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Rita Lee critica gestões e brinca com Haddad no aniversário de SP

25.jan.2013 - Rita Lee se apresenta no Vale do Anhamgabaú, durante evento que comemora os 459 anos da cidade de São Paulo - Francisco Cepeda/AgNews
25.jan.2013 - Rita Lee se apresenta no Vale do Anhamgabaú, durante evento que comemora os 459 anos da cidade de São Paulo Imagem: Francisco Cepeda/AgNews

Tiago Dias

Do UOL, em São Paulo

26/01/2013 01h28

Uma das paulistanas mais roqueiras e ilustres, Rita Lee se “comportou” durante o encerramento do show de aniversário de São Paulo, na noite de sexta (25), e nem de longe lembrou a cantora que já abaixou a calça no palco e foi detida após uma apresentação. Mesmo fazendo declarações de amor à cidade, a cantora, porém, não deixou de criticar a capital que, segundo ela, está “suja e abandonada”.

"Eu acho que São Paulo é a ovelha negra do Brasil. Quando eu era pequena, vinha muito para esses lados (Centro). Hoje a cidade está abandonada, suja, violenta. Entra governo, sai governo", disse antes de cantar um de seus maiores sucessos, "Ovelha Negra", com o coro do público. "Já fiz tanto por São Paulo. Já ameacei até me mudar. Mas São Paulo não para. É isso que é do c******, não paramos. Na boa, se não fosse São Paulo, o Brasil seria menos. Daqui não saio, daqui ninguém me tira", completou.

De terno preto e uma roupa branca que lembrava os babados da época vitoriana, Rita aproveitou e fez um pedido ao novo prefeito Fernando Haddad: “Ei, Haddad, cuide bem da nossa cidade!”. Mesmo com algumas vaias do público ao citar o nome do petista, a roqueira foi além: “Aliás, é um prefeito jovem, bonito, gostosinho até. Eu posso falar isso porque eu tenho 67 anos. Ele faz aniversário também, então, parabéns aos dois”, disse antes de tocar e desejar “Saúde” à cidade.

Com pouco mais de 1 hora de atraso, Rita deixou de lado a aposentadoria, anunciada há 1 ano, e subiu ao palco com a bandeira da cidade. Na mesma hora, uma chuva fina, tipicamente paulistana, caía. Nada que desanimasse as 35 mil pessoas (segundo a Polícia Militar) que estavam no Vale do Anhangabaú para assistir aos shows de Zélia Duncan, Criolo, Emicida, Edgard Scandurra e Arnaldo Antunes.

Revisitando os quase 50 anos de carreira – ela foi de Mutantes, com “Ando Meio Desligado”, até “Reza”, sucesso da novela “Avenida Brasil” –, Rita uivou em “Doce Vampiro”, passou o pedestal por entre as pernas antes de cantar “Lança Perfume” e brincou com a fama que adquiriu após ser detida por ter xingado policias e incentivar o uso da maconha durante show em Aracaju (SE), no começo do ano passado. “Até agora eu não fiz nada, estou comportadinha. Senão não me pagam o cachê. Por favor, deem o testemunho para a Polícia, estou uma santa”, ironizou.

Embora continue se sentindo à vontade no palco – no bis, ela apareceu com um boneco de cobra naja na cabeça para cantar “Erva Venenosa” –, Rita não fez menção nenhuma à aposentadoria.  Fã da cantora, Emerson Delgado, 40, mantém a fé e até levou a afilhada Nicole, 3, para assistir a “mais um último” show da roqueira. “Esse é o último, mas ano que vem ela vai e faz mais um último”, brincou.

Emerson afirma ter assistido mais de 20 shows da cantora, mas vibrou com a notícia da apresentação para encerrar os festejos dos 459 anos da cidade. “Ela anunciou que ia parar, e eu entendi, mas eu falei: vou sentir falta. Eu tenho certeza que ela vai sentir falta também do calor desse público. Não dá para passar o aniversário de São Paulo sem ela”. Em seu colo, Nicole aplaudia com os olhos vidrados no palco.