Líder do OneRepublic ensina fórmula do hit: "emoção e melodia"
O americano Ryan Tedder, 36, é vocalista, produtor, autor de músicas de Adele, Beyoncé e Taylor Swift –apenas para citar três nomes– e, como se não bastasse, líder da sensação do pop rock OneRepublic.
Você pode até nunca ter ouvido falar do sujeito, OK, mas é questão de tempo. O “rei secreto do pop”, como já foi descrito pela revista “Billboard”, terá a chance de mudar esse cenário já na próxima sexta (18), primeiro dia de Rock in Rio.
A banda abrirá o show do Queen no palco Mundo, o principal do festival. No domingo (20), o grupo se apresenta também em São Paulo, no Espaço das Américas. Chances para ligar as melodias assobiáveis de "Apologize" e "Counting Stars" e "Love Runs Out" a seu autor, espécie de Midas das paradas de sucesso.
Em entrevista ao UOL por telefone, Tedder se mostrou um rei sem rodeios: explicou o motivo de nunca ter tocado por aqui, falou sobre a fórmula do sucesso e revelou ainda como é trabalhar com Adele, que está preparando seu aguardado novo álbum, que deve sair em novembro.
Veja abaixo os principais trechos da conversa.
UOL - O OneRepublic já faz sucesso há oito anos. Por que vocês demoraram tanto vir ao Brasil? Culpa dos empresários?
Ryan Tedder - A gente sempre culpa os empresários, claro. Mas vou ser honesto com você. Outras bandas e artistas não percebem isto, mas o custo de uma turnê na América do Sul é muito, muito alto. Uma turnê dessas só é viável quando você é capaz de encher arenas.
Nós tentamos ir à América do Sul nas três vezes que lançamos um álbum, mas sempre recebemos uma negativa, pois custaria milhares e milhares de dólares. Tivemos de esperar até que conseguíssemos ser amparados por algo como o Rock in Rio. Mas, agora, tenho certeza que a América do Sul vai fazer parte de todas as turnês que fizermos.
Já sabe o que esperar dos fãs brasileiros?
Locura e energia. Eu ouvi que os fãs sul-americanos são os mais intensos no mundo. Estava inclusive conversando isso com o Ed Sheeran umas semanas atrás. A gente estava comparando quem tinha os fãs mais selvagens do mundo. Ele me disse que estão entre Escócia e América do Sul. Nós tocamos na Escócia muitas vezes, e eles são realmente os mais loucos que já vi até agora. Mal posso esperar para ver os fãs no Brasil.
Ryan Tedder
Adele é Adele. Apenas uma garota do norte de Londres, que tem um senso de humor muito afiado. E a coisa mais importante na vida dela é o filho. Tudo atualmente envolve o fato de ela ser mãe. Mas ela ainda ama a música e é uma das maiores cantoras do mundo.
“Counting Stars”, do último álbum de estúdio, “Native” (2013), é talvez o grande sucesso da banda. De onde veio a inspiração?
Veio de um dia que eu fiquei estirado na cama, estressado, pensando em dinheiro, sobre tudo que eu não podia comprar. Não podia comprar um carro, não tinha dinheiro para um aluguel, para comprar uma casa e ter um filho. É sobre os dias em que eu não podia contar dólares, e em vez disso contava estrelas. Eu também visualizei pessoas mais velhas, com muito dinheiro por aí, mas que não se importam com nada no mundo.
Bem, dinheiro é um problema agora. Você ganha mais dinheiro com o OneRepublic ou trabalhando com outros cantores?
Acredite ou não, mas meu empresário me disse que, nos últimos anos, tem sido exatamente 50%-50%. Sim, é louco. Obviamente, nos últimos 12 meses, como estive mais no OneRepublic, devo ter ganhado mais com a banda. Tivemos um álbum lançado, começamos a ficar muito grandes e tivemos vários hits.
Mas, sabe, eu terei em breve coisas sendo lançadas com a Adele, com o Ed Sherran. Cada ano é de um jeito. Mas, geralmente, a renda é dividida ao meio.
Falando em Adele, como é trabalhar com grandes estrelas, com ela, Beyoncé e Taylor Swift?
Cada uma tem uma personalidade muito, muito diferente. Mas tenho que admitir que gostei muito de trabalhar com a Adele. Ela é uma pessoa muito acolhedora. Adele é Adele. Apenas uma garota do norte de Londres, que tem um senso de humor muito afiado. E a coisa mais importante na vida dela é o filho. Tudo atualmente envolve o fato de ela ser mãe. Mas ela ainda ama a música e é uma das maiores cantoras do mundo.
Com ou sem o OneRepublic, você é uma figura constante nas paradas. Escreveu “Hallo”, com a Beyoncé, ganhou um Grammy pelo álbum "21", da Adele. Qual é a fórmula para compor um sucesso?
Acho que você tem que crescer amando melodias. Todas as grandes músicas que as pessoas se conectam sempre têm emoções e melodia. Mas o segredo, para mim, é trabalhar. Eu componho desde que tinha 16 anos, e gasto mais tempo do que qualquer pessoa que eu conheço. Trabalho loucamente. Na noite passada, eu estava acordado até as 5h da manhã, trabalhando em dois discos, 90 minutos de música. Eu não sou exatamente novo na minha carreira. Estou há dez anos fazendo isso. E ainda passo a noite toda trabalhando.
Muitos críticos dizem que o pop rock teve seu momento de criatividade nos anos 1980 e 1990, e que hoje o que faz sucesso é apenas uma sonoridade derivada. Concorda com isso?
Acho que os dois principais momentos da música desde os anos 1980 foram o hip hop e a dance music. Hip hop, claro, estourou antes, ainda nos anos 1980. Agora, desde 2003, 2004, a dance music se tornou parte de tudo. O único estilo que morreu com isso foi o rock. Mas Acho que o rock vai voltar.
Por volta de 2002, 2003, o rock teve seu momento, com Strokes, Hives. Durou um ano mais ou menos. Esses momentos vem e vão, mas, na maioria do tempo, tudo é dominado pelo pop. É cíclico. Acho que nos próximos cinco anos o rock vai voltar. Vai começar com uma banda, que vai estourar, e vai trazer uma onda de novos grupos. Só não sei nem de onde vão vir nem com será o som.
Ryan Tedder 2
Por volta de 2002, 2003, o rock teve seu momento, com Strokes, Hives. Durou um ano mais ou menos. Esses momentos vem e vão, mas, na maioria do tempo, tudo é dominado pelo pop.
A propósito, como você define a sonoridade do OneRepublic?
É engraçado você perguntar. Nós começamos como uma banda alternativa. E tentamos evoluir do alternativo para algo que fosse maior, que tivesse mais apelo. E isso de repente se tornou tão grande, para tantas pessoas no mundo, que acho que já não importa mais o nome que você dá.
No final das contas acho que somos uma banda pop. Nossas músicas se encaixam no pop. Eu diria que seria algo como “pop alternativo”, já que em todo álbum que lançamos há um pouco de rock.
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