Na fila em SP, fãs de Bieber enfrentam família, insultos e cerco da polícia
Em frente ao Anhembi, em São Paulo, desde o dia 13 de setembro, fãs de Justin Bieber têm que enfrentar chuva, sol, o "chão duro" da calçada, insultos de quem passa pela Rua Olavo Fontoura, o cerco da polícia e do Conselho Tutelar. Há até quem desista da escola para conseguir ver o ídolo de perto no show que acontecerá só no dia 2 de novembro.
Depois que a Secretaria Municipal de Ordem Pública do Rio de Janeiro determinou que barracas não fossem montadas em frente ao sambódromo da cidade, as novas medidas chegaram a São Paulo. Desde o dia 26 de setembro, as paulistas também foram proibidas de acampar na rua à espera de Justin. Segundo a assessoria das subprefeituras de São Paulo, as barracas foram retiradas com ajuda do Conselho Tutelar e da Guarda Civil Metropolitana por "uso irregular do solo e obstrução de passagem".
Saiba o que pode e o que não pode fazer em frente ao Anhembi
Pode | Não pode |
- Ficar sentada ou em pé no portão 25 | - Montar barracas em todo o local |
- Levar alimentos para o local | - Sujar a via pública |
- Maiores de idade podem ficar o tempo que quiser em frente ao Anhembi | - Menores de idade passarem os dias na porta do local do show |
"No dia em que tiraram as barracas, vieram muitos policiais aqui e, se a gente não saísse, iam tirar a força e pegar tudo o que tinha no chão. Falaram que se a gente dormisse aqui, os pais poderiam até responder processo", contou ao UOL a estudante T. G., de 17 anos. Ela é uma dos 280 fãs que se dividem em grupos e se revezam diariamente para "marcar território" em frente ao Anhembi, mesmo sem barraca.
Segundo a assessoria do Anhembi, outros agravantes para a proibição são as condições climáticas e a faixa etária das fãs --em sua maioria, menores de idade. Não há previsão para a liberação das montagens das barracas, segundo a prefeitura de São Paulo.
"Vou repetir de ano pelo Justin Bieber"
Com idades entre 14 e 20 anos, as "beliebers" --denominação dada para fãs de Bieber-- fizeram do local um ponto de encontro para conversar sobre o ídolo, dançar, cantar e ter um passatempo enquanto o dia do show não chega. Boa parte delas fica no Anhembi sem o acompanhamento dos pais, mas jura que cumpre todos os deveres de adolescente.
A mãe Cleonice Lucas acompanha a filha Larissa, de 14 anos, na porta do sambódromo do Anhembi para esperar a chegada do show de Justin Bieber
"As pessoas perguntam se somos loucas, mas existe um revezamento. Não abandonamos família, escola e essas coisas. Somos conscientes", disse Mônica Lima, de 18 anos.
Para P.N.S., de 15 anos, a devoção por Bieber exige um sacrifício ainda maior. Moradora do bairro Capão Redondo, ela desistiu de ir à escola para liderar o grupo 1, os primeiros a chegarem à fila. A adolescente vai diariamente à porta do Anhembi e disse que tem autorização de seus pais para cumprir com seu "cargo de chefia" entre as fãs.
"Eu acabei largando o colégio porque moro muito longe. Como eu ia ficar acampando por uma semana direto, não iria conseguir recuperar o conteúdo da escola. Então, decidi ficar acampando por um mês e, quando voltar para a escola, eu sei que vou repetir. Vou voltar só para não perder a vaga", contou.
Larissa Lucas, de 15 anos, vai ao ponto de encontro duas vezes por semana acompanhada da mãe, Cleonice, que deixa o trabalho para ir junto com a filha. A profissional autônoma acredita que tudo o que essas garotas estão fazendo é "um exagero", mas se sente de "mãos atadas para impedi-las".
"É loucura! As pessoas falam que eu sou louca, mas quem tem filho faz isso ou solta o filho na rua. Não tem alternativa", disse ela, que já dormiu duas noites no local e afirma ser "muito perigoso". Durante a conversa com a reportagem do UOL, a filha disse que, se Cleonice não a deixasse ficar na fila, fugiria de casa.
Garotas levam bandeiras e revistas de Justin para passar o tempo enquanto aguardam o "tão esperado" dia 2 de novembro
Insultos, perigo e balde d'água na cabeça
Sem conforto, as garotas ficam desde as primeiras horas da manhã até o início da noite sentadas no chão em frente ao portão 25 do Anhembi. E, ali, motoristas passam de carro e as insultam. As fãs de Justin já ouviram "palavrões cabeludos", segundo elas, e são chamadas de vagabundas boa parte do tempo que permanecem no local.
"Isso já se tornou normal para nós. Nem perdemos mais o nosso tempo para responder a eles", disse T. G., de 17 anos. No momento em que a reportagem do UOL esteve no local, um carro passou e jogou um balde d'água em direção às meninas, atingindo também o fotógrafo e a repórter.
Noedna Macedo Mattos, 48, que acompanha a filha de 16 anos, contou que elas estão vulneráveis o tempo inteiro a esse tipo de insulto, mas entende o fanatismo por Justin Bieber. "Ela chora e passa 24 horas por dia na internet atrás do Justin. Eu já passei por isso na época dos Menudos. Eu entendo o que elas estão passando e sofrendo", disse.
"Muita gente me critica por eu considerá-lo meu ídolo e passar por tudo isso, mas foi Deus que o colocou na minha vida. Meu ídolo é Deus, mas o Justin apareceu na minha vida para me tirar de algumas recaídas", contou Mônica Lima, que diz valer muito a pena enfrentar família, insultos e perrengues por Bieber.
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