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Com música inédita sobre futebol, Cat Stevens faz 1° show no Brasil em SP

6.nov.2013 - Cat Steven virou Yusuf Islam - Divulgação/Site Oficial
6.nov.2013 - Cat Steven virou Yusuf Islam Imagem: Divulgação/Site Oficial

Leonardo Rodrigues

Do UOL, de São Paulo

15/11/2013 06h00

Quando pisar no palco do Credicard Hall, neste sábado (16), em São Paulo, Cat Stevens fará uma espécie de acerto de contas com o passado. O hoje Yusuf Islam (alcunha adotada em 1978, após se converter ao islamismo) enfim deixará a inglória lista de gigantes que jamais se apresentaram no Brasil, encabeçada por The Who, Led Zeppelin e Pink Floyd.

O músico inglês já morou no Rio no final da década de 1970, já passou lua mel por aqui, e, segundo conta, foi no Brasil que deu o primeiro passo rumo a uma nova fase na vida, ao ler o alcorão.

“Naquela época eu queria um pouco de privacidade. Da mesma forma que hoje vivo em Dubai. Queria um lugar em que pudesse escapar da fama e de tudo que estava experimentando na música. É por isso que eu nunca toquei nem gravei aqui. Mas o Brasil sempre foi e será uma fonte de inspiração para mim, com sua música e natureza”, conta por telefone ao UOL.

Após a epifania, Stevens, que vivia o auge da carreira, abandonou o show business para se dedicar durante quase três décadas a causas relacionadas à religião. O retorno à música pop se deu em 2006, com o álbum “An Other Cup”, sob nova identidade artística, embora a grande diferença esteja apenas no nome e na barba e cabelo grisalhos.

A indefectível voz nasalada, emoldurada por melodia fortes e arranjos acústicos, segue perenes. Ao vivo, o repertório é ainda salpicado pelos velhos clássicos. “Morning Has Broken”, “Wild World”, “Father and Son e “Moonshadow” puxam a fila.

“A maioria das minhas músicas antes de descobrir o alcorão eram sobre a procura de um lar espiritual. Quando me converti, descobri que as palavras delas ainda me traziam paz. E o verdadeiro significado da palavra ‘islão’ é fazer a paz primeiro com Deus, e então trazer isso para você. Paz é algo que eu sempre busquei”, filosofa.

Sobre sua relação com a música feita no Brasil, ele cita Gilberto Gil no hall de favoritos, abaixo apenas de Milton Nascimento (“ele é único”), para quem até compôs uma música, homônima, lançada em 1978. De novidades preferidas, lembra-se apenas da banda Tinariwen, do Mali, que mistura sons “étnicos” aos acordes do blues.

“Para ser honesto, eu faço a maioria da música que eu quero ouvir em casa. (risos) Gosto mais das coisas antigas, clássicas. Acho que o estilo de tocar dos anos 60 e 70 foi muito mais prolífico. Não posso fazer nada, essas são minhas referências.”

Outra dessas referências é bem familiar aos brasileiros, o futebol. Inglês e fã do esporte, mesmo sem torcer firmemente para nenhum time, o músico prepara uma surpresa para os brasileiros, adiantada em primeira mão ao UOL.

“Eu escrevi uma música que vou usar no Brasil. Chama-se “O Jogo Bonito”, e é dedicada ao futebol, que é algo que me inspira. Amo o futebol em qualquer forma. E sempre amei a música brasileira. É a primeira vez que consegui capturar essas duas coisas juntas.”

Para os saudosistas, responsáveis por vendas de 1 milhão e meio de discos por ano até hoje, uma boa notícia. Seu próximo álbum, ainda sem nome, fará um mergulho aos tempos áureos. “Acabei de voltar dos EUA, depois de algumas sessões. O disco novo é um pouco diferente do que tenho feito. Tem muito de blues e tem muito a ver com a forma como eu costumava soar antigamente. Estou ansioso para lançar, em 2015.”