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Pet Shop Boys dizem que seu show é "filme ao vivo" e esperam que público traga energia do futebol

13.mai.2013 - Neil Tennant canta enquanto Chris Lowe remixa as faixas "One More Chance/Face Like That" em show da turnê "Electric" em Santiago, no Chile - Divulgação
13.mai.2013 - Neil Tennant canta enquanto Chris Lowe remixa as faixas "One More Chance/Face Like That" em show da turnê "Electric" em Santiago, no Chile Imagem: Divulgação

James Cimino

Do UOL, em São Paulo

22/05/2013 00h01

A dupla inglesa Neil Tennant e Chris Lowe, os Pet Shop Boys, está no Brasil para um show de sua nova turnê “Electric”, que acontecerá nesta quarta (22) no Credicard Hall, em São Paulo. Eles falaram com o UOL por telefone nesta terça e contaram um pouco de tudo o que vai rolar durante o show dançante que já passou pelo Chile, Argentina e Paraguai.

Durante a conversa, falaram da parceria com o produtor musical Stuart Price (responsável por sucessos como os álbuns “Confessions on a Dance Floor” de Madonna e “Day and Age” do The Killers), de como escolhem o repertório do show, que eles classificam como “um filme ao vivo”, e disseram esperar que a apresentação em São Paulo tenha a mesma energia de uma partida de futebol. Leia:

Como vocês decidiram trabalhar juntos e o que você acha que o Stuart Price trouxe para os Pet Shop Boys, musicalmente falando?

Neil Tennant – Ele nos disse em nossa última turnê que era nosso fã desde adolescente e que, mais tarde, sempre pensou como seria fazer músicas para os Pet Shop Boys. Ele é bom produtor e é melhor ainda para esse tipo de música que estamos fazendo agora, essas canções dance, mais incomuns e experimentais. Ele fez um trabalho fantástico. Os sons estão mais experimentais, mas ao mesmo tempo ele nos ajudou a fazer um álbum dance brilhante.

Saiba tudo o que vai acontecer no show dos Pet Shop Boys

Por que vocês decidiram sair em turnê antes de lançar o disco “Electric”?

Neil Tennant – O caso é que temos dois álbuns novos. O “Elysium”, de setembro do ano passado, e o “Electric”, de julho deste ano. E a turnê está no meio dos dois. Estamos promovendo canções do disco anterior, mas também gostamos da ideia de lançar as canções do disco novo no meio da turnê. Então a coisa está muito fresca, porque o álbum e a turnê foram concebidos ao mesmo tempo. É isso que aconteceu.

Vocês devem saber que no Brasil muita gente ama seus hits dos anos 1980 e do começo dos anos 1990. No show de Santiago, vimos que há alguns hits que não estão no set list e outros que estão em versões bem atuais, como “It´s a Sin”. Como você balanceiam os hits e as músicas novas na hora de fechar o set list do show?

Neil Tennant – Em geral ouvimos nossos álbuns todos e fazemos uma lista. Em geral tentamos tocar músicas antigas que nunca tocamos antes, como nesse show, em que a gente toca “I´m not Scared”, que é do disco “Introspective” de 1988 e que nunca tocamos antes. Tocamos “Rent”, que não tocávamos fazia muito tempo. Mas basicamente escolhemos músicas que se encaixassem na atmosfera eletrônica deste show. Também escolhemos músicas de que gostamos e, claro, músicas que são muito famosas como “Always on my Mind” e “West End Girls”. Claro, queremos fazer um show que alegre as pessoas, mas que também mostre todas as fases dos Pet Shop Boys.

Você podia falar um pouquinho da concepção do palco, os figurinos, as performances etc? No show de Santiago deu a impressão de se assistir a um videoclipe ao vivo...

Neil Tennant – Sempre tentamos fazer shows multimídia e teatrais. Dessa vez queríamos que a apresentação parecesse bem elétrica, com muita energia. Estamos usando lasers pela primeira vez. Os bailarinos, estamos usando-os de uma maneira bem específica, diferentemente do que se usa em shows de pop. Eles usam essas máscaras monstruosas na cabeça, mas dançam de uma maneira bem específica. O show tem quatro partes. E cada parte é uma cena diferente. Como você mesmo disse, é um pouco como um filme ao vivo. É uma forma diferente de se apresentar um show.

O show muda conforme vocês mudam de cidade ou é sempre a mesma performance?

Neil Tennant – Bom, já fizemos isso em Santiago, quando colocamos essa música “Love is Burgeois Construct”, que achamos que não iria funcionar ao vivo, mas funcionou, no lugar de “Go West”...

Sério? Alguns fãs de Santiago estavam indignados porque vocês não tocaram essa música...

Neil Tennant – Imagino... Essa é uma música que vai muito bem ao vivo... Posso passar você para o Chris?

Claro! Olá Chris! No show de Santiago deu pra perceber que você, além da mixagem das músicas, também participa mais ativamente das performances...

Chris Lowe – Isso de trocar de roupa eu faço desde o começo da carreira. E mantém o show interessante. E, sim, dessa vez eu estou mais envolvido nas performances que o normal. E é legal ficar deitado naquela cama [durante a performance de “Love Etc”]. É importante dizer que somos dirigidos. Então, nessa hora, eu viro a cabeça pra esquerda e pra direita porque foi ensaiado. Não é espontâneo. Nada nesse show é espontâneo.

Vocês vão tocar para uma plateia brasileira e uma vez vocês chegaram a compor uma música com um título em português, “Se a Vida É...”. Há possibilidade de vocês incluírem essa canção no set list brasileiro?

Chris Lowe – Não, não. Ela não está no show, infelizmente.

Muitos fãs brasileiros inclusive perguntam o que vocês quiseram dizer com “Se a Vida É...”. Não é uma expressão que se use em português...

Chris Lowe – Não faz sentido pra vocês? Vou perguntar pro Neil... O que quer dizer, Neil? “If life is?” Ainda não faz sentido? É muito enigmático, em qualquer língua... (risos)

Que tipo de reação vocês esperam da plateia brasileira, já que em Santiago os chilenos pareciam muito contidos durante o show?

Chris Lowe – Bom, as plateias latinas são muito dançantes e gostam de cantar junto. Na Argentina, por exemplo, eles cantaram a plenos pulmões “Always on my Mind”. Esperamos que a plateia paulistana seja tão energética, especialmente porque esse show é muito dançante. Eu gosto quando a atmosfera do show lembra uma partida de futebol.

No dia em que vocês estavam tocando no Chile, o disco novo do Daft Punk foi lançado. Há muita gente que vê certa semelhança entre vocês e eles. O que você acha dessa comparação?

Chris Lowe – O que eles fazem não é o que estamos fazendo no momento. Quanto ao jeito que fazemos música, você pensa em uso de tecnologia coletiva, uso de computadores, manipulação de sons. Já ao Daft Punk parece usar técnicas de gravação mais antigas, músicos de verdade. Nós nunca nos encontramos, na verdade. Mas eu acho que nós temos “approachs” totalmente diferente no que diz respeito à música eletrônica.

Veja a abertura da turnê "Electric" dos Pet Shop Boys