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"Quero a bandeira de São Paulo no caixão", disse Inezita em último pedido

Do UOL, em São Paulo

09/03/2015 08h23

O corpo de Inezita Barroso está sendo velado na sala principal da Assembleia Legislativa de São Paulo, na zona sul da capital paulista, desde as 6h30 desta segunda-feira (9). O verlório foi aberto ao público às 7h. Marta Barroso, filha única da cantora, revelou o último pedido de sua mãe antes de morrer.

"'Eu quero a bandeira de São Paulo em cima do caixão'. Isso foi um pedido que ela fez para mim, particularmente, e falou várias vezes", disse a filha em entrevista ao "Bom Dia São Paulo" (Globo).

Já em conversa com um repórter do "Notícias da Manhã", do SBT, Marta falou sobre a parceria de Inezita com o cantor e compositor Paulo Vanzolini (1924-2013) e lembrou que ela foi a primeira a gravar a música "Ronda", imortalizada por Nelson Gonçalves. "Todo o mundo cantava, era amigo dela e, quando eu tinha uns quatro anos, ela foi gravar um disco. O Paulo estava com ela e perguntou o que ela ia gravar no lado B do disco. Ela nem sabia que dava para gravar do outro lado. Então, ele recomendou e autorizou minha mãe a gravar 'Ronda'", lembrou. "Mas o mais importante para ela sempre foram os fãs", completou ela.  

Segundo a família, Inezita morreu em decorrência de uma insuficiência respiratória aguda, e o enterro acontecerá às 17h no cemitério Gethsemani, no Morumbi, zona oeste de São Paulo.

Ignez Magdalena Aranha de Lima, nome de batismo de Inezita Barroso, nasceu em 4 de março de 1925, no bairro da Barra Funda, em São Paulo. Filha de família tradicional paulistana, passou a infância cercada por influências musicais diversas, mas foi na fazenda da família, no interior paulista, que desenvolveu seu amor pela música caipira e pelas tradições populares.  Formou-se em biblioteconomia pela USP, e foi uma grande pesquisadora do gênero musical. Por conta própria, percorreu o Brasil resgatando histórias e canções.

Além da cantora, foi instrumentista, arranjadora, folclorista e professora. Em cerca de 60 anos de carreira, gravou mais de 80 discos. Como intérprete, sua gravação mais famosa foi "Moda da Pinga", dos versos "Co'a marvada pinga é que eu me atrapaio/ Eu entro na venda e já dô meu taio/ Pego no copo e dali num saio/ Ali mesmo eu bebo, ali mesmo eu caio/ Só pra carregá é queu dô trabaio, oi lá!".

Na televisão, iniciou a sua carreira artística junto com a TV Record, onde foi a primeira cantora contratada. Depois, passou pela extinta TV Tupi e outras emissoras, até chegar à TV Cultura para comandar o "Viola, Minha Viola", onde apresentava desde os anos 1980.

Inezita manteve a rotina de apresentações e gravações do programa até 2014. Em dezembro, ela chegou a ser hospitalizada após cair dentro da casa de sua filha, em Campos do Jordão, no interior de São Paulo. Desde então, não participou mais do seu tradicional programa de música sertaneja.