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"Punk rock tem que ser um pouco amedrontador", diz guitarrista do Offspring

Noodles durante apresentação do Offspring - Jo Hale/Getty Images
Noodles durante apresentação do Offspring Imagem: Jo Hale/Getty Images

Gabriel Mestieri

Do UOL, em São Paulo

03/09/2013 05h00

Com a quinta passagem pelo Brasil marcada para o final de semana de 14 e 15 de setembro, quando se apresentará com o Offspring no palco Sunset do Rock in Rio, no sábado (14), e no Credicard Hall, em São Paulo, no domingo (15), o guitarrista Noodles diz esperar que os shows sejam “quase assustadores”. “Sabemos que quando vamos tocar para uma plateia brasileira a coisa foge um pouco do controle. Vai ser completamente louco, quase assustador. E isso é legal, isso é como o punk rock deveria ser: excitante e um pouco amedrontador”, afirma.

Em entrevista ao UOL por telefone, Noodles afirma que a apresentação num Rock in Rio que acontece na cidade do Rio vai ser a primeira em que participam do festival da “maneira certa”. “Os Rock in Rio que nós fizemos na Europa foram ótimos, mas não é a mesma coisa. Esse vai ser no Brasil, vai ser ótimo”, diz o guitarrista, que tocou com o Offspring na filial de Lisboa do festival, em 2008 e 2012.

 

Questionado se, mesmo após quase 30 anos de carreira, a banda ainda consegue se empolgar com shows em grandes festivais, o guitarrista, que completou 50 anos em 2013, diz que sim. “Festivais são divertidos, há muita energia, muitas pessoas. Adoramos os shows pequenos também, mas festivais passam como o piscar de um olho, é tanta energia que é quase incontrolável. E ainda há outras bandas tocando, você pode conferir bandas que não veria normalmente, o que é bom e diferente”, diz.

De acordo com o guitarrista, a banda fará sets que vão misturar hits e um pouco do material “que não se ouve nas rádios, um pouco mais rápido e agressivo”. “Vamos até o ‘Smash’ [álbum de 1994] e vamos olhar para todos os álbuns e tentar fazer uma boa seleção. Mudamos o set de país para país, então vamos olhar o que deu certo no Brasil no passado e o que nós pensamos que dará certo do novo disco e misturar, tentar um set que flua e tenha momentos divertidos ao longo de toda sua extensão”, disse.

  • Kevin Winter/Getty Images

    Noodles, à direita do vocalista Dexter Holland, durante apresentação do Offspring

Perguntado se o público deve esperar uma nova performance de destruição de bonecos de um artista teen, como aconteceu em 1999 com o Backstreet Boys, com alguém como Justin Bieber, Noodles diz que não. “Justin Bieber seria muito fácil, ele é um alvo muito fácil. Pelo menos com os Backstreet Boys eram cinco contra quatro”, diz.

E que tal o 'N Sync, que também tem cinco membros e acabou de se reunir para uma apresentação no VMA? “Sabe, aquilo foi uma piada, mesmo naquela época. Não somos muito fãs desse tipo de música pop pré-fabricada, mas há várias pessoas que amam esse tipo de coisa”, diz. “Eu acho que tem espaço suficiente na música para todos os diferentes tipos de bandas, então nós rimos desse tipo de coisa atualmente, mas bom para eles. Eles devem estar com uns 35 anos agora, os fãs deles que tinham entre 12 e 15 [quando surgiram] devem estar com uns 30, certo? Parece um bom show para você ir se estiver procurando alguns homens solteiros de 30 anos”, brinca o guitarrista.

Sobre a época em que começaram a tocar, no final da década de 80, Noodles diz que o Offspring foi um dos grupos responsáveis por trazer de volta a melodia ao punk. “Havia mais bandas de hardcore, um monte de straight-edges e apenas música muito agressiva, mas não com muita melodia. As primeiras bandas punks também escreviam canções, e eu acho que nós e bandas como Pennywise, NOFX e Rancid trouxeram isso de volta”, afirma.

Já sobre as mudanças ocorridas desde aquela época até hoje, o guitarrista afirma que o cenário atual é bem mais "amigável". “As casas de show eram sempre sujas e caídas e havia sempre perigo em shows de punk rock. Acho que a cena punk rock é bem mais amigável atualmente”, diz.