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"Eu era discriminada pelos caipiras"; veja frases de Inezita Barroso

Do UOL, em São Paulo

09/03/2015 09h49

Depois de um período internada no Hospital Sírio-Libanês, Inezita Barroso morreu na noite deste domingo (8), em decorrência de uma insuficiência respiratória aguda. Em várias entrevistas dadas para a imprensa, a cantora e apresentadora do "Viola, Minha Viola", da TV Cultura, mostrava sua irreverência, contava seus "causos" e chamava a atenção por sua história de vida.

Mulher de vanguarda e filha de uma grande família de 18 irmãos, ela enfrentou o dissabor do pai para ser a primeira mulher a gravar música caipira. Pioneira, ela não foi bem recebida pela sociedade, nem mesmo pelos próprios caipiras que faziam rodas de viola na fazenda de seu tio. "Eu era, inclusive, discriminada pelos caipiras", disse ela em uma de suas várias entrevistas.

Leia algumas das citações de Inezita Barroso:

Citações de Inezita Barroso

  • Reprodução/Cmais

    "Quando eu tinha 10 anos, montei uma biblioteca na garagem da minha casa. Era ótima, só com histórias infantis como Monteiro Lobato e outros grandes autores da época. Vinham todas as crianças para ler livros. Não tinha computador, vídeo game e nossa diversão era ler. A gente adorava. Eu encapei todos os livros, recebi doações e comecei minha biblioteca particular. Quando cresci, fui estudar biblioteconomia

    Inezita Barroso, em entrevista ao programa infantil "Cocoricó", da TV Cultura, em 2012
  • Reprodução/Cmais

    Tenho um bisneto que é agarrado com a mãe dele, com a vó e comigo. Eu mal sei o nome dele porque só o chamo de 'caipirinha'. Certa vez, ele disse à minha filha "Oh, vó Marta, fecha essa porta que tá 'chuvendo' [falando com 'r' caipira]". Eu pulei do sofá e achei lindo

    Inezita Barroso, em entrevista ao "Programa Esporte & Lazer", da Rádio Morada do Sol, em 2013
  • Reprodução/Cmais

    Naquela época [quando adolescente], as mulheres eram mais tranquilas, mas eu era do 'chifre furado' e eu aprontava com os primos. A gente fugia da fazenda e ia ver roda de viola. Era aquela viola de morrer. Aquilo falava doído no ouvido da gente. Teve uma época que ela ficou meio desprezada. Eu cantava todos os gêneros porque estudei música, mas resolvi partir para a música caipira. Era discriminada, era horrível. Imagina uma menina cantando com viola. Eu era, inclusive, discriminada pelos caipiras. Diziam que viola não era para mulher

    Inezita Barroso, em entrevista ao "Todo Seu", em 2010
  • Divulgação

    As rádios e gravadoras só queriam saber do pessoal do banquinho-e-violão ou daquela moçadinha cabeluda e suas guitarras estridentes

    Inezita Barroso, sobre sua música perder força com a ascensão da Jovem Guarda e da Tropicália
  • Reprodução/Cmais

    Meu pai era muito musical, todos os 18 filhos estudaram piano, alguns harpa, mas me apaixonei pela viola. Meus tios eram fazendeiros, a gente ia para vários pontos de São Paulo. O violão já estava na família meio mal aceito, mas estava. Quando ouvi aquela pureza, fiquei apaixonada. A viola é encantada

    Inezita Barroso, em entrevista a Ronnie Von, no "Todo Seu", em 2010
  • Reprodução/Cmais

    Eu não tenho computador e nem quero. Tenho celular, mas só sei receber e fazer ligação. Não sei [mexer em] mais nada. Essas coisas [tecnologia] me irritam muito. Engraçado isso. Prefiro ir pessoalmente perguntar para as pessoas pessoalmente

    Inezita Barroso, em entrevista ao programa "Vitrine", da TV Cultura, em 2010