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Vocalista do Biquíni Cavadão renega luto em novo álbum: "Não me vejo fazendo um 'Tears In Heaven'"

Tiago Dias

Do UOL, em São Paulo

18/04/2013 17h25

Após seis anos sem um disco de inéditas, o Biquíni Cavadão lança “Roda-Gigante”, primeiro trabalho após um período doloroso na vida do vocalista Bruno Gouveia, que perdeu o filho Gabriel, 2, e a ex-mulher em um acidente de helicóptero em 2011. Para quem esperava um clima soturno e reflexivo sobre perda, Bruno avisa: “Eu não me vejo fazendo um ‘Tears In Heaven’”, ele diz, referindo-se à música de Eric Clapton.

Fato: “Roda-Gigante” surpreende com o clima festivo em um balaio de diferentes sonoridades, sem espaço para o luto, como na música que Clapton compôs em 1991 em homenagem ao filho, que morreu aos quatro anos. “Foi o momento mais difícil da minha vida, mas não mudou essa certeza de que a música é meu caminho para seguir adiante”, disse Bruno ao UOL.

Não há, inclusive, letras dedicas ao filho, como podem sugerir algumas canções. “Já vi comentários de que há músicas que poderiam ser sobre meu filho, mas elas já estavam compostas antes do acidente. Até porque eu acho o show do Biquíni bem pra cima. Precisamos manter isso”.

O alto astral é reforçado com as participações de Lucas Silveira, da Fresno (que assina e canta com Bruno na pesada “Acordar Pra Sempre Com Você”), e de Rogério Flausino, vocalista do Jota Quest, que canta a versão eletrônica de “Agora é Moda”, de Rita Lee, regravada inicialmente para o remake da novela “Ti Ti Ti”, da Globo.

“Quando estávamos trabalhando na regravação dela, logo falamos: ‘Tem que ter o Flausino’. Já com Lucas, nos encontramos em um festival em 2008. Aproveitamos e fizemos uma brincadeira. Ele cantou ‘Zé Ninguém’ com a gente no nosso show e depois participei do show da Fresno para cantar ‘Uma Música’, uma canção da Fresno que eu gosto muito. O Lucas se revelou um grande fã de ‘Vento Ventania’”, contou Bruno.

Outros ritmos
As colaborações também ajudaram na abertura a outros ritmos. O álbum vai do folk de “Sem Rotina” ao dance frenético de “Agora é Moda”, passando por “Amanhã é Outro Dia”, cujos primeiros acordes lembram alguma banda de rock indie. Seria Arctic Monkeys?

“O [guitarrista e produtor do disco, Carlos] Coelho está em uma fase muito The Kooks. E o Arctic Monkeys é uma referência de uma coisa boa que está acontecendo. Agora, não é uma coisa de sentar e falar 'vamos fazer igual'. Mas nem eu nem ninguém está fazendo nada original. Até ‘In My Life’, dos Beatles, tem um piano meio Bach”, comparou.

O disco começou a ser produzido em 2011 e sofreu com algumas paradas durante o processo, do acidente a questões mercadológicas. “Está saindo só agora pelas mudanças no mercado fonográfico. Fora que não queríamos soltar esse disco sem ter certezas. Mudamos de escritório, de empresário, de gravadora. Temos tido mais paciência quanto a isso”.

Lançado em CD pela Warner, “Roda-Gigante” também ganha versão em pen drive, recheado de vídeos, making of e uma coletânea de sucessos. Inicialmente, o pen drive será vendido apenas nos shows, que aos poucos ganhará mais músicas do novo disco.

“Somos contrários a tocar o ‘Roda-Gigante’ inteiro ao vivo, até pelo nosso público heterogêneo --temos fãs dos anos 80, dos anos 90, tem gente que está conhecendo a gente agora. Mas conforme as pessoas começarem a cantar mais ainda as novas músicas, a gente vai incluindo nas apresentações”, promete.

Veja abaixo o clipe do primeiro single de "Roda-Gigante", "Entre Beijos e Mais"