"Viola, Minha Viola" foi o que fez Inezita viver até os 90, diz filha
A cantora Inezita Barroso, morta neste domingo (8), foi enterrada às 16h36 no cemitério Gethsêmani, no Morumbi (zona oeste de São Paulo). O caixão chegou coberto pelas bandeiras do Corinthians e do Estado de São Paulo. Cerca de 200 pessoas acompanharam o funeral, entre amigos, familiares e fãs. Quando o corpo estava sendo enterrado, um grupo de 17 pessoas tocou a música "Lampião de Gás" com berrantes, flautas doces e viola.
Sua filha, Marta Barroso, disse que a mãe era exatamente como o público a via na televisão e que o programa "Viola, Minha Viola" manteve sua mãe em pé até os 90 anos.
"No geral ela era feliz e alegre. E o que movia minha mãe era o 'Viola, Minha Viola'. Foi esse programa que a fez ficar de pé até os 90 anos trabalhando. Tenho muito orgulho da minha mãe. O que ela deixa é sua música, carisma e coisas boas. E quando se deixa coisas boas, você recebe de volta coisas boas, que é o que tenho visto da parte dos fãs."
Ela disse que pretende preservar o legado da mãe digitalizando as músicas, as imagens e os documentos que Inezita mantinha em casa e disponibilizá-los para pesquisa.
Rolando Boldrin, 78, apresentador do programa “Sr. Brasil”, também na TV Cultura, acompanhou o enterro. “Acho que o segmento caipira perde muito com a morte de Inezita. Ela foi uma forte e apaixonada defensora da música caipira”. A dupla caipira Lourenço e Lourival, também acompanhou o sepultamento. “É uma perda irreparável. Ficamos juntos por 35 anos, sempre participando do ‘Viola, Minha Viola’. Ficou um vazio que é insubstituível”, disse Lourenço.
Damiana da Cunha, 70 anos, era uma das fãs de Inezita que acompanharam o enterro. Ela frequentava semanalmente as gravações do “Viola, Minha Viola”. “Eu frequentei o programa por 17 anos. Inezita se foi, mas vai continuar influenciando a nossa cultura”, disse. Outra fã que acompanhou o enterro foi Sonia Maria Carvalho, 59. “Ela foi um ícone da música popular. Era uma pessoa maravilhosa”.
Antônio de Inácio Junior, 49, também conhecido como Sorriso do Berrante, foi uma das pessoas que prestou a última homenagem para Inezita. “Não sei o que vou assistir nos domingos agora que Inezita partiu. Ela gostava do toque do berrante”, lembrou.
Legado
A cantora e apresentadora Inezita Barroso, conhecida por sua defesa da cultura caipira, à qual dava espaço no programa "Viola, Minha Viola", que apresentou por quase 35 anos, estava internada no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, desde o dia 19 de fevereiro. Completou 90 anos no último dia 4. A cantora deixa uma filha, Marta Barroso, três netas e cinco bisnetos.
Segundo a família, Inezita morreu em decorrência de uma insuficiência respiratória aguda e o velório ocorreu na Assembleia Legislativa de São Paulo, no centro da capital paulista, e ficou fechado apenas para a família por meia hora.
Ignez Magdalena Aranha de Lima, nome de batismo de Inezita Barroso, nasceu em 4 de março de 1925, no bairro da Barra Funda, em São Paulo. Filha de família tradicional paulistana, passou a infância cercada por influências musicais diversas, mas foi na fazenda da família, no interior paulista, que desenvolveu seu amor pela música caipira e pelas tradições populares. Formou-se em Biblioteconomia pela USP, e foi uma grande pesquisadora do gênero musical. Por conta própria, percorreu o Brasil resgatando histórias e canções.
Além da cantora, foi instrumentista, arranjadora, folclorista e professora. Em cerca de 60 anos de carreira, gravou mais de 80 discos. Como intérprete, sua gravação mais famosa foi "Moda da Pinga", dos versos "Co'a marvada pinga é que eu me atrapaio/ Eu entro na venda e já dô meu taio/ Pego no copo e dali num saio/ Ali mesmo eu bebo, ali mesmo eu caio/ Só pra carregá é queu dô trabaio, oi lá!".
Na televisão, iniciou a sua carreira artística junto com a TV Record, onde foi a primeira cantora contratada. Depois, passou pela extinta TV Tupi e outras emissoras, até chegar à TV Cultura para comandar o "Viola, Minha Viola", onde apresentava desde os anos 1980.
Inezita manteve a rotina de apresentações e gravações do programa até 2014. Em dezembro, ela chegou a ser hospitalizada após cair dentro da casa de sua filha, em Campos do Jordão, no interior de São Paulo. Desde então, não participou mais do seu tradicional programa de música sertaneja.
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