Não é segredo para ninguém que José Domingos de Morais, o Dominguinhos, tinha como missão na terra ser o sucessor musical de Luiz Gonzaga, o rei do baião. Assim como não há dúvidas de que ele conseguiu esse feito com louvor. O que talvez nem mesmo Luiz Gonzaga imaginava é que seu "apadrinhado" viraria um dos maiores músicos do planeta e que romperia a barreira dos segmentos rítmicos se aventurando entre o jazz, o chorinho e a MPB com maestria.
Dominguinhos tocou com os maiores nomes da música brasileira e mundial dedilhando sua Giulietti nos principais eventos internacionais e ainda sim, nunca esqueceu de levar em sua bagagem o som das suas origens, o forró pé de serra fincando em uma nova geração a bandeira cultural de um povo.
Mas não é só pelas músicas que o Mestre Dominguinhos deixará saudade. Quem teve a oportunidade de conhecê-lo, e até mesmo quem pôde acompanhar as cada vez mais raras aparições dele na televisão, se encantava com a sua simplicidade e o seu carisma mesmo sendo dotado de tanto talento. Ele nunca deixava alguém na mão, sempre atendia as pessoas com o mesmo sorriso de bocas abertas e não perdia as oportunidades de mandar suas frases curtas e muito bem colocadas, que arrancavam gargalhadas de quem estivesse ouvindo.
Quando chegava a algum lugar, já se formava uma roda de cadeiras á sua volta, para ouvi-lo falar e tocar. Tocar... Ah! Como ele tocava! Era daqueles que atendiam a pedidos e adoravam um desafio. Era só chegar e perguntar: "Oh, Mestre, lembra daquela?" E ele já saía tocando...
Músicas memoráveis como "
Eu Só Quero um Xodó",
"Tenho Sede",
"De Volta Pro Meu Aconchego" e "Retrato Redondinho" fizeram de sua passagem na terra um pedacinho da história de cada brasileiro imortalizado nas vozes de Elba Ramalho, Gilberto Gil e dele mesmo, já que possuía também o dom de cantar (e muito bem, por sinal) suas composições.
Assim, o mundo perde um excepcional músico e também um ser humano digno e merecedor de tudo aquilo que conquistou.
Me perguntaram se existiria algum novo Dominguinhos... A resposta é não. Poderá haver outros sanfoneiros que toquem tão bem ou até quem sabe melhor que ele, mas ele era um artista completo e fincou sua imagem no mais alto pilar da música brasileira. Vira agora um mito, um símbolo cultural. E, para quem pensava que ele seria apenas um bom discípulo de Luiz Gonzaga, ele fez e foi muito mais do que isso. Dominguinhos é a nossa história!
*Tato canta e toca violão no Falamansa, uma das principais bandas de forró do país. Influenciada por Luiz Gonzaga e Dominguinhos, a banda costuma tocar músicas dos sanfoneiros em seus shows. No DVD "MTV ao Vivo" (2005), teve a participação do pernambucano em "Sete Meninas/Forró do Bole Bole". Também gravou com o músico "Nem Se Despediu de Mim" no tributo aos 100 anos de Luiz Gonzaga.
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