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Com camiseta do Ramones, cantora de MPB do "Ídolos" se lança no pagode

Tiago Dias

Do UOL, em São Paulo

22/07/2014 06h00

Cada vez mais ganhando ares de música pop, o pagode rejuvenescido da década de 1990 sofria com a falta de uma representante feminina para segurar o cavaquinho. Sucesso entre o gênero masculino de nomes com diminutivos (Thiaguinho, Rodriguinho, Dilsinho), o ritmo agora abriu os braços para o nome composto de Hellen Caroline, cantora nascida em Ubatuba, litoral norte de São Paulo, que já foi vista em dois reality shows musicais.

Capa do disco "O Sonho Aconteceu" (2014), de Hellen Caroline - Reprodução - Reprodução
Capa do disco "O Sonho Aconteceu" (2014), de Hellen Caroline
Imagem: Reprodução

Produzida pelo vocalista dos Travessos, Rodriguinho, e empresariada por Fábio Francisco, que também agencia Thiaguinho e Péricles, Hellen já passou pelos palcos do programa "Ídolos", da Record, e do quadro "Mulheres Que Brilham", do Raul Gil. "Muitos produtores vieram e diziam para mim: 'Vamos cantar sertanejo'. Eu não iria. Não concordo com o fato de você virar um produto feito por outra pessoa. Você precisa ter um estilo próprio, ser algo que você ama", disse ela ao UOL.

A cantora de 27 anos aparece estilosa na capa e no encarte de seu recém-lançado álbum de estreia, "O Sonho Aconteceu". Em algumas das fotos, ela está de saia vermelha rodada com paetês; em outras, aparece de short jeans e camiseta dos Ramones. "Isso é coisa do personal stylist", ela diz, caindo na risada. "Conheço pouco [da banda], mas não é algo que eu escutaria."

Hellen, no entanto, diz que gosta de ouvir rock, mas que prefere Pearl Jam, Guns N' Roses e Creed. "Mas por que não [usar camiseta do Ramones]? Só porque eu canto pagode não posso colocar uma camiseta de rock? Adoro esse estilo roqueirinha. Não é porque eu canto pagode que vou colocar só vestido florido, com flor no cabelo".

Black music está entre as influências musicais da cantora. "Escuto muita coisa internacional que não é pagode. Tem uma mistura de R&B no meu jeito de cantar, e os pagodeiros têm mesmo um jeito black de cantar. Eu não quis modernizar o pagode, eu quis cantar do meu jeito. O samba tem um canto mais arrastado. Eu escutei muito pagode, o Chrigor, o Belo, e eles têm mais suavidade", diz. "Amo Djavan, mas os pagodeiros são os que mais cantam no Brasil, sem dúvida".

Em busca do estilo próprio

Há três anos, quando Hellen disputava pelo prêmio final do "Ídolos", ela concorria com uma seleção de canções de MPB, que a deixou com o terceiro lugar no programa. "Quando saí do 'Ídolos', fui gravar um CD independente e percebi que eu não tinha uma definição de estilo. Sempre tive esta paixão por pagode, mas eu tinha receio de as pessoas estranharem por só ter homens no meio. Acho que 99% [dos artistas no pagode] são homens. Eu me senti incomodada pela falta de estilo, se era pop ou MPB", diz.

No estúdio, chegou a gravar, de brincadeira, um pagode de sua autoria chamado "Me Diz". "Coloquei no YouTube e, a partir de então, eu já não tinha mais vontade de entrar em estúdio para gravar aquele CD. Ele nem foi lançado. Montamos a banda de pagode e começamos a ensaiar".

O passo seguinte se deu, mais uma vez, na TV. Hellen se inscreveu no programa do Raul Gil, no quadro "Mulheres que Brilham", ao descobrir que Rodriguinho, seu ídolo entre tantos outros pagodeiros dos anos 90, seria um dos jurados. Foi lá que ela venceu a competição e conquistou a admiração do cantor, que se ofereceu para produzir seu disco.