Brasil precisa lutar para legalizar a maconha, diz vocal do Cypress Hill
De volta ao país após um intervalo de apenas 16 meses, o rapper Sen Dog, do Cypress Hill, tem poucas e boas histórias brasileiras para contar. A melhor delas, revela, é a do primeiro encontro com os fãs Max e Igor Cavalera, em 1995, época em ainda integravam o Sepultura.
“Estava no quarto do hotel, relaxando, até que alguém da recepção me telefonou. Havia dois caras que diziam que me conheciam esperando no bar. Dois caras? Eu não conhecia ninguém no Brasil! Desci lá e lá estavam eles. Descobriram o hotel em que eu estava e foram lá só para me conhecer. Tomamos cerveja e somos amigos desde então”, relembra o rapper por telefone ao UOL.
A próxima visita de Sen a São Paulo, terra em que diz se sentir em casa, está marcada para esta quarta (18), quando o grupo faz apresentação única no país, na segunda edição do M.A.C. (Música, Arte e Comportamento) Festival, no Espaço das Américas, zona oeste da capital.
Formado na pequena cidade californiana de South Gate, em 1988, o Cypress Hill é uma espécie de Beatles do hip hop da costa oeste americana. Unindo guitarras, rimas do rap e integrantes de origem latina, o grupo contribuiu para a popularização de uma nova estética sonora, que também abria espaço para latinidades e o discurso pró-legalização da maconha.
Sen Dog
Continua sendo muito importante falar sobre a maconha. A essência da cannabis, que vem da planta, está ajudando muita gente doente no mundo. E isso vem sendo provado cada vez mais por diversos estudos.
“Quando nós começamos, a maconha tinha uma reputação muito ruim. As pessoas pensavam e falavam sobre ela de maneira equivocada, a incluindo junto de outros tipos de narcóticos, mais pesados. Aquela era uma boa hora para dizer que nós realmente acreditávamos no poder da marijuana”, diz Sen.
“E hoje, 25 anos depois, esse continua sendo um assunto muito importante. A essência da cannabis, que vem da planta da maconha, está ajudando muita gente doente no mundo. E isso vem sendo provado cada vez mais por diversos estudos.”
Além da amizade com os ex-Sepultura, a ligação de Sen com o Brasil foi rencemente registrada em disco: a faixa “Dubmundos”, incluída no último álbum dos Raimundos, em que canta sob a base suingada da banda brasiliense. “Gostei muito do resultado.”
Outro “filho” brasileiro do Cypress Hill, o Planet Hemp, também é motivo de elogios do rapper de origem cubana. “Já ouvi falar muito sobre eles. Acho que é muito bom que existam bandas como o Planet Hemp, que consigam manter esse movimento aceso. Os brasileiros também precisam assumir a luta pela legalização da maconha e combater esse sistema.”
O show desta noite será, como de praxe, retrospectivo, com foco no repertório de “Black Sunday” (1993), álbum que apresentou às massas o groove latino do hip hop. Mas, segundo o rapper, podem haver surpresas do novo disco, previsto para outubro. Será o primeiro trabalho com a formação clássica em 11 anos, na volta do DJ e produtor Muggs.
“Não há nada que eu possa dizer sobre o disco, ainda não está pronto. Nós voltamos a trabalhar com o DJ Muggs, que tem um estilo muito próprio de produzir. Eu digo apenas que será diferente de tudo. O mundo ficará surpreso.”
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