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Banda brasileira junta Hitler, Napoleão e vikings em clipe sobre guerras

Guilherme Solari

Do UOL, em São Paulo

18/08/2015 07h00

Imagine a cena: você sai na rua pela manhã e se depara com jipes militares saindo e entrando de um hospital abandonado, soldados, gladiadores, arqueiros, Hitler ao lado Napoleão, explosões e um índio norte-americano desfilando com um cavalo.

Essa foi a surpresa susto que os moradores do bairro curitibano Jardim das Américas tiveram no dia de gravação do clipe de "F*cking War", da banda Sephion. "Muitos curiosos apareciam e, quando falávamos que era um videoclipe, as pessoas diziam que só podia mesmo ser coisa de Hollywood", disse ao UOL o produtor Ruy Marques. "Paramos o bairro neste dia, as pessoas não sabiam o que estava acontecendo dentro do complexo".

Os produtores não escondem as ambições cinematográficas do clipe da banda de heavy metal, que vai retratar em cinco minutos 3.000 anos da história das guerras em todo o mundo. "Será o videoclipe mais audacioso realizado no Paraná", promete Marques.

"F*cking War" faz parte de um novo EP com seis músicas que a banda Sephion lançará este mês --quatro dessas músicas eles tocaram em julho, no festival de música Imagine. Na ocasião, a Sephion venceu a etapa nacional do evento, que acontece em dez países, e vai representar o Brasil na final mundial na Croácia, em 2016.

Pesquisa histórica cuidadosa

Para produzir o vídeo, a banda fez uma pesquisa histórica cuidadosa, garante o vocalista B. Fortress. "A cena do Hitler, por exemplo, foi muito bem estudada. É um fato histórico que talvez não seja muito bem conhecido, e que deixa as pessoas intrigadas". B. Fortress refere-se ao incidente com o soldado inglês Henry Tandey, que lutou na Primeira Guerra Mundial e decidiu poupar um soldado alemão que encontrou atordoado por um explosão e armado apenas com uma foto de sua mãe em mãos. O soldado chamava-se Adolf Hitler, que décadas depois mudaria o curso da história.

Muitos objetos de cena foram construídos para o videoclipe, entre eles a réplica de um canhão de 1815, com a função de atirar de verdade sem o uso de pós-produção para recriar a batalha de Waterloo. "Também tivemos uma cena difícil de um ator pegando fogo. Outros objetos de cena também foram criados, como a base do cavalo de Tróia, além de alguns figurinos confeccionados exclusivamente para o videoclipe", contou o diretor Nyck Maftum.

Para conseguir realizar o que imaginavam com um orçamento enxuto --que eles mantêm em segredo--, os produtores buscaram o apoio de entidades como Polícia Militar, Policia Civil e Exército Brasileiro para as gravações. Eles conseguiram até viaturas históricas para as filmagens, cedidas pelo presidente da Brigada Paranaense de Viaturas Antigas, Luércio Turra. Na pós-produção, foi desenvolvido digitalmente um carro blindado utilizado na Segunda Guerra Mundial, assim como o Cavalo de Tróia completo. "Durante a gravação da Guerra do Golfo e a Segunda Guerra Mundial explodimos bombas reais para os atores entrarem no clima de guerra", lembra Maftum.

Os desenvolvedores esperam que o resultado do clipe incentive novas iniciativas nacionais. "Os produtores têm medo de investir em ideias inovadoras, nosso parâmetro principal são os vídeos internacionais e esse medo faz com que não tenhamos uma inovação grande de nossas historias e conteúdos", acredita Maftum. "O ato de criar abre portas e faz com que o mercado não tenha medo de gravar videoclipes mais impressionantes e visualmente ricos".

O clipe de "F*cking War" será lançado no dia 20 de setembro, véspera do Dia Internacional da Paz.