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"Estranheza chama atenção", diz cantor que mistura samba com Led Zeppelin

Daniel (Sambô), Thiago Martins (Trio Ternura), Leco Cavallini (Oba Oba) e Marco (Bamboa) - Fotomontagem/Divulgação/UOL
Daniel (Sambô), Thiago Martins (Trio Ternura), Leco Cavallini (Oba Oba) e Marco (Bamboa) Imagem: Fotomontagem/Divulgação/UOL

Estefani Medeiros

Do UOL, em São Paulo

17/01/2013 05h00

Das rodas de samba para as maiores baladas das capitais, com pandeiros e cavaquinhos substituindo solos de guitarra e bateria, os grupos Sambô, Bamboa Samba Club, Oba Oba Samba House e Trio Ternura crescem no cenário musical com suas misturas de  samba e pagode com Led Zeppelin, Nirvana e Rolling Stones. 

Liderado por Daniel San, o Sambô é uma dos grupos responsáveis por levar o estilo ao mainstream, com a divulgação involuntária de um vídeo na internet onde tocavam "Rock And Roll", da banda Led Zeppelin. "No começo perguntavam como a gente poderia fazer isso com uma obra do Led Zeppelin. Ouço mais Led Zeppelin do que qualquer samba, também sou fã. Mas confesso que o fato de a gente ter tocado Led dessa forma causou uma certa estranheza e a estranheza chama a atenção", comenta o vocalista.

Outra cover famosa que causou estranheza do público foi a versão de "Sunday Bloody Sunday", letra da banda irlandesa U2 que comenta um domingo de massacre estudantil. "Quem não está acostumado a ouvir a letra tensa dela, gosta da batida. O fato de ser samba não quer dizer que estejamos alegrando a música. Os sambas do Cartola eram tristes. A gente queria mostrar como ela seria em um ritmo brasileiro".

Apesar das represálias dos fãs mais fervorosos do rock e da música eletrônica, os grupos atribuem o sucesso nos shows e o número de visualizações no Youtube à procura do público por entretenimento e não só por música. “O público não está mais preocupado se o sertanejo é sertanejo mesmo ou se é misturado com o pop. Os segmentos estão espaçados, o público está mais interessado em se divertir", diz Marco, do Bamboa Samba Club. 


Luciano, do Oba Oba Samba House, que mistura samba e música eletrônica, completa dizendo que apesar de a mistura ser perigosa, ela acaba "levando clássicos para um público mais jovem e que às vezes ainda não conhece as músicas".

Além da ideia de misturar o samba com outros ritmos, um ponto em comum entre os grupos é o passado relacionado ao pop rock. Boa parte dos integrantes tocavam covers de clássicos em barzinhos saturados de músicos para conseguir se sustentar na música. Marco afirma que a mudança de estilo alavancou sua carreira. “A gente saiu de um mercado de barzinhos para grandes eventos. Sempre me esforcei pra viver de música, mas não conseguia 100%."

Apesar do início nos bares, o lugar das bandas agora é nas baladas de classe média/alta das capitais, com ingressos custando até R$ 180. "Lembro que quando comecei a tocar o pessoal era muito preconceituoso, não achava legal. Quando oferecia samba em alguns barzinhos os donos ficavam com medo do público que poderiam atrair. Hoje todas as classes ouvem samba", comenta Luciano.

Daniel completa dizendo que o que importa é poder apresentar algo novo ao público. "O Sambô começou em um ambiente elitizado. A gente não tem uma tradição, ninguém veio do morro. Nós temos outras essências, nosso passado é de banda de rock, baile, salsa. Tocamos várias vezes na comunidade para pessoas de classes mais baixas e mais altas, e o bacana é poder levar outro tipo de música." 

Conheça mais sobre os grupos na lista abaixo: 

SAMBÔ

Desde: 2005
Formação: Daniel San (foto) (vocal e percussão), Sudu Lisi (bateria), Ricardo Gama (teclados), Júlio Fejuca (cavaquinho, guitarra), Max Leandro (Surdo) e Zé da Paz e Rebolo (pandeiro).  
Primeira cover de sucesso: "Rock and Roll", do Led Zeppelin, "Satisfaction", do Rolling Stones, "Smells Like a Teen Spirit", do Nirvana
Shows por mês: 30 
Como se define: "A gente costuma dizer que é uma banda de rock samba, diferente de samba rock. Essa é a nossa essência”
 

TRIO TERNURA


Desde: 2009
Formação: Thiago Martins (vocal), Jhama (voz e guitarra) e Dhum Neves (percussão). 
Cover de sucesso: "Não Precisa Mudar", da Ivete Sangalo, "Assim Caminha a Humanidade", do Lulu Santos
Shows por mês: 25 
Como se define: mistura de samba, soul e pop
 

OBA OBA SAMBA HOUSE

Desde: 2010
Formação: Luciano Tiso (violão e vocal), Fernando Diniz (baixo), Cléber (Percussão e DJ) e Leco (cavaquinho e vocal)
Primeira cover de sucesso: "Other Side", do Red Hot Chili Peppers, "Use Somebody", do Kings of Leon, "Times Like These", do Foo Fighters, "I've Got A Feeling", do David Guetta
Shows por mês: 18 a 20
Como se define: "Nós misturamos o samba com a música eletrônica, sem preconceito. Música pra quem gosta de sair pra balada" 
 

BAMBOA SAMBA CLUB

Desde: 2012
Formação: Marco (vocal), Sávio (cavaco), Markim (cavaco), Lobão (guitarra), Giovani (teclado), Borim (bateria), Silvinho (percussão), Lucas (baixo)
Primeira cover de sucesso: "In The End", do Linkin Park, "Wonderwall", do Oasis, "I Want To Break Free", do Queen
Shows por mês: 10 a 12 
Como se define: "Mais que um grupo de samba, o Bamboa é um grupo eclético, de entretenimento"