Com câmera analógica, Marcelo Camelo mostra intimidade no filme "Dama da Noite"
O clima quente e acolhedor do Rio de Janeiro amoleceu ainda mais o coração do carioca Marcelo Camelo. Seduzido pela vida boêmia na cidade, o ex-Los Hermanos lança o álbum "Mormaço" com DVD do show gravado em setembro de 2012 no Theatro São Pedro, em Porto Alegre.
Tão intimista como o banquinho e violão da apresentação são os momentos gravados no filme "A Dama da Noite", que Camelo criou em parceria com o cineasta norte-americano Jack Coleman, e que mostra o cantor, a mulher (a cantora Mallu Magalhães) e amigos em cenas cotidianas e domésticas.
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Conhecido por ser um cantor reservado, principalmente no que diz respeito a seu relacionamento, Camelo abre as portas da sua vida para o público mostrando nas filmagens de Coleman o que os seus olhos veem todo dia.
"A minha arte é fruto dos meus sentidos, e os meus sentidos estão ligados às coisas que estão à minha volta. Prefiro acreditar que os filmes e as músicas não têm relação com esse consumo predatório de intimidade e que estabelecem outro ponto de contato", disse Camelo ao UOL.
Fotografia e arte
"Mormaço" é sucessor de "Toque Dela", lançado em 2011, e mantém o ambiente desacelerado da carreira solo do artista. Desta vez em versão acústica, misturada a marchinhas, sambas de Cartola, choro, bossa nova e MPB, Camelo canta sobre o amor e diferentes aspectos da vida. A ideia de unir o som com as imagens surgiu com a experiência do cantor com fotografia analógica.
"Eu venho me aproximando, por vontade de expressão, da fotografia e dos filmes em película e já tenho uma Bolex há um tempo, que é uma câmera de 16mm. Tenho uns trabalhos com fotografia e com scanner e pastel seco, e também um trabalho com filmagem, todos um pouco para passar o tempo, acho que para ter um contraponto da criação musical", explicou.
Sobre a escolha de Coleman, que já trabalhou em produções hollywoodianas como "Spawn - Soldado do Inferno" (1997) e as séries "CSI Miami" e "Heroes", Camelo disse que ele é "um cineasta experiente e muito sensível". "Acho que foi uma escolha que apontava para a direção que eu queria do filme. O jeito de filmar e de editar... acho que tem mesmo um pouco essa vontade de ser um olhar mais ao lado da minha música, mais 'com ela' do que 'sobre ela'."
Mallu canta "Sambinha Bom" com Marcelo no show do Theatro São Pedro
Camelo, voz e violão
Por causa de artistas já consagrados da música brasileira como João Gilberto e Chico Buarque, o formato voz e violão ganhou um status cult, no qual Camelo não se enxerga, apesar de ter escolhido o instrumento como base para o show. "Por causa de gente que já fez isso de um jeito não tão elegante, o formato carrega um signo negativo em igual proporção. Eu acho arriscado e difícil por causa das duas circunstâncias e isso me dá uma força a mais para tentar. Ao mesmo tempo, ter feito, me afasta um pouco desse universo."
No DVD, ele conta que o álbum também mudou o seu jeito de fazer música. "No começo, eu era literal, tentava fazer umas letras mais inteligentes, para impressionar as pessoas. Tentava conquistar a pessoa mais pelo cérebro, pela compreensão", comenta o artista em um trecho do vídeo, onde diz que a escolha da guitarra era mais por causa da banda, mas que seu instrumento mais íntimo sempre foi o violão.
Pausa na carreira e "despedida" do Rio
Tanto o nome do álbum quanto do disco são homenagens ao Rio de Janeiro, assim como as músicas e o seu tom. "Eu cresci em Jacarepaguá. Lá é muito quente e abafado, porque é um vale no subúrbio do Rio, tem montanhas em volta, tem esse calor sem sol. Acho que meu jeito de ser tem a ver com isso, e também em consequência o jeito de tocar. A dama-da-noite é uma planta que tem o cheiro mais forte e gostoso do mundo. É um perfume inesquecível. Tinha muito também lá na minha rua. Acho que ambos amolecem o espírito, são de ataque lateral, da sedução, como acho que minha música pode ser às vezes", teorizou Camelo.
Com o lançamento do álbum e do DVD, Camelo dará um tempo na carreira. Questionado se a pausa é para renovar as referências num próximo trabalho, Marcelo confirma. "Eu queria poder sair um pouco, ir para outras cidades, conhecer outras cores. Escrever sob outra latitude. Isso muda bastante meu olhar sobre o mundo e meus sentidos. Mais do que eu podia supor. Estou agora realizado e pronto pra dar o próximo passo. Só esperando para ver a direção que vai soprar."
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