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Lavigne reclama que YouTube não paga direitos autorais: "Esmaga o criador"

Paula Lavigne, do Procure Saber, afirma que o YouTube não pagou os direitos autorais - Pedro Ladeira/Folhapress
Paula Lavigne, do Procure Saber, afirma que o YouTube não pagou os direitos autorais Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Felipe Branco Cruz

Do UOL, em São Paulo

17/04/2015 19h24

Em um texto publicado em seu perfil nas redes sociais na tarde desta sexta-feira (14), Caetano Veloso revelou que o Google entrou com uma ação na Justiça para "não pagar os direitos autorais aos criadores nacionais".

O movimento Procure Saber, liderado pela produtora Paula Lavigne, que reúne diversos músicos brasileiros, entrou na briga e está ajudando nas negociações. Em entrevista por telefone ao UOL, Lavigne disse que "o digital está massacrando a criação". 
 
"O digital é o grande inimigo dos produtores de conteúdo", disse a produtora, que explicou que o Google paga apenas o direito fonomecânico à gravadora e não o direito autoral ao artista. Ela explica a diferença: "Você escreveu um poema, e um artista gravou uma música com este poema. A música foi para a gravadora e parou no YouTube. O YouTube paga para a gravadora o direito de usar o fonograma, que repassa uma pequena porcentagem para o cantor. O autor do poema, no entanto, não recebe seu direito autoral", diz ela.
 
No Brasil, uma das entidades responsáveis por receber os pagamentos de direitos autorais e repassá-los aos músicos é a Ubem. Outra é o Ecad (Escritório de Direitos Autorais), que repassa aos artistas os valores relativos a execuções em ambientes públicos, como bares, casas de show e programas de auditório. "No meio digital, a reprodução da música não é em ambiente público, ou seja, não compete ao Ecad receber, e, sim, à Ubem. E a Ubem não está recebendo", explicou. 
 
Sem acordo
 
Em um comunicado oficial divulgado pelo Google, assinado pela diretora de comunicação Flavia Sekles, a empresa afirma que as negociaçãos sobre o assunto não chegaram a um acordo. "Por isso o YouTube não teve alternativa senão buscar o auxílio no Poder Judiciário", informando ainda que a empresa depositou em juízo cerca de R$ 5 milhões pela reprodução de obras no site nos últimos 27 meses, visando pagar os compositores brasileiros representados pela Ubem. 
 
"Esse valor é muito pouco. É ridículo", rebate Paula Lavigne, que também quer pedir ajuda ao Ministério da Cultura. "Temos que ir atrás do Minc, falar com o ministro. O governo precisa se pronunciar também. O criador vai ser esmagado pelo digital", disse. 
 
No comunicado, o Google destacou ainda que "usuários do mundo todo transformaram o YouTube na plataforma ideal para conectar artistas e fãs, e para que artistas gerem receita com suas obras". Em outro trecho, a gigante de comunicações afirma que leva os direitos autorais a sério. "Caso contrário, deixaria de ser uma plataforma em que artistas e detentores de direitos autorais divulgam, administram e obtêm receita com seu trabalho. É fundamental que os artistas e proprietários de direitos autorais obtenham a remuneração exata por todo seu conteúdo reproduzido no YouTube, e por isso estabelecemos dezenas de acordos com associações de gestão musical em mais de 130 países" (leia aqui o comunicado na íntegra).
 
Procurada, a Ubem não se manifestou até a publicação desta reportagem.
 
Leia abaixo o post de Caetano Veloso no Facebook:

 

 

 

Alerta vermelho! SOS direito autoral!Mais uma vez, os direitos do autor e do intérprete estão em risco! E a APS...

Posted by Caetano Veloso on Quarta, 4 de março de 2015