Topo

Após 18 anos, dupla Chitãozinho & Xororó volta a lançar disco em vinil

Felipe Branco Cruz

Do UOL, em São Paulo

10/07/2015 07h00

A dupla sertaneja Chitãozinho & Xororó lança nesta sexta-feira (10) a versão em vinil do álbum "Tom do Sertão", em homenagem ao compositor Tom Jobim. Os formatos digitais e em CD já tinham sido lançados no início do ano. A chegada do trabalho em LP é significativa, já que os maiores sucessos da dupla foram feitos neste formato e há 18 anos eles não lançavam nada em vinil. O último disco dos sertanejos que saiu no formato foi a compilação de músicas natalinas "Em Família", em 1997, pela PolyGram. 

Lançar discos sertanejos em LP, no entanto, está se tornando uma tendência entre os artistas do meio. Por exemplo: em 2014, a dupla César Menotti & Fabiano lançou "Memórias Anos 80 e 90 - Ao Vivo", e, no início deste ano, Luan Santana lançou seu primeiro trabalho acústico no formato. João Augusto, consultor da Polysom, empresa que produziu os bolachões, garante que há mais sertanejos sendo gravados. "Mas por ser fabricação encomendada, não podemos citar seus nomes por razões de confidencialidade", contou. 
 
Capa do CD e LP "Tom do Sertão" de Chitãozinho & Xororó em homenagem a Tom Jobim - Divulgação - Divulgação
Capa do LP "Tom do Sertão"
Imagem: Divulgação
Ao UOL, Chitãozinho e Xororó comentaram o lançamento. "Estamos muito contentes de poder voltar a lançar nossas músicas nesse formato, em uma época totalmente digital, depois de termos vendido muitos discos em nossa carreira --grande parte em vinil", disse Chitãozinho. "Quando começamos a cantar, nos anos 1970, o LP era o principal meio de o artista divulgar seu trabalho ao público, e, hoje em dia, ele volta a ganhar espaço no mercado fonográfico", completou o artista.
 
De fato, os maiores sucessos da dupla saíram neste formato. São eles "Amante" (1984) e "Fotografia" (1985), ambos venderam 1,8 milhões de cópias. Já "Coração Quebrado" (1986), que vendeu 1,7 milhão. Todos os três trabalhos ganharam disco de diamante. Depois disso, nenhum outro álbum da dupla superou essas marcas. Todos os discos somados de Chitãozinho & Xororó ultrapassam a marca dos 37 milhões de cópias. No ranking dos artistas que mais venderam discos no país, eles ocupam a 8ª colocação. O primeiro lugar, não por acaso, é também de uma dupla sertaneja: Tonico & Tinoco, com 150 milhões de cópias.
 
Trabalho conceitual
 
"Achamos que era o momento certo. Este projeto em homenagem ao maestro Tom Jobim tem tudo a ver com o formato em vinil por ser um trabalho bem conceitual e especial", disse Xororó. "Ouvimos de Roberto Carlos a Mumford and Sons. Gostamos bastante da sonoridade do vinil, dos encartes maiores e do chiado característico, que trazem certa nostalgia", contou o artista. 
 
O lançamento no final do ano passado do LP "Memórias dos anos 80 e 90", da dupla César Menotti & Fabiano, também teve um motivo especial. Segundo César Menotti, a temática do disco despertou o interesse no formato. "Lançamento apenas 400 cópias. É mais uma edição especial de colecionador", explicou. "Trabalhei em loja de discos quando era mais novo. Adoro o cheiro da capa e a nostalgia que isso traz", completou. 
 

João Augusto da Polysom

  • Em geral, os artistas veem um glamour imenso na reprodução de seus trabalhos em vinil. Nenhuma artista vai à televisão, por exemplo, mostrar CDs. Todos mostram seus discos de vinil

    João Augusto, consultor da Polysom
 
César Menotti destacou, no entanto, que só voltará a lançar outros discos em vinil se houver um motivo especial. "Até a foto da capa foi pensada no formato dos bolachões, onde aparecemos numa fazenda, com jaqueta de couro, cordão de ouro, assim como os artistas que mais venderam LPs no passado", concluiu. 
 
Luan Santana, que nasceu na década de 1990, quando o CD reinava quase absoluto, disse ao UOL que a época do vinil foi de ouro para a música. "É um prazer ouvir minhas músicas neste formato", disse. "Nunca comprei LP, mas me lembro dos meus pais que não paravam de ouvir Zezé Di Camargo & Luciano, Chitãozinho & Xororó e Roberto Carlos em LP", contou. 
 
Agora, o artista também adere ao vinil com "Luan Santana Acústico". O motivo que levou Luan a lançar o trabalho nesse formato também foi especial. É o primeiro álbum acústico do artista. "É um trabalho temático, inspirado nas décadas de 50 e 60. Tem tudo a ver com LP. Lançamos uma edição limitada que acabou em poucos dias", explicou. 
 
Se depender do interesse dos artistas, o lançamento em vinil vai continuar. Pelo menos é o que garante João Augusto, da Polysom. "Em 2014, nossa produção aumentou 62% em relação a 2013. Em geral, os artistas veem um glamour imenso na reprodução de seus trabalhos em vinil. Nenhuma artista vai à televisão, por exemplo, mostrar CDs. Todos mostram seus discos de vinil", contou o empresário.