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"Sinto alegria ao ver qualquer pessoa tocando guitarra", diz Steve Vai

O guitarrista Steve Vai, em show nos Estados Unidos - 6.nov.2013 - Steve C Mitchell/Efe
O guitarrista Steve Vai, em show nos Estados Unidos Imagem: 6.nov.2013 - Steve C Mitchell/Efe

Leonardo Rodrigues

Do UOL, de São Paulo

07/12/2013 06h00

Famoso pela técnica e velocidade absurda em que é capaz de solar, o guitarrista americano Steve Vai tem o instrumento de seis cordas como parte de seu DNA. Mas engana-se quem pensa que é preciso ser um virtuose como ele para chamar sua atenção. Segundo conta por telefone ao UOL, basta ter uma guitarra em punho.

“Quando vejo um guitarrista tocando, qualquer um, sinto uma alegria imensa. E pode ser qualquer estilo, qualquer música. É bonito! Quando vou a um casamento, simplesmente não consigo falar com ninguém do meu lado porque minha atenção está toda focada no guitarrista da banda”, admite um vidrado Steve, que faz três shows no Brasil a partir desde fim de semana, no Rio, São Paulo e Belo Horizonte.

O Brasil, aliás, segundo diz, está no topo da lista dos melhores públicos para os quais já tocou. “Tanto a música quanto o público brasileiros são únicos. Pode soar como um clichê, mas é verdade. Levei um choque quando fiz meu primeiro show no Brasil. As pessoas queriam subir no palco”, lembra aos risos.

Uma pergunta óbvia para um ícone do instrumento: quem é o grande guitarrista da atualidade? Vai escorrega mais fácil do que seu slide guitar. Prefere citar o favorito de todos os tempos, o guitarrista de jazz-rock Allan Holdsworth, mas dá dicas para quem quiser se candidatar ao posto. “O segredo é achar um equilíbrio entre ser um guitarrista saiba expressar emoção e ter técnica, e que tenha algo que permita criar uma música única e harmônica.”

Ex-prodígio, Steve Vai se enquadra facilmente na categoria de “nerd da música”. Aos 19 anos, impressionou ninguém menos que Frank Zappa, transcrevendo para partitura seus solos com precisão assustadora.  Mais tarde, já como membro fixo de sua banda, deu os primeiros passos como músico profissional. E é dessa época, no início dos anos 1980, que ele guarda uma de suas mais presentes lições.

“Quando eu estava do lado do Frank eu não percebia, era muito jovem. Mas uma das coisas mais belas que aprendi com ele é que, se você tem uma ideia na cabeça, coloque-a em prática. Não deixe de fazer alguma coisa esperando que outra pessoa faça por você.”

Já que ninguém mereceu a honra de ser mencionado, estaria a nova geração menos preocupada em tocar bem? “Não acho que hoje os garotos estejam menos ou mais preocupados em tocar bem. Eles estão tocando e se divertindo como sempre. Tocar um instrumento, seja qual for, é uma experiência única. O jeito de se tocar está mudando, mas o desejo de se expressar é mais forte do que qualquer outra coisa. É bonito que existam tantas coisas diferentes hoje em dia.”

A diversidade também faz parte da rotina de Steve. Em 2010, ele finalizou e apresentou sua primeira sinfonia completa. E já compôs outras três. Atualmente, ele divulga "The Story Of Light" (2012), seu último trabalho de estúdio. A turnê do disco contabiliza cerca de cem apresentações. Vai nunca fez tantos shows.

“É maluco. Eu não fiz nenhum disco de estúdio entre 2005 e 2012. mas compus muito entre eles. Fiz duas horas de música orquestral. Mais do que um disco duplo, para você ter uma ideia. Cada sinfonia leva cinco ou seis meses para ficar pronta. Mas, agora, fizemos esse novo disco e queremos continuar tocando e nos divertindo por um tempo.”