Programa do Chacrinha foi principal vitrine musical nos anos 80; relembre
Os momentos musicais mais marcantes da TV serão revisitados a partir desta sexta-feira (14), com a estreia de “Chacrinha, o Musical” no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro. Com direção de Andrucha Waddington, o espetáculo recria apresentações de diversos artistas que passaram pelos palcos dos programas do Chacrinha. E não foram poucos.
Se nos anos 1960 os festivais musicais eram a principal vitrine para novos artistas e compositores, a música dos anos 80 teve os programas de auditório como o veículo mais importante para popularizar um rosto ou divulgar uma música. Com grande aparato, e um sistema comercial forte, a época de ouro das gravadoras contava com o apoio de um fenômeno de audiência, o “Cassino do Chacrinha”.
“A primeira vez que fui no Chacrinha entrei no palco com muita timidez”, conta Biafra, que cantou o hit “Sonho de Ícaro”, no palco do "Cassino". “Aos poucos, ele foi me pegando pela mão e forçando o meu contato com o público. Quando vi, estava totalmente imobilizado, totalmente entregue no meio da massa. Nesse dia aprendi que o artista quando sobe no palco não pertence mais a ele, pertence ao povo”, relembra o cantor.
No ar entre 1982 e 1987, o "Cassino do Chacrinha" reuniu artistas de timbres e ritmos distintos, mas que conviviam pacificamente no mesmo estúdio colorido, com dançarinas pomposas e uma plateia sempre agitada.
Kátia
Era um programa bastante eclético, musical, tinha a coisa do humor, algo próprio do Chacrinha, que era uma pessoa atípica
Enquanto Titãs mostrava pedradas roqueiras, de cunho social, como “Polícia” e “Bichos Escrotos”, Moraes Moreira caía no seu frevo-axé. Enquanto Marina Lima cantava a poesia de seu irmão, o poeta Antonio Cicero, a cantora Kátia popularizava seu hit “Qualquer Jeito”.
“Era um programa bastante eclético, musical, tinha a coisa do humor, algo próprio do Chacrinha, que era uma pessoa atípica”, relembra Kátia. “Não havia preconceito musical e a qualidade das atrações era bem diferente”.
Na época, Chacrinha era criticado e até chamado de sensacionalista. Os números musicais, geralmente, serviam como resposta para essas questões. “Na pior das hipóteses, estou dando a essas pessoas alguma coisa para elas verem, se distraírem. Eu dou a eles o Jair Rodrigues, dou a Gal Costa, dou Ed Lincoln, dou Marcos Valle, dou a Elis Regina para ver, dou a Eliana Pittman, Os Caçulas, Os Demônios da Garoa. Artista custa dinheiro. Eles pagam 1 conto de réis para assistir a tudo aquilo. Não é bom?”, disse o apresentador, em entrevista publicada pela revista "Veja" em 1969, época em que ele apresentava dois programas na Globo, "Buzina do Chacrinha" e "Discoteca do Chacrinha", que nos anos 1980 se fundiram e viraram o "Cassino".
Em 1987, o apresentador comemorou seus 70 anos no programa. Já doente, Chacrinha chegou a ser substituído, a partir de 11 de junho de 1988, pelo humorista João Kléber. No dia 30 daquele mesmo mês, o apresentador morreu, deixando para sempre a sua marca na televisão brasileira.
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