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"É solitário ser o Fall Out Boy hoje em dia", diz baixista da ex-banda emo

O baixista do Fall Out Boy Pete Wentz - Divulgação
O baixista do Fall Out Boy Pete Wentz Imagem: Divulgação

Leonardo Rodrigues

Do UOL, em São Paulo

21/05/2014 06h00

Quem escuta o pop rock melódico e de arena do Fall Out Boy jamais imaginaria que uma de suas maiores influências vem não apenas do metal mas também tem DNA brasileiro: o Sepultura. É o que contou ao UOL o baixista Pete Wentz, que toca com a banda nesta quarta-feira (21) em São Paulo, no Citibank Hall. É o primeiro show do grupo no Brasil em oito anos.

"De que país é o Sepultura? Eles eram uma banda muito grande para nós quando estávamos crescendo. Eu e o Andy [Hurley, baterista] somos grandes fãs dos Cavalera", disse o músico, fã de heavy metal, referindo-se aos irmãos Max e Iggor Cavalera, fundadores do Sepultura e hoje integrantes do Cavalera Conspiracy. "Acho que a maior parte dessa influência pode ser sentida pelo nosso baterista, no estilo cru do Andy".

A apresentação em São Paulo, única da turnê no país, obviamente terá acordes mais suaves, com direito a hits de nome bem-humorado como "I Slept with Someone in Fall Out Boy and All I Got Was This Stupid Song Written About Me" ("Dormi com alguém do Fall Out Boy e tudo que ganhei foi esta canção estúpida sobre mim") e "A Little Less Sixteen Candles, a Little More ‘Touch Me’" ("Um pouco menos de 16 velas, um pouco mais de 'me toque'"). Além dessas, a cover de “Beat It”, de Michael Jackson, também integra o repertório da banda.

“Não vamos ao Brasil há muito tempo. Estamos muito empolgados. A última vez foi fantástica, as pessoas ficaram loucas. Nossa expectativa é fazer a mesma coisa agora: um show grande, divertido, e talvez um pouco diferente e estranho também”, brinca.

Ícone da febre emo

Formado em Chicago em 2001, há cerca de uma década o Fall Out Boy virou ícone instantâneo da febre emo --estilo caracterizado por músicas com letras emotivas, que, geralmente, falam de sofrimento adolescente. Hoje, parece que pouco ficou daquela época. Embora o som pop punk seja basicamente o mesmo, as franjas e as letras sentimentais foram trocadas por jaquetas estilosas, chapéus e temas mais metafóricos. O emo mudou.

“Acho que muitas das bandas que foram categorizadas dessa forma não estão mais por aí. É um pouco solitário ser o Fall Out Boy hoje, porque somos diferentes agora. Era legal ser visto assim, mas acho que tivemos que nos adaptar, mudar com os discos. Ao mesmo tempo, tentamos manter nosso objetivo de ser uma das maiores bandas do planeta”, disse, aos risos.

Na tarefa inglória de tentar conquistar o mundo, os integrantes buscaram o auxílio de quem tem experiência no “ofício”. Seu último disco de estúdio, “Save Rock and Roll” (2013), conta com participações de nomes como Elton John, Tommy Lee e Courtney Love, que cantam em “duetos a distância”.

“Foi demais. Fizemos quase tudo por e-mail e por intermédio de outras pessoas. É meio louco trabalhar com pessoas que são lendas. Para nós isso é uma grande oportunidade de aprendizado. Conseguimos aprender como essas pessoas lendárias trabalham. Ainda temos muito o que aprender e evoluir”, contou Wentz, agora em um tom mais humilde.

Sobre planos para o próximo disco, o baixista é reticente. Não há material novo nem engavetado. Mas os fãs não precisam recorrer às lagrimas como outrora. “A coisa boa de se estar em uma banda hoje em dia é que você pode compor constantemente e arranjar formas de gravar. Fazemos isso o tempo todo, em qualquer lugar do mundo. Podemos, quem sabe, gravar novas músicas agora no Brasil.”