Com pirotecnia, sangue e heavy metal, Kiss agita público de 25 mil pessoas em São Paulo
Carlos Minuano
Do UOL, em São Paulo
18/11/2012 07h32
Aos 63 anos, o linguarudo mais famoso do mundo do rock, Gene Simmons, mostrou que está em plena forma. O segundo show do Kiss no Brasil, da turnê do novo disco “Monster”, aconteceu na noite deste sábado (17) no Anhembi, em São Paulo. Um Simmons endiabrado como nunca levou ao delírio um público de 25 mil pessoas, ao lado do parceiro das antigas, Paul Stanley (vocal e guitarra), e dos novos integrantes, Tommy Thayer (guitarra) e Eric singer (bateria).
Mais de três anos após a última passagem pelo país, a banda apresentou um espetáculo regado a muita maquiagem, fumaça, fogo, sangue, sobrevoos, pirotecnia, fogos ensurdecedores e, claro, o conhecido heavy metal infernal que os fãs adoram. Abriu a noite com a explosiva "Detroit Rock City", do antológico álbum "Destroyer" (1976), canção considerada um símbolo do grupo.
Logo depois o público, já em êxtase, urrava o nome da banda. Agradecido, Simmons, dento de sua tradicional fantasia de demônio, chacoalhou um bocado a cabeça e exibiu, sem reservas, aos quatros cantos, sua enorme língua. A temperatura subiu ainda mais quando o roqueiro Simmons passeou pelo palco empunhando uma espada em chamas. Aproveitando o clima, a banda emendou outro hit, "I Love it Loud".
No meio do show, o veterano Paul Stanley, foi erguido em uma plataforma, de onde gritou repetidas vezes, no melhor sotaque gringo: "San Paulooo!". E os fãs deliravam, entre um susto e outro, promovido pelos renitentes disparos dos muitos fogos, tão barulhentos quanto coloridos. Depois foi a vez de Gene Simmons. Pendurado por cordas, ele subiu acima dos holofotes superiores do palco e, lá do alto, exibiu outra vez a língua, desta vez babando sangue e cantando. “Que coisa horrível”, resmungou uma jovem que não desgrudava os olhos da cena bizarra. Para completar os marabalismos cênicos, ja quase no final, Paul Stanley outra vez roubou a cena, sobrevoando o público e elevando ainda mais os ânimos.
No final, sob palmas, gritos e outros sons, o grupo ameçou tocar "Starway to Heaven", do Led Zeppelin, mas logo parou. Nada de baladas. Para coroar a noite, o quarteto fantástico do heavy metal encerrou com o clássico "Rock and Roll All Nite". Após cerca de duas horas ininterruptas de som pesado, o show, que abriu sem atrasos, com uma enorme bandeira negra com o nome da banda estendida sobre o palco, terminou totalmente embranquecido por uma gigantesca chuva de papel picado que tomou o teto e o chão do Anhembi.
Por fim, mais uma vez o linguarudo Simmons subiu na plataforma para se despedir em grande estilo. Embaixo, no palco, Stanley simulava disparos de sua guitarra até que, de fato, arrebentou de vez o instrumento. Depois, uma última queima de fogos coloriu a noite durante quase dez minutos.
Público diverso
Ao longo da noite, o grupo tocou cinco faixas de "Monster", vigésimo disco de uma das carreiras mais longevas e prósperas da história do rock. Quase quatro décadas, mais de 100 milhões de álbuns vendidos e 24 discos de ouro. Mas o novo trabalho, por aqui, não agradou a todos. O argentino, Sebastian Carvete, 35, fã de carteirinha foi um que torceu o nariz. Ele contou que tem todos os discos da banda, em vinil, mas afirmou não gostar da fase atual, e de nenhuma faixa de "Monster". "Faz anos que o Kiss acabou", reclamou. Ainda assim, fez questão de conferir o show pertinho do palco.
Também ansiosas para ver bem de perto a banda preferida, a dupla de amigas Cinara Milesi, 33, e Keila Lima, 26, chegaram ao local do show com um dia de antecedência. Apesar do cansaço, as amigas comemoravam: "Dormimos mal, comemos pouco, estamos sem tomar banho e sem escovar os dentes, mas muito feliz".
Debruçadas sobre a grade próxima ao palco, mãe e filha abraçadas se diziam em estado de choque. Adriana Siqueira, 41, veio de Curitiba, com a filha Yasmim, 19. "Estivemos também na apresentação em Porto Alegre, mas esse foi muito melhor", afirmaram, satisfeitas. Neste domingo, 18, Kiss toca na HSBC Arena, no Rio de Janeiro.