e "Fuck Up The Fun", produzida por Diplo e com batida que respira Olodum.
Quem chegou mais cedo ao festival pôde acompanhar outra banda veterana pela primeira vez no Brasil. O Suede, liderado por Brett Anderson, abriu a noite fresca e sem chuva do festival por volta da 18h30, após uma mudança de horário causada pelo cancelamento da banda Kasabian.
Também foi possível presenciar uma dobradinha curiosa formada por vocais femininos. Do lado direito, no palco indie, a jovem produtora Little Boots, codinome de Victoria Christina Hesketh, apresentava seu indie rock mais eletrônico e dançante. Do lado esquerdo, no palco principal, a banda Best Coast e seu rock com jeitão de surf music garageiro era representado pela vocalista Bethany Constantino.
A três horas do encerramento do festival, por volta das 20h os ingressos da bilheteria do Planeta Terra já estavam esgotados, de acordo com informação da produção. Do lado de fora do festival, cambistas vendiam entradas por até R$ 30 no entorno do Jockey Club.
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