No VMA 2014, todos artistas pareciam bandas de abertura de Beyoncé
Visto de perto, ao lado dos artistas do momento, o VMA (Video Music Awards) não é nada daquilo que se imagina --ou que se vê na televisão. Sinal dos tempos. O videoclipe não é mais uma forma de arte inovadora. A MTV não é mais a principal plataforma de divulgação desse tipo de mídia. E os artistas chamam mais a atenção pelo que fazem fora do palco.
É o caso de Beyoncé, a principal atração da noite e a única dentre os que se apresentaram a ter o status de estrela. Como sempre, fez um show impecável. A novidade foi mostrar um remix de todas as faixas de seu último álbum, "Beyoncé", que foi lançado no fim de 2013 em versão áudio e visual, com clipes para todas as canções.
Tamanha "inovação" não passou despercebida pela MTV, que faz de tudo para se manter relevante, mesmo tendo descapitalizado seu principal produto desde o advento da música digital e do vídeo on demand. A tática agora, portanto, foi premiar a cantora com o Prêmio Vanguarda Michael Jackson, destinado aos artistas que inovaram na arte do clipe.
O Daft Punk já havia feito algo semelhante com o álbum "Discovery", de 2001, mas à prestação e em uma época em que eles eram alternativos demais e o videoclipe era irrelevante de menos. Uma executiva da MTV chegou, inclusive, a dizer que a apresentação de Beyoncé deste ano seria histórica. E quando alguém diz que algo vai ser histórico, desconfie.
Pode ser que a edição das imagens para quem viu na TV tenha parecido histórica, mas lá de dentro do Fórum de Inglewood, na Califórnia, onde ocorreu o evento, o que havia era uma arquibancada que só reagia quando estimulada diretamente por Beyoncé (não apenas influenciada pela música), um grande espaço vazio na plateia que circundava o palco e um remix que parece ter sido pensado para suprimir todos os refrães de músicas excelentes como "Blow" e "Rocket". Quando o público parecia que ia esquentar, surgia uma mixagem estranha e aquela parte da música que você estava esperando para levantar da cadeira e rebolar até o chão, sumia. Beyoncé já fez melhor.
O clímax foi mesmo o momento de entrega do prêmio Michael Jackson à cantora. E quem levou o troféu ao palco foi Mr. Carter, o marido de Beyoncé, mais conhecido pelo apelido de Jay Z. Em seu colo, a filha deles, Blue Ivy. Os dois se emocionam e, assim, soterraram o boato de que a nova família real do pop estaria em crise, prestes a se separar.
Shows de abertura
E se o show da principal estrela da noite não foi "histórico", o que dizer dos que vieram antes? A entrada de Ariana Grande acabou ficando, com o perdão do trocadilho infame, pequena perante à "Anaconda" de Nicki Minaj. Este, aliás, foi um dos poucos momentos em que o público foi ao delírio. Hoje em dia, pop é quase uma abreviação de popozuda.
Depois veio Taylor Swift, que cantou "Shake it Off", sua nova música de trabalho, também tentando parecer popozuda. A certa altura, em uma cena que lembra o filme "Chicago", ela subiu em um palco em formato do número 1989, que é o título de seu novo álbum e também o ano de seu nascimento. Fez lembrar o VMA do mesmo ano, em que Madonna cantava "Express Yourself"; Jon Bon Jovi e Richie Sambora, "Livin' on a Prayer"; The Cure, "Just Like Heaven"; Cher, "If I Could Turn Back Time"; os Stones, "Mixed Emotions".
Também vimos Usher e Maroon 5, mas nenhuma apresentação digna de nota. Nenhuma Miley Cyrus se esfregando em Robin Thicke, nenhuma Lady Gaga sangrando. Todos pareceram, no fundo, as bandas de abertura da Beyoncé.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.