Por que dar atenção ao show do Silva no 1º dia de Lollapalooza
Bastaram alguns meses depois de lançar suas primeiras canções, em 2011, para que o capixaba Lúcio Silva Souza, o Silva, chamasse a atenção pela qualidade ao misturar instrumentos clássicos, como o piano e o violino, com uma batida pop e sintetizadores. Seu EP, criado de maneira independente e gravado em casa, chegou até Matt Colton, produtor dos álbuns de James Blake. Colton assumiu a masterização do álbum de estreia do brasileiro, "Claridão", considerado um dos melhores lançamentos de 2012.
Próximos shows de Silva
25 de março – Teatro da UFES – Vitória
05 de abril - Lollapalooza Brasil - São Paulo
31 de maio - Circo Voador - RJ
06 de junho - Teatro do CCBEU - Goiânia
07 e 08 de junho - Teatro da Caixa – Brasília
Em março deste ano, Silva, de 25 anos, lança o segundo álbum,"Vista pro Mar", com músicas mais "ensolaradas", segundo o próprio músico, se comparado ao melancólico "Claridão". Uma das primeiras apresentações ao vivo do novo trabalho será no primeiro dia do Lollapalooza, no sábado (5), no mesmo horário de Red Oblivion e Elekfantz. Em comum, as três atrações têm a música eletrônica misturada a outros ritmos: o metal no caso do Red Oblivion e o blues, no Elekfantz. Silva tem a vantagem de jogar em casa, levar o público mais fácil com suas letras em português e ter a benção de artistas como Guilherme Arantes, Marcelo Camelo, Fernanda Takai e o produtor Nelson Motta.
Para o Lollapalooza, Silva sobe ao palco com três músicos, que cuidam da bateria, baixo e guitarra. Nos shows de álbum de estreia, ele se apresentava apenas com o baterista Hugo Coutinho. "Produzi o 'Claridão' todo sozinho, mas para me apresentar eu precisava de mais alguém, então chamei o Hugo. Mas eu fiquei enjoado dessa formação por não ter com quem interagir", disse ele, rindo, em entrevista ao UOL. "Entraram dois músicos para ficar mais dinâmico. Um toca baixo e o outro, guitarra e a gente troca os instrumentos pra ficar uma coisa divertida", contou.
Silva divulgou o clipe de "É Preciso Dizer", faixa de "Vista pro Mar", nesta segunda (24). Assista:
Música clássica + Gorillaz
Silva fala com naturalidade do CD que produziu e gravou sozinho, aos 23 anos, cantando e tocando violino, teclado, ukulele, guitarra, baixo e sintetizadores. Isso porque seu caso de amor com as mais variadas sonoridades começou quando ele tinha apenas dois anos de idade. Sua mãe é professora de música e, segundo Silva, dava uma educação quase militar para ele e seus dois irmãos mais velhos. O caçula começou a tocar violino com seis anos de idade e hoje tem formação acadêmica pelo instrumento.
"Hoje dou graças a Deus pelo regime militar que recebi. Desde muito novo sabia que trabalharia com música e a educação rígida fez com que eu tivesse controle do processo", conta ele. A paixão de Lúcio era o piano, mas foi incentivado pela mãe a investir no violino para não competir com o tio, que é pianista. Logo começou a tocar em orquestras, mas como todo adolescente, precisava se sentir parte do grupo e a música erudita não podia dar isso a ele. "Minha formação era muito diferente da de todo mundo e fiquei meio peixe fora d'água por causa disso. Comecei a tocar guitarra e baixo e a querer ouvir as músicas que meus amigos ouviam".
Com 14 anos, ganhou um CD do Gorillaz e ficou fascinado por aqueles sons produzidos por sintetizadores. Ele não fazia ideia de como aquilo era feito e decidiu começar a pesquisar mais sobre isso. Com ajuda dos amigos, família e graças ao gosto pessoal, sua personalidade musical começava a se consolidar. Um pouco cansado da faculdade de violino e dos esforços que fazia para ser parte do grupo de amigos, Silva passou uma temporada na Irlanda. Lá se deparou com uma diversidade musical que nunca tinha imaginado e descobriu que o que legal era ser ele mesmo. "Conheci músicos muito loucos que tocavam na rua e entregavam a vida para aquele estilo de vida. Eu me encontrei nisso e quando você vai ficando mais velho você se aceita mais. Falava: 'Sou assim e beleza. Dane-se'".
Primeiro trabalho
Voltou ao Brasil e mostrou o embrião do seu primeiro EP a alguns amigos músicos, mas mais uma vez se sentiu um peixe fora d'água. "Eles achavam que a batida estava estranha e pra mim não estava estranho porque ouvi muito disso na Irlanda. E era para ser diferente mesmo. Não queria fazer uma coisa que todo mundo faz senão eu compraria o CD desses caras", disse ele. Silva decidiu tocar o projeto sozinho "para ver no que ia dar". E deu nisso: participação no Sónar em 2012, abertura de shows de Lana Del Rey e Lollapalooza 2014, além de shows pelo Brasil, Portugal e contrato com a Som Livre.
Hoje, Lúcio trabalha em parceria com o irmão mais velho, Lucas, que ajuda na composição das letras. "Do mesmo jeito que eu era ligado em música, meu irmão era ligado em literatura. Acabou desenvolvendo um dom de escrita muito interessante. Eu tive sorte de ter um irmão que era bom na letra. Eu dou uma idéia melódica para ele e ele trabalha em cima disso. Casou muito. Ele é meu superparceiro".
Mesmo sendo considerado autêntico, Silva não escapa de comparações e a mais repetitiva é com Guilherme Arantes, principalmente em relação à música "Amor Pra Depois", single que ganhou prêmio de nova canção do Multishow em 2013. "No começo, confesso que estranhei porque não era minha primeira referência, mas depois eu mesmo achei parecido. Acho que tenho muita influência do Guilherme Arantes e dos anos 80. Guilherme é um cara que eu gosto muito. Gosto da fase pop, Guilherme de novela mesmo. Acho que é uma coisa que se faz muito na música hoje. Usar um pouquinho dos anos 90, dos anos 80 e uma coisa que não é um nem outro. Eu tento equilibrar isso no meu som para não ficar um disco de formatura", disse.
Parcerias e futuro
Em 2013, o músico foi convidado para a única parceria do CD de estreia de Clarice Falcão. Para seu novo disco, o músico convidou Fernanda Takai para a delicada "Okinawa". A parceria só aconteceu depois de Silva muito "stalkear" a líder do Pato Fu, que acora também se aventura em carreira solo. "Eu mandava mensagem para o empresário dela, mas não me dava muita moral. Deveria pensar: 'Quem é esse menino'. Mas aí o Nelson Motta falou de mim para ela. Consegui marcar um almoço e ela adorou a música", disse.
Lúcio Silva diz que não sabe como vai ser seu futuro, mas tem certeza de que continuará trabalhando com música. "Se compor, cantar e me apresentar não me preencher mais um dia, trabalharei com trilhas sonoras ou quem sabem virarei um daqueles velhinhos que ensaia todos os dias numa orquestra", disse ele.
Ele se preocupa mais com o presente. Ao 25, descobriu que precisa de um hobby depois que os amigos alertaram que ele não sabe fazer nada além de música. "Agora estou começando a sentir na pele que música nunca foi um trabalho para mim. Estudei música, mas era um hobby. Só que agora é o meu trabalho principal. Então o que eu vou fazer nas horas vagas? Música também? Estou tentando descobrir. Comprei uma câmera analógica porque eu gosto muito de fotografia. É uma coisa que quero muito aprender. E esporte também. Acho que seria bom movimentar um pouco o corpo".
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