Ex-líder do Bauhaus, Peter Murphy diz que nunca se identificou com góticos
Ex-vocalista da banda Bauhaus, uma das principais da cena gótica dos anos 1980, Peter Murphy lançará no próximo dia 3 de junho o décimo disco de sua carreira solo. O álbum, intitulado “Lion”, sairá pelo selo Nettwerk, que já o disponibilizou via streaming no site da revista "Rolling Stone" americana.”
“Eu vivo debaixo de uma linda rocha”, disse Murphy, 56 anos, à “Rolling Stone”, por telefone, de sua casa na cidade turca de Istambul, onde mora há anos. “Eu me afastei totalmente da cena musical atual. Pessoas me fazem perguntas sobre a cena gótica, e eu não tenho ideia do que estão falando. Eu nunca me identifiquei com isso. De vez em quando até subo no palco sem estar vestido de preto.
Apesar de o Bauhaus ter se separado em 1983, o grupo continua sendo um dos mais cultuados pelos góticos. Nos anos 2000, a banda se reuniu, fazendo, inclusive, um show no festival Coachella, na Califórnia, no qual Murphy fez sua grande entrada pendurado de cabeça para baixo, como um morcego.
Na entrevista, ele comentou o fato de muitas gerações de fãs terem descoberto a banda na cena de abertura do filme “Fome de Viver” (1982), dirigido por Tony Scott e que traz David Bowie e Catherine Deneuve interpretando um casal de vampiros. “Acho que isso ajudou muito a banda”, diz Murphy, que, na cena em questão, canta o clássico “Bela Lugosi Is Dead” em um clube gótico de Nova York, enquanto os personagens de Bowie e Deneuve buscam sangue fresco no local. “Mas parece que aquilo cimentou um tipo de cultura que não tinha muito a ver com o que éramos de fato. Tornou-se uma espécie de grilhão em torno de nossos pescoços.”
Marcado por essa imagem ou não, o cantor passou 2013 na estrada com sua turnê comemorativa de 35 anos do Bauhaus, apresentando-se sem os ex-companheiros de banda. “Existe plateia a fim de escutar isso. Mas eu acho que já cansou. Eu realmente acredito que nenhum de nós quer tocar um set inteiro com aquelas músicas de novo.”
Produzido por Martin “Youth” Glover, baixista da banda Killing Joke, o disco “Lion” foi realizado às pressas, segundo o músico. “Foi um processo muito rápido”, conta Murphy. “Isso se deve ao produtor. Eu não tinha nada sobre a mesa, exceto um ou dois rascunhos. Então o produtor, para resumir em uma frase, me empurrou do alto de uma montanha, e eu tive que voar.”
Tendo feito o álbum tão rapidamente, Murphy agora encara o desafio de aprender a cantar as músicas do disco ao vivo. “Foi tudo improvisado”, diz ele sobre as gravações. Agora, o ex-líder do Bauhaus ensaia as canções para a turnê, que começará no próximo dia 9 de junho em Nova York e passará pelo Brasil nos dias 19 de julho _no Clube Primeiro de Maio, em Santo André_ e 20 de julho _no Carioca Clube, em São Paulo. O show de abertura será de Wayne Hussey, ex-vocalista da banda The Mission, outro ícone gótico dos anos 1980.
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