"Tínhamos desistido de fazer sucesso", diz vocalista da banda Malta
Formada há apenas um ano, a banda paulistana Malta vive uma versão moderna do conto de fadas roqueiro. Estourado no iTunes, seu recém-lançado álbum de estreia, "Supernova", vendeu 40 mil cópias em quatro dias --um feito que obrigou a gravadora a providenciar uma nova tiragem física, algo incomum nos dias de hoje. A agenda está fechada: 42 datas pelo Brasil até o fim do ano. Na fórmula, hits românticos, histeria e ingressos sempre esgotados.
Os vencedores do programa “SuperStar”, da Globo, Bruno Boncini (vocal), Thor Moraes (guitarra), Diego Lopes (baixo) e Adriano Daga (bateria) levaram para casa mais do que R$ 500 mil, um carro zero e um contrato com a Som Livre. Mudaram de vida. Depois de excursionarem pelo Norte e pelo Sul do país, eles se apresentam nesta sexta-feira (19) no Rio, pela primeira vez.
"A gente está muito feliz. Começamos com o pé direito. E é engraçado que tudo isso tenha acontecido num momento em que desencanamos de fazer sucesso. Quando realmente a gente começou a fazer o que gostava, é que acabou dando certo. Não mudamos nada do que éramos”, diz ao UOL por telefone o vocalista com pinta de galã global Bruno Boncini.
Apostando em um “rock romântico” com momentos de peso, a Malta conquistou celebridades, jurados e o público da primeira edição do programa da Rede Globo. Recebeu 74% dos votos dos espectadores na final. Tamanho respaldo serve de guarida contra as críticas sobre a originalidade do grupo, constantemente associado a Nickelback e Creed, conhecidos por provocarem amor e ódio em iguais proporções.
“Cara, não vejo essas comparações como uma crítica, não teria como ver. A gente até brinca. Quando lemos, parecem mais como elogios. Os caras falavam que a gente não passava de um Nickelback do Brasil. De um Creed abrasileirado. Então a gente tá bem, né? (risos).”
Influências e futuro
Segundo Bruno, as referências centrais são outras. A pegada de ”greatest love hits” do grupo, afirma, é mais clássica, com direito a um visual de tatuagens, piercings e camisetas pretas. Para a Malta, não há problemas em assumir os estereótipos do gênero.
“[Nickelback e Creed] são duas bandas que a gente gosta, mas nossas influências mesmo vêm um pouquinho mais de trás. Vêm de Guns N´ Roses, AC/DC, Van Halen, por ali. Tem um pouco do country americano também, que a gente curte bastante, Garth Brooks. É a mistura disso tudo, autoral, cantada em português.”
Na música brasileira, o sucesso repentino da Malta até aqui pareia com o de fenômenos pop da estridência de Secos e Molhados, RPM e Mamonas Assassinas. Grupos que, sem concursos na TV, surgiram de forma tão rápida quanto sumiram, cada um por um motivo diferente.
Do alto de seus 25 anos, Bruno sabe do inevitável desafio de manter a relevância pós-estouro. E a saída soa tão romântica quanto os acordes de faixas como "Diz pra Mim", primeiro clipe do grupo. “Acho que daqui para frente nós vamos tentar manter esse ‘boom’ através das nossas músicas. Fazendo o que a gente gosta. Buscando o coração das pessoas com isso.”
Os milhares de fãs arregimentados pelo "SuperStar" e pelas redes sociais poderão testar a vitalidade do repertório em breve. O segundo álbum, ainda sem previsão de lançamento, já tem várias faixas prontas, aguardando apenas ganharem arranjos em estúdio.
“O brilho de todo artista está na obra. Por mais que o cara não seja um exímio vocalista, um exímio guitarrista, se ele compor algo do coração e a música fizer sentido, uma hora ele vai ter sucesso”, filosofa o músico.
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