Da prisão, médico de Michael Jackson diz ser "bode expiatório" e canta em entrevista
Condenado a 4 anos de prisão pela morte do cantor Michael Jackson, o médico Conrad Murray cantou uma música durante entrevista à CNN americana na terça-feira (2), no dia em que começava um novo julgamento sobre o caso. “Conta minha história”, disse.
Por telefone, direto da prisão, Murray conversou com o jornalista Anderson Cooper e evitou falar do processo movido por familiares de Michael contra a produtora AEG Live, responsável pela organização dos shows que o cantor.
A mãe de Michael, Katherine, e os filhos do cantor alegam que a AEG teria atuado de forma negligente com o artista, por fazê-lo trabalhar sem ter condições físicas, e por contratar Conrad, de forma negligente. A produtora, por sua vez, afirmou que o médico era uma contratação pessoal do próprio Michael.
Murray afirmou ser bode expiatório na história e avalia que estava “no lugar errado, na hora errada” na noite que Michael morreu, mas se negou a responder quem teria realmente lhe contratado. Questionado por Cooper se pelo menos ele sabia a resposta, Conrad foi direto: “Absolutamente”.
“Eu não tinha brinquedos”
Murray cantarolou versos da canção "Little Boy That Santa Claus Forgot", conhecida pela voz de Nat King Cole e pela versão de Pink Floyd no filme "The Wall".
"Ele é o menino que Papai Noel esqueceu / E Deus sabe que ele não queria muito / Ele escreveu para Papi Noel e por alguns soldados / E um tambor / Isso quebrou seu pequeno coração, quando ele descobriu que o Papai Noel não vinha", cantarolou Murray.
"Eu não tinha Natal, eu não tinha brinquedos, não tinha nada", disse o médico. "Meu coração diz para ajudar. E tudo que eu faço é para dar", disse.
Murray voltou a dizer que é inocente e chamou a ausência do cantor – do qual afirmou ter sido muito próximo – de "esmagadora". "Estou extremamente triste que Michael faleceu. É uma perda enorme para mim. É um fardo que eu tenho carregado por mais tempo. É um peso que vou carregar por um período indefinido de tempo", disse.
O médico ainda disse gostar muito dos filhos de Michael. “Eles são meus filhos. Eu amo essas crianças. Me preocupo com eles", disse.
Michael Jackson morreu na manhã de 25 de junho de 2009, depois de uma noite longa e insone em que Murray usou sedativos e propofol. "Minha abordagem inteira não pode ter sido uma abordagem ortodoxa, mas minhas intenções eram boas", disse o médico.
Ele voltou a comentar que ele aplicou o medicamento, mas que Michael tinha o próprio estoque de propofol em casa e que embora tenha persuadido Michael para parar de usar o o medicamento, ele “não era o tipo de pessoa que você pode simplesmente dizer 'largue isso’. Murray, porém, disse que o problema maior foi outro medicamento, o Demerol, que Michael vinha tomando sem seu conhecimento.
“Eu não fiz nada de errado e tudo o que eu tentei fazer foi ajudar um amigo que eu encontrei em um estado devastado”, afirmou.
Novo processo
Sobre o julgamento que começou na terça-feira, Conrad Murray criticou a família. "Se eu testemunhar, eu vou testemunhar muito honestamente", disse ele. "É uma coisa triste quando eu olho para o que está acontecendo na televisão, porque Michael estaria absolutamente perturbado, ele estaria tão infeliz com o que está acontecendo. Michael me disse: 'Eu não quero mais ser um banco para a minha família’"."
O médico ainda comentrou sobre os dias na prisão e descreveu a cela onde vive. "É um pequeno espaço onde não há penetração de luz solar, mas posso dizer que há espaço para melhorar em tudo. Certamente não como estar na areia ou estar em Bora Bora”, afirmou.
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