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Sem novidades, Billboard Awards é a festa da firma da indústria fonográfica

José Norberto Flesch

Do UOL, em São Paulo

18/05/2015 07h53

Pense numa empresa em que o patrão decide fazer uma festa para premiar os funcionários que tenham apresentado os melhores resultados naquele ano. É mais ou menos o que acontece no Billboard Music Awards.

A edição 2015, realizada na noite deste domingo (17), em Las Vegas, foi apenas mais uma celebração de rendimentos do mundo da música. Com base no sucesso que cada artista fez nas paradas, no período, a cerimônia serve para distribuir troféus, mas só para isso. A entrega das honrarias, no entanto, busca audiência, e daí se monta um circo para que o público-alvo não só ligue a TV, como não troque de canal.

Taylor Swift foi a principal vencedora da noite, e é também a artista que faz a indústria fonográfica respirar, única cantora que consegue, hoje, mais do que qualquer cantor ou banda, números de venda (relativamente) comparáveis aos que se viam nos anos 1990, na época pré-pirataria.

Enquanto festa, o Billboard Music Awards anima, e pode ser base para se saber o que se ouve na música, atualmente, mas não o que se poderá ouvir. O BMA não é uma plataforma de lançamento de artistas, mas é uma alavanca de divulgação para a carreira de alguns que já estão bem encaminhados. Se não mostra o novo, ao menos mostra o que há de novo dos “velhos”. Exibiu em primeira mão, por exemplo, o novo vídeo de Taylor Swift, feito para a música “Bad Blood”.

Também deixa a sensação de que, nos bastidores, funciona um pouco como a produção de um festival de música pop. Shows de Van Halen e Mariah Carey foram inseridos na premiação. A banda arma nova etapa de turnê. A cantora surge no momento em que fecha acordo para residência em um famoso espaço de apresentações de um hotel.

Em seu endereço no Twitter, o baixista Wolfgang Van Halen insinuou, após a apresentação no BMA, que a participação da banda criada por seu pai e seu tio foi um favor, ou ao menos algo combinado que permitiu ao quarteto grande promoção. É mais ou menos como um músico, durante um show em um festival, agradecer à produção por estar lá.

Como o que interessa é a audiência, e o BMA não é nada mais do que um programa de TV, é justo incluir homenagens (no caso, a B.B. King e Ben E. King, mortos recentemente; e ao filme “Clube dos Cinco”, que completou 30 anos) ou reunir dois ou mais artistas para um número musical. Vale também convidar astros de seriados, principalmente se a trilha sonora for sucesso.

Com tudo isso, dá até para se divertir vendo o Billboard Music Awards, mas não se pode levá-lo a sério. A sensação de que se está premiando quem já é premiado, ou que já deveria ter sido, apaga o sabor que se tem ao entrar em uma loja de discos, ou em um aplicativo de música, e saber quais são os novos artistas. Festa alimenta, mas é a busca pela novidade e a renovação que fazem, realmente, a indústria da música ir adiante.