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"Chorão foi o último grande astro do rock nacional", diz Lucas da Fresno

André Cáceres

Do UOL, em São Paulo

06/03/2015 06h00

Há dois anos completados nesta sexta-feira (6) morria Chorão, um dos maiores mitos do rock nacional. Maior ídolo do estilo para a geração que cresceu entre o final da década de 90 e os anos 2000, o líder do Charlie Brown Jr teve importância decisiva para toda uma leva de bandas que se formaram no Brasil, deixando um vácuo que ainda não foi preenchido.

“O Charlie Brown Jr definiu boa parte do que é feito no rock brasileiro hoje”, afirma Lucas Silveira, vocalista da Fresno. “Hoje em dia, é muito difícil uma banda iniciante não ter influência deles. Pelo menos nos últimos 10 anos, todas as bandas tiveram alguma influência ou tem os caras como referência”, acrescenta ele.
 
Não são poucos os que admitem se espelhar nele como músico. "O Chorão amplificou a voz de uma massa, deu esperança, coragem a muitos jovens de encarar a vida", afirma Phil, guitarrista dos Detonautas. "Fez muitos entenderem que sonhos são objetivos e não apenas sonhos", concluiu o artista. 
 
"Na música, ele sempre foi meu mentor", revelou Di Ferrero, do NX Zero. "Dava conselhos sobre meu som e até sobre guardar dinheiro. Sempre autêntico e verdadeiro, não importa o que as pessoas pensavam", completa ele, e ainda diz que Chorão foi um "paizão".
 
Mesmo com o sucesso, Chorão sempre manteve contato com a cena underground de onde vieram, e isso foi um fator essencial para que eles se tornassem uma banda tão respeitada e influente pelos que estavam se lançando no mundo da música. “Ver a postura do Chorão ao vivo me influenciou bastante. Eu percebi que ainda tinha muito a me desenvolver pra ter metade do controle da plateia e do carisma que ele tinha”, assume Lucas.
 
“Tocar depois do Charlie Brown Jr é quase impossível, principalmente por causa da figura do Chorão”, completou o músico, que chegou a se apresentar lado a lado com eles durante um festival em 2006. O cantor Supla lembra que também já dividiu o palco com ele após voltar de uma temporada de sete anos no exterior. “Fui muito grato a ele por ter me chamado para cantar “Garota de Berlim” com ele, mesmo sem me conhecer”, reconhece ele.
 
“Ele foi sempre muito amigável. Faz muita falta, foi uma grande perda”, lamenta Supla, que acredita na forma de abordagem com um dos diferenciais de Chorão. “Ele trouxe uma maneira muito original de falar de uma região, de buscar seu lugar ao sol”, afirma ele. “Ele soube chegar na humildade”.
 
“Talvez o Chorão seja o último grande mega astro de rock do Brasil, com tudo o que tem direito. Ele era um desses caras. Vai ser sempre uma figura que as pessoas vão se lembrar”, arremata Lucas.