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Bruce Springsteen toca hits e "Sociedade Alternativa" em show de SP

Leonardo Rodrigues

Do UOL, em São Paulo

19/09/2013 02h10

Em um show histórico, com 29 músicas e 3h18 de duração, Bruce Springsteen surpreendeu os fãs ao abrir sua turnê brasileira com uma versão de “Sociedade Alternativa”, clássico de Raul Seixas de 1974. A apresentação aconteceu nesta quarta-feira (18) no Espaço das Américas, em São Paulo.

Acompanhado dos 16 músicos de sua E Street Band, “O Chefe” fez de tudo na sua volta ao país após 25 anos. Tocou, cantou, falou em português, foi carregado pelo público tal qual um messias, tomou um copo de cerveja em um só gole, bancou a garota da camiseta molhada e teve tempo até para chamar um casal ao palco para que o rapaz pudesse pedisse a namorada em casamento – prontamente aceito.

A energia do “garoto” Springsteen, de 63 anos, parecia encontrar par apenas em seu inapelável carisma. Simpático, fazia questão de interagir com o público, pulando divisórias, chamando os fãs ao palco, indo à “trincheira” entre as pistas premium e normal apenas para que os que pagaram menos pudessem vê-lo de perto. Uma senhora ainda ganhou um beijo e a alcunha de “minha namorada brasileira” na lateral do palco.

“Tenho que pedir desculpas por não ter tocado aqui por tanto tempo, não esperava esse tipo de recepção”, afirmou, imediatamente ovacionado. “Vocês são o melhor público que já tivemos no mundo.”

Bruce Springsteen canta "Sociedade Alternativa" em SP

Como de costume em suas apresentações, Bruce atendeu a vários pedidos de músicas feitos em cartazes pela plateia -- parte dela mais interessada em registrar cada instante com seus smartphones do que propriamente curtir a apresentação.

O início, com o mais clássico brado dos shows brasileiros, Raul Seixas, seguiu o roteiro dos compromissos anteriores na América do Sul. No Chile (com "Manifesto", de Victor Jara) e na Argentina (com “Sólo Le Pido a Dios”, de León Gieco, gravada previamente em vídeo), o músico também homenageou os fãs locais.

O que se viu e ouviu em seguida foi um desfile de faixas de quase todas as fases de uma carreira de mais de 40 anos, com destaque para as do álbum “Born in the U.S.A”, de 1984, representado em peso (a faixa-título, “Darlington County”, "Working on the Highway", “No Surrender” e “Bobby Jean”, “Dancing in the Dark”).

Se a plateia permanecia quase inerte durante a execução de músicas mais recentes, que povoaram o centro do set-list, a fase clássica foi responsável pelos momentos de maior êxtase ao show. A começar por “Spirit Of The Night” (1973), quando Bruce foi à divisória entre as pistas e pediu para voltar ao palco de um jeito pouco tradicional, sendo carregado pelos fãs.

“Badlands”, "Darkness on the Edge of Town" e “Because The Night” engrossaram o coro dos fãs, que encontram a essência do artista na parte final do show, com a trinca “Born in the U.S.A.”, “Born to Run” e “Dancing in the Dark”, ovacionada.

Nesse momento, a trilha acidental da noite -- um futebolístico “Olê, olê, olê, Brucê, Brucê --  já havia tomado conta do Espaço das Américas.

“É um grande prazer estar aqui. E eu prometo que estaremos muito, muito em breve de volta”, afirmou, visivelmente exausto, antes de emendar a derradeira canção, “This Hard Land”. Nela, Bruce aparece sozinho, acompanhado apenas do lirismo de seu violão, fórmula eternizada no álbum “Nebraska”, de 1982. Um fim belo e introspectivo para uma noite memorável.

Bruce Springsteen apresenta o segundo show de sua turnê brasileira no próximo sábado (21), no palco principal do Rock in Rio.