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"Thriller", de Michael Jackson, completa três décadas; veja outros discos trintões do mês

MICHAEL JACKSON - THRILLER - Reprodução
MICHAEL JACKSON - THRILLER Imagem: Reprodução

Carlos Minuano

Do UOL, em São Paulo

01/11/2012 05h00

Trinta, mas com corpinho de 20. Três décadas após seu lançamento em 30 de novembro de 1982, o álbum "Thriller" de Michael Jackson continua mais jovem do que nunca. Depois dele, a indústria da música nunca mais seria a mesma. Considerado uma pérola da cultura pop, é o disco mais vendido do planeta, com mais de 170 milhões de cópias. Certamente, também é o mais ouvido.

Infeliz e inconformado, apesar do desempenho de seu disco anterior ("Off The Wall", de 1979, que até então havia vendido 20 milhões de cópias em todo o mundo), Michael queria muito mais. E conseguiu. Logo após o lançamento, "Thriller" abocanhou o dobro: 40 milhões de discos comercializados, disparando nas listas dos mais vendidos.

“Vendia um milhão de cópias por semana durante a primeira metade de 1983”, escreveu o editor musical da publicação londrina "Time Out", John Lewis, no livro "1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer" (Editora Sextante). 

Misturando diferentes sonoridades, como soul, pop, rock, R&B, gritinhos hipercinéticos e um jeito todo único de dançar, em que usa mais os pés, Michael Jackson, com "Thriller", elevou-se a condição de maior pop star de todos os tempos. Virou mania. Por todos os cantos alguém o imitava.

Michael Jackson - "Thriller"

Em "Thriller", segundo Lewis, não há uma única nota fora do lugar. "É um pop refinado ao limite, durante meses, por magos do estúdio usando os melhores músicos e a melhor tecnologia". Um exemplo da superprodução dedicada ao álbum é a faixa "Beat It": um funk-rock envolvente, com solo de Eddie Van Halen, da banda Van Halen, montada a partir de 50 gravações.

Impossível também não citar "Billie Jean". Apesar da letra extremamente tosca, é um dos maiores sucessos do disco. O fato é que todas as faixas foram sucesso de público e de crítica. O disco impressionou até o virtuose do jazz Miles Davis, que regravou anos depois a balada "Human Nature".  

Para o bem e para o mal, no talento e nas bizarrices, os superlativos na vida e na obra de Michael Jackson, a partir de "Thriller", tornaram-se uma constante. O álbum levou nada mais nada menos que sete prêmios Grammy, em 1984, e teve a vendagem recorde destacada no "Guinness Book".

Poucos meses depois do lançamento do disco, a faixa-título foi o primeiro clipe de 14 minutos da história da música. Esnobe (e milionário) como nunca, Michael, com um orçamento de mais de meio milhão de dólares, chamou o diretor de Hollywood John Landis ("Um Lobisomem Americano em Londres"). O diretor ampliou em alguns decibéis o sucesso de "Thriller" com uma caricatura dos filmes de zumbi que pipocavam na época.

A MTV também virou de cabeça para baixo. Michael foi o primeiro negro a ter destaque no canal. “Para atender a demanda, ia ao ar duas vezes por hora”, contou a jornalista de música Gerry Kiernan, no recém-lançado "1001 Músicas Para Ouvir Antes de Morrer" (Editora Sextante).

Não deu outra, o clipe foi classificado pelo Guinness como o de maior sucesso de todos os tempos. “O casamento do tema pegajoso com efeitos kitsch era coroado com um rap do veterano dos filmes de horror Vincent Price”, acrescentou a jornalista.

Infelizmente, não muito depois, o artista entrou numa montanha-russa de problemas, com processos por acusação de abuso infantil e polêmicas devido às transformações na aparência, imbróglios que se estenderam até a morte polêmica e controversa, em 2009.  

Outros trintões da pesada do mês de novembro

  • Da esquerda para direita os álbuns: "Violent Femmes", "Plastic Surgery Disasters", "Gone Troppo", "Long After Dark", "Coda" e "Speak Of The Devil"

O trio cult norte-americano de Milwaulke, Violent Femmes lançou seu primeiro disco, "Violent Femmes", no mesmo mês e ano de "Thriller", mas as semelhanças com o mundo encantado de Michael Jackson acabam aí. A banda demorou (e muito) até vender um milhão de cópias e faturar um disco de ouro --oito anos, para ser exato.

Para piorar, por um longo período também não entrou dinheiro. Não podia ser diferente. O grupo tocava na rua quando foi contratado pelo selo Slash por simbólicos US$ 50. Mas os garotos do Violent Femme não estavam nem aí. Procuravam a verdadeira essência do rock, “a emoção em estado bruto”, afirmou o baterista Victor de Lorenzo, em 1983.  O resultado é uma mistura refinada de punk, folk e country.

Outro trintão da pesada do mês de novembro é "Plastic Surgery Disasters", da banda Dead Kennedys. Nesse disco curioso, o grupo experimenta um tempero inusitado, recheado com outros ritmos e sonoridades. Surf rock, guitarras psicodélicas e trilhas de filmes de faroeste são adicionados ao tradicional hardcore punk.

Para combinar, uma foto (de Michael Wells) pra lá de esquisita ilustra a capa: uma mão esquelética, de uma criança negra às mínguas em cima da mão de um homem.

Também faz aniversario esse mês o assombrado "Speak of the Devil", do célebre comedor de morcegos e galinhas, Ozzy Osbourne. O disco prometia canções inéditas, mas com a morte do guitarrista Randy Rhoads, Ozzy assumiu o instrumento e fez um "repeteco" do Black Sabbath, "em homenagem ao amigo que se foi", justificou.

"Coda", da banda inglesa Led Zeppelin, lançado em 19 de novembro de 1982, traz versões inéditas e sobras de estúdio que valem festa. Detonado pela crítica na época, "Gone Troppo", que o ex-beatle George Harrison lançou em 5 de novembro daquele ano, é hoje considerado por alguns o melhor disco do artista. Amigo de Harrison (com quem faria parcerias no futuro), Tom Petty também lançou naquele mês, no dia 2,  seu "Long After Dark", junto com os Hertbreakers.

A lista de aniversariantes não é pequena. Comum a todos eles, o sucesso, que só comprova que envelhecer pode não ser um mau negócio.