Netinho chora na volta aos palcos e canta com Anitta e Preta Gil
Maria Martha Bruno
Do UOL, no Rio
06/04/2014 09h58
O tom da volta de Netinho aos palcos não tinha como ser outro. O cantor baiano pisou no Citibank Hall, Zona Oeste do Rio de Janeiro, neste sábado (5), com repertório e discurso que remetiam à sua recuperação, menos de um ano após a série de problemas decorrentes do uso de anabolizantes que quase o mataram em 2013. Choro, convidados especiais e histórias sobre o período de internação dividiram o palco com sucessos de sua carreira. Apesar da fragilidade física, Netinho se apresentou por mais de duas horas no show “Nada como viver!”.
Logo na primeira interação com o público, o cantor admitiu o nervosismo: “Estou tremendo igual a uma vara verde de emoção. Suando frio mesmo”. Ele confessou que, embora se sinta melhor, ainda tem tonteiras e revelou que tinha a sensação de que sua cabeça pesava 300 quilos: “Mas hoje eu estou aqui para vocês, inteiro. Não posso dançar ainda, mas divirtam-se”. Mesmo assim, Netinho não conseguiu ficar parado. Ele mexeu os braços e deu passos tímidos durante todo o show, o que evidenciava seu esforço para se segurar. Também não faltou o clássico “Sai do chão!”, que a plateia respondeu em sucessos como “Prefixo de verão”, “Pra te ter aqui” e “Beijo na boca”.
O cantor revelou ao público que, além de Ivete Sangalo e Claudia Leitte, uma das visitas mais marcantes que recebeu no hospital foi do Padre Marcelo Rossi. Ele contou que soube pelos médicos que a passagem de sacerdotes pelo Hospital Sirio-Libanês (SP) era comum, a fim de dar a extrema-unção a pacientes desenganados. “Quando anunciaram que ele estava lá, eu pensei: ‘Eita! É hoje!’”, revelou. Netinho afirmou que o padre lhe disse que também usou anabolizantes em sua juventude, quando era “magrinho e seus amigos eram fortes”. O cantor afirmou que continua sem religião, mas que acredita em Deus.
Ao lado de Anitta, duas músicas de Roberto Carlos
Em alguns sucessos, ele não conteve a emoção e caiu aos prantos diante dos holofotes, como em “Mila” e “Menina”. A voz ainda irregular também impediu Netinho de cantar na íntegra diversas músicas. Mas para contornar a questão e celebrar o momento marcante de sua carreira, ele teve três convidados especiais no palco: Preta Gil, Anitta e o Grupo Revelação não só cantaram com ele, como fizeram números solos. Amigo pessoal de Preta, ele agradeceu o convite da cantora para se apresentar em seu bloco no carnaval este ano. “Eu ainda estava todo tonto e ela me chamou para cantar no Bloco da Preta. É uma maluca”, brincou Netinho. “Foi bom que ele tomou logo um choque de realidade de amor”, respondeu a filha de Gil. Ela mandou um beijo do pai, que também chamou o cantor para comer uma feijoada na casa da família.
Com Anitta, Netinho dividiu “Como é grande o meu amor por você” e “As curvas da estrada de Santos”, ambas de Roberto Carlos. Ele afirmou que havia conhecido a ex-funkeira há poucas horas, ainda no camarim, e que ambos não ensaiaram o dueto. Para dar um refresco ao cantor, Anitta cantou “Zen” sozinha.
Netinho disse que a presença de Ivete Sangalo também estava programada, mas a cantora baiana se apresentou em Curitiba na mesma noite e não chegaria a tempo em seu jatinho. O cantor baiano contou que Ivete esteve no hospital quando ele estava em seu pior momento, com 50 quilos e os olhos roxos e fundos. “Tive que ficar dois meses sem beber água e emagrecer, para reverter a trombose”, revelou. As histórias sobre a doença foram entremeadas por mensagens de superação ao público: “Não parem nunca. Aconteça o que acontecer com vocês, não se entreguem. Levantem. A vida segue. Eu vim aqui para falar isso”.
Outra marca do show de Netinho foi a mistura de referências do Rio de Janeiro, onde ele mora atualmente, e de Salvador (sua terra natal). Os hits e a estética do carnaval baiano preponderaram, mas o encerramento do show contou com uma grande festa com os 11 bailarinos cantando e dançando marchinhas da folia carioca.