Em cruzeiro, Roberto Carlos diz que cena polêmica de "Tim Maia" é mentirosa

Vestido todo de branco, descontraído e bem-humorado, Roberto Carlos concedeu uma entrevista coletiva a bordo do navio MSC Preziosa, ancorado em Búzios (RJ), na tarde desta quinta-feira (5). A conversa com o Rei foi acompanhada por pelo menos 1.000 fãs que participam da 11ª edição do cruzeiro “Emoções em Alto-Mar” e lotaram o teatro do navio --mesmo local onde ele realiza os shows do passeio--, indo ao delírio toda vez que o cantor falava sobre romance e sua vida amorosa.

Sempre simpático e sorrindo, Roberto Carlos não fugiu de nenhuma pergunta e falou sobre temas variados. Deu a entender que está namorando e não descartou um dia fazer uma música dedicada aos gays, além de comentar as recentes polêmicas que envolvem seu nome, como a da cena do filme “Tim Maia” em que aparece tratando o colega com descaso e a do veto à presença do jornalista Paulo César Araújo no cruzeiro.

“O veto não partiu de mim, mas da minha assessoria. E eu concordei inteiramente”, disse Roberto, que ainda chamou de “persona non grata” o jornalista, autor da biografia não-autorizada (e barrada na Justiça) “Roberto Carlos em Detalhes”. “Ele é uma persona non grata, e o navio é minha casa, são os meus convidados.”

O cantor contou ainda que sua autobiografia, para qual está gravando depoimentos, sairá com, pelo menos, dois volumes “com todas as verdades”. “Ninguém melhor do que eu para contar a minha história”, afirmou o Rei, que se assumiu “detalhista” e disse que por isso quer ir a fundo e escrever tudo sobre sua vida.

“Turmas diferentes”
Sobre a sua relação com Tim Maia e o filme, Roberto disse: “Nunca brigamos. Não vi o filme, mas minha assessoria me botou a parte de tudo. Quando fizemos os Sputnicks [conjunto musical formado por ele, Tim Maia e Erasmo Carlos na juventude], todos tinham a ideia de fazer carreira solo. Nunca houve ilusão”.

O Rei ainda disse que ele e Tim Maia apenas tinham “turmas diferentes” e acusou o longa dirigido por Mauro Lima de ser mentiroso. “Nunca houve aquela cena em que o Tim Maia aparece brigando, jogando pão em mim. É uma mentira. Quando ele voltou dos EUA, mais tarde, eu pedi para a [gravadora] CBS fazer um disco dele. Saiu, não fez muito sucesso, e ele foi para a Polydor”, disse o cantor, que também nega que tenha existido a cena em que um secretário dele joga dinheiro amassado no chão para Tim Maia.

“Só fiquei sabendo da tal cena do dinheiro agora. Nunca vi isso, nem ninguém dos músicos da época viu. Nunca tive secretário com aquele nome, que jogou dinheiro no chão”, afirmou Roberto. “Essas coisas estão deturpadas. Está havendo uma falta de ética de quem colocou isso no filme.”

Quando questionado sobre a cena ter sido cortada da versão do filme mostrada na Globo, em formato minissérie, o cantor limitou-se a responder: “Isso você tem que perguntar para quem fez”.

Música para gays
Durante a coletiva, outro assunto abordado foram as músicas que Roberto Carlos já compôs, principalmente nos anos 1990, para “as minorias”, como “Coisa Bonita” (para as gordinhas), “Mulher de 40” e “O Charme de Seus Óculos” (para as mulheres que usam óculos). Foi então perguntado ao Rei se ele gravaria uma música para os gays.

“Tudo tem seu momento. Fiz músicas para mulheres de óculos, as de 40... Não tenho nada contra [os homossexuais]. Inclusive sou a favor de todas as formas de amor e do casamento gay”, disse Roberto que, no entanto, falou que ainda não sabe como abordar o tema em uma música. “Não é um tema fácil. Mas não está fora de possibilidade.”

Vida amorosa
Para desespero das fãs --na maioria, mulheres entre 50 e 60 anos de idade--, que gritavam durante a entrevista sempre que o Rei tocava em algum assunto relacionado a romance, ele ainda deu a entender que estaria namorando, mas que não revelaria o nome da felizarda. Apenas disse que as pessoas saberão quem ela é “na hora certa”.

Mas o que fez o teatro do navio vir abaixo, mesmo, foi quando perguntaram a Roberto se ele teria coragem de viver uma história de amor com uma fã durante o cruzeiro, e ele disse que sim.