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Shows do Lollapalooza têm tradutora para surdos pela 1ª vez

Natália Guaratto

Do UOL, em São Paulo

29/03/2013 16h02

A tradutora Cyntia Santos, de 30 anos, roubou a cena durante o show do Agridoce na tarde desta sexta-feira (29).

Vai ao Lollapalooza?

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A cantora Pitty interrompeu a apresentação e pediu aplausos para intérprete, que estava posicionada em um pequeno palco. "Diga a eles [os deficientes auditivos] que estou muito feliz que eles estejam aqui", disse a cantora baiana.

Apesar do reconhecimento de Pitty, Cyntia disse ao UOL, ao término do show, que não acreditava que houvesse algum deficiente auditivo na plateia. "Normalmente quando tem algum, eles interagem", disse. A tradutora afirmou que esta é a primeira vez que um festival grande no Brasil contrata os serviços de uma tradutora da linguagem dos sinais. "A ideia é fazer esse piloto em alguns shows para que, no ano que vem, seja implantando em todas as apresentações".

Cynthia contou que é comum pessoas que não ouvem irem a shows. "Tem gente que gosta de ir por causa das batidas e pelo clima também. Esse trabalho que estou fazendo serve justamente para divulgar que existe a possibilidade dos deficientes irem a um evento e conseguirem entender a letra das músicas".

A intérprete afirmou que a maior dificuldade do trabalho é "fazer duas traduções", já que a maioria dos shows do Lollapalooza são internacionais. "Eu tenho que traduzir para o português e para a linguagem dos sinais", explicou. Outra incumbência de Cyntia é que ela precisa decorar as letras antes das apresentações.

Posicionada em um lugar de dar inveja, já que fica bem próxima aos músicos, Cynthia disse que não consegue sequer falar ou tirar foto com os artistas. "É proibido e também eu sou uma facilitadora, o fio do telefone, meu foco é o trabalho", afirmou. Apesar da seriedade, Cyntia disse que é fã de várias bandas que estão na programação do festival e que está ansiosa pelo show do The Killers, última banda a se apresentar nesta sexta.

Por outro lado, a estrutura para receber deficientes físicos apresentou falhas e gerou reclamações. O público com problemas de mobilidade apontou problemas como a lama, que dificulta a locomoção das cadeiras de rodas, falta de bancos para acompanhantes nas plataformas reservadas e localização ruim desses espaços, muito distantes do palco.