Prodígio do funk ostentação, MC Gui vai de sapo a príncipe em 1 ano
Era uma vez um sapinho chamado Guilherme Kaue Castanheira Alves, que vivia na Zona Leste de São Paulo, cantando na batida do tchu-tcha. Um ano depois, o que parecia fábula virou realidade e MC Gui se tornou príncipe de seu próprio castelo graças ao sucesso repentino como cantor de funk ostentação.
Com cabelos loiros e rosto angelical, o garoto de 15 anos faz cerca de 40 shows ao mês e já conta com um número de súditos que atinge os 2,5 milhões no Facebook. São as "guináticas", que costumam acompanhar o "príncipe" aonde quer que ele se apresente e que ajudaram a espalhar para além da periferia de São Paulo os hits de "funk light" de Gui, como "O Bonde Passou" (que usa sample de "Baby", de Justin Bieber) e “Beija ou Não Beija”.
“De uns seis meses para cá, tudo mudou. O número de fãs foi aumentando. Hoje não consigo sair na rua. Não consigo fazer nada. Tenho de fã bem bebê, com um ano, até mulheres mais velhas. E elas cobram beijos, sim”, explica o antigo sapinho aos risos, em entrevista ao UOL. E ao menos algumas dessas "guináticas" têm a oportunidade de se aproximar do funkeiro: ele comanda o quadro “Dia de Princesa”, do programa "Domingo Legal", do SBT.
Fãs de Gui ficam mais de 9h em fila. Conheça as Guináticas
Como em todo reino, Gui também tem seu séquito. Pai e mãe fazem bem esse papel, assim como os seguranças pessoais e outros próprios funcionários. De acordo com a mãe, Claudia Alves, o garoto funciona como “uma empresa” para eles. “Eu e o pai somos funcionários dele. Tia e primos também são”, explica ela, que está ao lado dele o tempo todo.
Bieber brasileiro
O pai, Rogério Alves, faz as vezes de empresário e tesoureiro e diz apostar todas as suas fichas no MC. Para ele, Gui pode alcançar sucesso semelhante ao do cantor canadense Justin Bieber, mesmo ainda precisando “comer muita farinha” para chegar lá. “Não tem um artista que tenha tanto apelo, fã-clube e que arraste multidões aqui no Brasil quanto o Gui. Não tem diferença entre o Luan Santana e Gui na quantidade de fãs. Eles estão equiparados”, diz o pai, esticando um pouco os números - na verdade, o sertanejo tem pelo menos 6,5 milhões de seguidores a mais no Facebook e ocupa posição de destaque entre os DVDs mais vendidos do país, feito do qual Gui ainda não tem como se gabar.
DVD de príncipe futurista
Com investimento divulgado de mais de R$ 1 milhão, o primeiro DVD de MC Gui mistura as imagens desse “príncipe futurista” (comparação feita pelo pai do garoto) com símbolos do funk ostentação, como as correntes de ouro. Na gravação, que o UOL conferiu no último domingo (13), no Citibank Hall, em São Paulo, o cantor desce do teto para o palco de rapel e se junta a mais de 20 dançarinos fantasiados de robôs iluminados. Uma grande banda e um DJ compõem o espetáculo, que também tem participações de gente grande do funk como Bochecha, MC Koringa, MC Nego Blue e MC Pocahontas. .
“Ficamos loucos com a elaboração de todo o DVD. Foi uma estrutura muito grande. Sete trocas de roupas. Ele gravou o [quadro] 'Dia de Princesa' no meio do show. Foram usadas duas carretas de equipamento, 20 dançarinos e 450 pessoas trabalhando só na produção”, explicou Rogério.
Para ver tudo isso, mais de 3.000 pessoas estiveram na casa de shows, em sua maioria crianças, acompanhadas por seus pais. Boa parte das meninas chorava e, aos berros, pediam para serem as princesas de Gui. “Quero ser a princesinha porque ele é o meu príncipe”, disse Luanny Maia, de 7 anos, que esteve pela primeira vez no local.
Desenvolto, o MC domina bem o palco, interage com o público, que não se dispersa, e responde atentamente. Ainda assim, o funkeiro não escapa do drama de outros garotos da sua idade: a mudança de voz típica da puberdade, que o impede de manter o mesmo timbre vocal enquanto canta. De acordo com a assessoria, Gui tem um professor de canto para ajudá-lo a superar essas falhas. O garoto, no entanto, parece não se preocupar. “Estamos no auge e roubamos a cena. Tenho certeza que continuarei construindo o meu castelo”, diz.
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