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Ícone dos anos 80, Rick Astley lota show em São Paulo e toca até AC/DC

James Cimino

Do UOL, em São Paulo

12/04/2014 06h09

Nunca subestime o poder de um ídolo dos anos 1980. Faz mais de 20 anos que o cantor britânico Rick Astley não tem uma música nas paradas de sucesso, mas os hits que colecionou nos anos 80 e 90, como “Never Gonna Give You Up”, “Cry for Help”, “Together Forever” e “Hold me in your Arms”, foram suficientes para atrair um público de cerca de 5.000 pessoas e lotar a casa de shows HSBC Brasil, na zona sul de São Paulo, em um horário não muito convencional para shows.

Astley subiu ao palco por volta de 1h da manhã deste sábado (12). “A essas horas eu costumo estar me preparando para dormir”, disse o cantor em rápida conversa com a reportagem do UOL em seu camarim, minutos antes da apresentação que durou cerca de uma hora e meia. Lá, ele explicou por que esta era a primeira vez que vinha ao Brasil, mesmo tendo tantos fãs por aqui até hoje.

“Nos anos 80 e 90, ganhava-se dinheiro fazendo discos. Por isso eu me dediquei mais a programas de TV, videoclipes e, claro, aos discos... Tem muitos países que não visitei antes, especialmente na América do Sul, onde, naquela época, era bem difícil de ganhar dinheiro. De qualquer forma, estou bem excitado. Você viu como a casa está cheia? E gostei que as pessoas estão em pé, vão poder dançar. Em geral, meus shows são para uma plateia sentada em mesas.”

A multidão era composta em sua maioria por homens e mulheres entre os 30 e 40 anos. Mas havia fãs jovens. Astley, inclusive, parecia fazer graça do status de ídolo que reconquistara durante a apresentação, em que os fãs cantavam os versos de todas as músicas do cantor, mesmo as pouco conhecidas.

Em determinado momento, comentou que havia algumas pessoas jovens na plateia. “Fale a verdade”, disse o cantor apontando para um adolescente: “Sua mãe não se sentiu bem e você pegou os ingressos dela...”

Fã do cantor desde 1987, o carioca Armando Oliveira, 36, tem, segundo sua namorada Thaís Tabache, todos os discos do cantor. “Ela me obriga a aguentar Los Hermanos e Chico Buarque, e eu a obrigo a aguentar o Morrissey e o Rick Astley”, contou.

Os dois viram um show do cantor no ano passado, em uma cidadezinha próxima a Londres. Na ocasião, Oliveira entregou uma camiseta da seleção brasileira ao ídolo. “Ele ficou surpreso quando eu falei que suas músicas eram a trilha sonora da minha vida. Disse que não imaginava que ainda tinha fãs aqui.”

E como tem. Leonardo Bravo estava comemorando seus 26 anos ao lado do amigo Leandro Peliciari, 28, e dos pais de ambos: Maurício Bravo, 52, e Francisco Peliciari, 61. “Nada melhor que passar o aniversário ouvindo as músicas que ouvia com meu pai quando era criança. Lembro dele demais”, disse Leonardo.

O amigo Leandro, que trajava uma camiseta do ídolo, emenda: “Nós quatro temos o mesmo gosto musical. Só ouvimos coisa boa que marcou época. A gente sente falta desses ícones dos anos 1980. Hoje é tudo muito comercial.”

Apesar das ressalvas de seus fãs ao comparar as músicas de ontem e de hoje, Rick Astley não parecia compartilhar da mesma opinião. Em seu repertório entraram, além de seus hits, covers como “When I Fall in Love”, “Happy”, de Pharrell Williams, e até a dance farofa “Don´t You Worry Child”, da Swedish House Mafia.

Fã de black music, também interpretou “My Girl” e “Ain´t Too Proud to Beg”, dos Temptations, e o hino da disco music “Everybody Dance”.

E não parou por aí. Astley demonstrou ser um grande fã do trabalho de Pharrell Williams ao cantar “Get Lucky”, à qual misturou “I Should Be So Lucky” de Kylie Minogue. No bis, demonstrou versatilidade ao sentar-se à bateria e interpretar “Highway to Hell”, do AC/DC. Novamente fez piada: “O que? Esse filho da p... vai cantar AC/DC? Vocês não dão a mínima, né? Querem mais que eu os entretenha e os faça dançar. É uma atitude bem brasileira.”

Fechou a apresentação com “Never Gonna Give You Up”, à qual também acrescentou versos de “I Wanna Dance with Somebody”, de Whitney Houston, e “Holiday”, de Madonna.

O chef de cozinha, Rodrigo Abou, 33, veio ao show com a tia Karen, 45. Ela veio do Pará especialmente para assistir o show com o sobrinho e relembrar os tempos em que ela o levava à matinê para ouvir as músicas do cantor. “Ela me levava na pipoca, que aqui vocês chamam de matinê, na época em que tocavam as músicas dele. Não adianta, eu sou um vítima dos anos 80”, disse o rapaz aos risos.