Vinis, cores e obsessão pelo nº 3: conheça o estranho mundo de Jack White

Com seu jeito taciturno e estilo inconfundível, Jack White, 39 anos, poderia muito bem ter saído diretamente de um filme de Tim Burton. Seu modo peculiar de se vestir, quase sempre de chapéu e combinando cores, no entanto, não existe apenas para alimentar um personagem. White sempre foi assim, desde a adolescência. O músico, que se apresentará no sábado (28), às 21h15, no festival Lollapalooza Brasil, vive em um estranho mundo que parece ter sido construído sob medida para abrigar sua simbólica personalidade.

Exemplos não faltam. Por anos, White disse que era irmão da baterista Meg White, sua parceira no White Stripes, quando, na realidade, eles eram divorciados. Depois, em uma passagem memorável pelo Brasil, o músico se casou dentro de uma canoa no encontro do rio Negro com o Solimões, em Manaus. Desde sempre, seus figurinos sempre seguiram padrões de cores: por exemplo, preto, branco e vermelho. E, como se não bastasse, ele é fã de instrumentos vintage e de vinis. Seu LP mais recente, “Lazaretto”, teve mais de 60 mil cópias comercializadas e se tornou o vinil mais vendido em 20 anos.

Relembre abaixo alguns casos do estranho mundo de Jack White

Mania por cores:

Há 25 anos, antes de criar o White Stripes e popularizar a combinação das cores preto, vermelho e branco, Jack White trabalhou restaurando móveis e criou a empresa “Third Man Upholstery” (Third Man Estofados), com o slogan “Seus móveis não estão mortos”. As cores da empresa eram preto e amarelo. E tudo seguia este padrão, desde uma van amarela, passando pelo uniforme e até a prancheta. Anos depois, ele usou o nome da empresa para criar o “Third Man Rolling Record Store”, com uma van também amarela e preta, onde vendia discos e que servia como palco para shows. O amarelo e o preto ainda estão presentes nas salas de seu selo de discos, a Third Man Records, no qual todos os funcionários também têm de trabalhar vestidos de preto e amarelo. Nas apresentações de sua careira solo, White aparece sempre com roupas monocromáticas, combinando tons sobre tons.

O selo de Jack White, Third Man Records, cujo nome também batiza uma loja própria para a venda de discos, uma casa de shows e uma produtora, lança e comercializa, principalmente, discos de vinil, embora também venda alguns CDs e outros produtos. Fora isso, outro fato que comprova o amor de White por vinis foi a compra, em um leilão realizado quando Elvis Presley completaria 80 anos, da primeira gravação do Rei do Rock. O disco de acetato foi adquirido por US$ 300 mil, e a gravação deve ser lançada no próximo Record Store Day, data dedicada às lojas de discos de vinil. Em entrevista à revista "Billboard" americana, ele revelou como consome música: "Digital no carro, vinil no quarto".

Além de ser apaixonado por LPs, Jack White também tem preferência por instrumentos vintage. O músico possui vários, que são usados em shows e para gravar seus discos. Isso se deve à influência que ele tem dos músicos de blues. Alem das guitarras, algumas bem antigas e surradas, ele possui amplificadores e baterias, todos antigos. Um desses instrumentos é uma Gibson L-1 acústica, de 1915, que ele usou nas gravações do álbum "Ichky Thump", do White Stripes.

Criado em família católica, Jack White, cujo o nome de batismo é John Anthony Gillis, é o caçula de dez filhos. A família de sua mãe era polonesa, e a de seu pai tinha descendência escocesa e canadense. Em 2005, em entrevista ao programa de TV americano "60 Minutes", White revelou que quase foi aceito em um seminário de Wisconsin e poderia ter virado padre, mas desistiu porque queria ter um amplificador em seu quarto.

Talvez uma das notícias mais estranhas da carreira de Jack White foi a de que ele era casado com Meg White, sua parceira no White Stripes. Desde o início da banda, White e Meg afirmavam que eram irmãos, quando, na realidade, eles eram divorciados. Os dois foram casados de 1996 a 2000. A notícia foi divulgada em 2003 por um jornalista de Detroit. Em outras entrevistas, Jack disse que preferiu não contar que era casado com Meg para evitar que a imprensa divulgasse notícias sobre sua vida pessoal em vez de informações sobre a banda. Meg é muito tímida e, desde o fim da banda, aparece pouco na imprensa. A baterista casou-se em 2009 com Jackson Smith, filho de Patti Smith, mas se separou em 2013.

Outra mania de Jack White é pelo número 3. No White Stripes, o número aparece na quantidade de cores da banda (branco, preto e vermelho), nos elementos mais importantes de sua música (narrativa, melodia e ritmo) e nos instrumentos usados para compor (bateria, guitarra e voz). Nos shows do White Stripes, ele usava apenas três guitarras: a vintage 1960's-Airline, uma 1950's Kay Hollowbody e uma Crestwood Astrall II. Além disso, a marca “Third Man” faz referência ao número três. Por fim, o músico assina suas composições como "Jack White 3º".

Em 2005, o White Stripes fez uma memorável passagem pelo Brasil, sendo o ápice desta apresentação o show que a banda fez no Teatro Amazonas, em Manaus. Na ocasião, em segredo, Jack White casou-se com a modelo inglesa Karen Elson, em uma canoa no encontro dos rios Negro e Solimões. A cerimônia foi celebrada por um pajé brasileiro. Até então, Karen era apresentada apenas como uma integrante da equipe da banda. Do relacionamento do casal, nasceram os dois filhos Scarlett Teresa White e Henry Lee White. Em 2013, os dois decidiram se separar, mas em vez de brigar, eles resolveram fazer uma “festa de divórcio”, para a qual convidaram os amigos, que dançaram, se divertiram e beberam à vontade.