"Estamos indo para uma onda mais Radiohead, eletrônico", diz o vocalista d' O Teatro Mágico
Conhecidos pelas letras poéticas, pelos figurinos coloridos e pela crítica social, O Teatro Mágico promete apresentar um novo grupo para os fãs durante a gravação do terceiro DVD – “A Sociedade do Espetáculo” -, em São Paulo. “A gente está deixando um pouco aquela cara que a gente tinha de Dave Matthews Band,com música brasileira, e estamos indo para uma onda mais Radiohead, eletrônico, misturando com Clube da Esquina, Pat Metheny e Richard Bona. A gente está pirando, e a ideia é essa”, contou vocalista Fernando Anitelli em entrevista ao UOL.
“Estamos apagando aquele monte de cor que tinha no palco, deixando as coisas mais sóbrias. A maquiagem também terá essa adaptação. O cenário está mais opaco, com elementos em madeira. Os arranjos estão mais eletrônicos... O Teatro Mágico está caminhando para um novo universo”, complementou o músico sobre o amadurecimento da banda, que se apresenta dia 2 de novembro.
A trupe apresentará à plateia quatro novos hits, um deles já conhecido por alguns – “É Ela”. “Estamos ansiosos, assim como o público. Ainda mais por sabermos que já vendemos mais de quatro mil ingressos. Vamos apresentar canções dos primeiros álbuns e mais quatro músicas novas, para mostrar o novo rumo d’ O Teatro Mágico. Será um momento de consolidar o projeto em São Paulo com um público festivo e com gente que está vindo de outros estados para participar dessa gravação”, comemorou Anitelli, que fez suspense: “Estou aflito, com a barriga gelada. Quem aparecer no dia verá”.
Apesar da nova cara da banda, a temática das canções se prevalecerá e o idealizador do projeto acredita que os fãs receberão de braços abertos as mudanças. “As músicas falam sobre fatos do dia a dia, da vida, da coragem, do amor, do espírito. Esse DVD representa um pedaço da nossa história, do CD e do que ainda virá. A ideia é fotografar o som do momento”.
“Alguns vão gostar, outros vão gostar só mais tarde e outros não vão gostar mesmo. É assim e sempre será. Foi assim no primeiro álbum, no segundo e no terceiro. Isso é bom, pois nos instiga a nunca nos acomodarmos em sermos o fenômeno da internet, das vendas dos ingressos. Temos que estar constantemente incomodados com a nossa produção”, afirmou Fernando.
Conhecidos pela distribuição gratuita das músicas via internet, o grupo que já disponibilizou mais de 6 milhões de downloads oficiais na rede, e vendeu mais de 400 mil CDs, defende a arte independente e a aproximação entre fãs e cantores por meio das redes sociais.
“Com o avanço da tecnologia você tira o atravessador cultural. Você consegue ficar frente a frente com seu público, que são as pessoas que vão cuidar de você, que vão fazer fila para te ver, e é fundamental você saber quem são essas pessoas. Quando a gente fala de internet estamos falando de democracia na comunicação”.
Tendo produzido o álbum “A Sociedade do Espetáculo” com o incentivo da Lei Rouanet, Anitelli vê com bons olhos o andamento da cena cultural no Brasil e faz ressalva algumas posições políticas adotadas no último ano. “Tivemos grandes avanços da cultura com Juca [Ferreira] e Gil [Gilberto Gil], com debates sobre direitos autorais, música livre, os coletivos tiveram mais vozes. De repente teve um retrocesso, com a Ana de Hollanda freando tudo, com uma posição equivocada, com uma porção de projetos vazios e fracos. Enfim, não rolou. Em termos de país e ser humano, estamos produzindo coisas boas, jovens talentosos estão surgindo. O Brasil é um país musical. Sabemos que falta investimento, políticas públicas, e por isso, temos que nos unir”.
Homenagens
Tocado ainda com a morte do irmão mais velho, Rodrigo Anitelli, vítima de câncer, O Teatro Mágico não preparou nenhuma homenagem especial para ele, mas espera ser surpreendido pelos fãs.
“Hoje para entoar 'O Anjo Mais Velho' (canção produzida para Rodrigo) eu já me esforço muito. Fico com um choro preso na garganta, explodo na hora e desabo com o público. Tenho certeza que a plateia vai preparar alguma coisa e nem quero saber o que é, porque também quero me surpreender. Vou tentar me manter inteiro e cantar até o fim essa música”, diz Anitelli.
Próximos passos
Prestes a completarem nove anos de carreira, Anitelli acredita que a banda não pode se acomodar com o sucesso e precisa produzir materiais novos constantemente, para que consiga manter-se na estrada. “A grande sacada é sempre nos aprimorarmos, pesquisarmos, ouvir opiniões. Produzir coisa nova. Existem muitas expressões artísticas no grupo, O Teatro Mágico dá vazão para isso.”
Como parte do processo de evolução, um álbum novo será lançado no segundo semestre de 2013 e o DVD no primeiro. A trupe ainda deseja produzir um musical, um filme e se apresentar no exterior. “A gente quer ser a primeira banda de Osasco a se apresentar na lua”, brinca o vocalista.
O líder da banda acredita que sua carreira solo é um complemento para trazer inspiração e fôlego em novas composições do grupo. “Quando lancei o disco “As Claves da Gaveta” foi também uma necessidade muito pessoal de me afastar um pouco do universo do Teatro Mágico, do lúdico, do circo. E isso ajudou no meu fortalecimento como músico, para compor novas canções e até para me reciclar com ideias novas para trupe. São experiências que fortalecem. O Teatro é um carro chefe na minha vida, mas as experiências que tenho fora são de grande valia”.
Citando o poeta gaúcho Mário Quintana, um dos artistas presentes na obra da banda, Fernando Anitelli finaliza: “Não interessa do que o poeta esteja falando, ele sempre vai falar de amor. Do amor revolucionário, poético, da igualdade da mulher, sem ter que exaltar bunda, umbiguinho. A mensagem mais importante é a disposição à isso.”
O Teatro Mágico - Gravação de DVD
Quando: 2 de novembro
Onde: Credicard Hall - São Paulo - Av. Nações Unidas (Marginal Pinheiros) ao lado do Hotel Transamérica. Acesso à ponte Transamérica.
Horário: 22h
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