Interpol traz nova formação ao Lollapalooza e refuta rótulo pós-punk
Na terceira visita ao país, o Interpol nunca esteve tão diferente. Um trio desde a saída do baixista Carlos Dengler, o grupo americano é uma das atrações do festival Lollapalooza, no próximo fim de semana, com as quatro cordas agora a cargo do próprio vocalista Paul Banks. O resultado da “experiência” pode ser ouvido no álbum “El Pintor” (2014), sucesso de crítica, descrito como uma salutar volta às origens, embora soe um pouco menos sombrio que os primeiros discos da banda.
"Algo mudou nas composições, mas são sei exatamente o quê", contemporiza ao UOL o guitarrista Daniel Kessler. "Começamos a ensaiar e ficamos muito empolgados no final. Acho que, desde que começamos nesse formato, o Paul imprimiu o estilo dele. Foi natural. E o baixo normalmente é muito importante para nós. É a base das nossas músicas.”
Nas palavras do guitarrista, no entanto, as diferenças de dinâmica e composição vão até a página dois. A essência do Interpol está lá, intacta. E as músicas novas, que serão apresentadas no Lollapalooza, diferem apenas por serem frutos de um período específico da banda. “O que mudou, na verdade, é o que sempre muda quando lançamos algo novo. Somos uma banda diferente agora. Nunca sento para decidir o que eu vou fazer no próximo disco.”
Daniel Kessler
Não somos 'pós-punk revival', Já ouvi muitas bandas na vida, de pós-punk e de todos os outros estilos. E não dá pra dizer que somos como todas elas, não é?
Natural, também, é a forma com que a banda lida com festivais. A experiência de subir ao palco sem saber muito o que esperar, encarando um público diverso que não necessariamente está ali para ver sua banda, é descrita como uma experiência desafiadora —e necessária.
“Gosto muito disso. Porque é algo muito espontâneo e imprevisível. Quando estamos em festivais, podemos tanto tocar por uma hora e meia, à meia noite, como tocar mais cedo, usando piano, por apenas 15 minutos. Às vezes não há nem passagem de som. E no público há muitas diferenças culturais, da própria sociedade. É cativante.”
Formado em Nova York em 1997, o Interpol ganhou proeminência em meados dos anos 2000, quando, ao lado de nomes como Strokes, The White Stripes e The Hives, ancorou uma nova leva da música alternativa. Na fórmula sonora, linhas de baixo retas, acordes secos de guitarra e vocais especialmente dramáticos, típicos do pós-punk. Só não tente dizer a Paul que eles faziam parte de um revival do gênero. É aí que ele, inconformado, mais se alonga na resposta.
“Olha, incomodar não incomoda, exatamente porque não sei se isso é verdade (risos). Não somos 'pós-punk revival', Quando você começa a lançar discos, as pessoas dão muitas opiniões, mas não necessariamente descrevem o que você realmente é. E essa é beleza de compor e gravar, saber que estão discutindo seu disco. Já ouvi muitas bandas na vida, de pós-punk e de todos os outros estilos. E não dá pra dizer que soamos como todas elas, não é?”
O fato de o Interpol ter lançado o quinto trabalho de estúdio em 2014, longos quatro anos após o predecessor, gerou certa desconfiança entre os fãs. Nada demais, segundo Kessler. Essa é apenas uma forma de gerenciar o trabalho. "Nesse tempo, excursionamos por dois anos. Se você pensar, se não tivesse demorado quatro anos, não conseguiríamos ter vindo ao Brasil em 2011. Teríamos que gravar outro disco. É uma questão de escolha. Ser você quer tocar para as pessoas do mundo, é preciso fazer uma coisa de cada vez."
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