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A pedido do pai, irmão de Cristiano Araújo se lança na música sertaneja

Felipe Branco Cruz

Do UOL, em São Paulo

07/10/2015 06h00

O cantor sertanejo Felipe Araújo, 20, está seguindo os passos do irmão mais velho, Cristiano Araújo, que morreu em junho deste ano. O artista lançou na última semana seu primeiro EP autoral, batizado de “Com Você”, mesmo nome da música composta em homenagem ao irmão. Os planos de Felipe, no entanto, vão além do tributo: se tornar o novo fenômeno sertanejo do país. No canal oficial do artista no YouTube, o clipe da música em homenagem ao irmão já foi assistido mais de um milhão de vezes em menos de uma semana.

“Eu canto há cinco anos. Já tive duas duplas: João Pedro & Felipe e Felipe & Zé André. Depois da morte do Cristiano, meu pai pediu para eu seguir a carreira solo”, disse o artista em entrevista ao UOL. Ainda à sombra do irmão, Felipe canta de maneira semelhante a Cristiano e vai homenageá-lo em todas as apresentações. “Aprendi muita coisa com ele. Minha relação era de pai e filho. Ele me ensinou quase tudo o que eu sei”.

Com o know-how artístico encaminhado e apoio de medalhões do sertanejo, Felipe deu início à carreira solo em grandes eventos. No dia 27 de outubro, ele e o pai, João Reis, participaram de um especial no programa “Hora do Faro”, da Record, com direito a lágrimas do apresentador Rodrigo Faro. Três dias depois, Felipe fez o show de lançamento do EP na casa Wood’s, de Goiânia, com ingressos esgotados.

Irmão faz homenagem e tatua o nome do sertanejo Cristiano Araújo - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Felipe Araújo com o irmão Cristiano
Imagem: Reprodução/Instagram
O repertório mescla homenagens ao irmão (“Com Você”, escrita por ele em parceria com Maraísa, Nuto Artioli e Gui Artioli), com músicas de temáticas típicas do sertanejo universitário (“Bora Beber”, “Noite Fracassada”, “Amante Fiel”, “Olhos Cansados” e “Vê se Cuida Mais de Nós”). “Meu show é bastante agitado. Tem funk e rock sem perder a essência sertaneja”, explica Felipe, que diz ser fã de Coldplay, Guns N' Roses e Michael Jackson. “Meu pai fazia eu e o Cristiano assistirmos tudo dele”. 

Além das canções do EP, Felipe Araújo também vai tocar em seus shows músicas de Zezé Di Camargo & Luciano, do irmão Cristiano e até Raimundos e axé, com “Mulher de Fases” e “Pequena Eva”.

Preconceito

A comoção que os brasileiros demonstraram quando Cristiano Araújo morreu pegou algumas pessoas de surpresa e levantou o debate sobre o preconceito que o estilo musical enfrenta. Um dos comentários que mais se ouviu na época foi: “Quem é Cristiano Araújo?”. Felipe, no entanto, disse que não se importou com as críticas. “Achei uma falta de respeito, claro. Mas esses comentários vieram de uns poucos”, diz. “A maioria dos brasileiros demonstrou que ele era muito amado”.

Sobre a morte precoce do irmão, Felipe disse que a família ainda está assimilando tudo. “Depois de tudo que aconteceu, tento não fazer planos de longo prazo. Penso no hoje e o amanhã eu deixo para amanhã. O que eu quero mesmo é tocar o meu projeto para que tudo dê certo”.

Incentivo de outros sertanejos

Artistas mais experientes como Henrique & Juliano, Gusttavo Lima, Daniel e Luciano contaram ao UOL que apoiaram a decisão de Felipe em lançar a carreira solo. “Torço porque sei que existe na família um gosto pela música”, diz Luciano, da dupla com Zezé Di Camargo. “Já ouvi algumas coisas desse menino e acredito nele. O sucesso é uma incógnita. Ele não está substituindo o irmão e está fazendo de coração. Então, por que não?”, completa.

A dupla Henrique & Juliano também torce para ele. “O Felipinho é bom demais cantando. Só é ruim demais no videogame”, brinca Juliano. “Ele também é um ótimo compositor”, conclui. O sertanejo Gusttavo Lima concorda. “Esse menino cresceu com a gente em Goiânia. A família dele é musical. Ele tem a missão de preencher essa lacuna que ficou com a morte do Cristiano”.

Daniel relembrou um encontro que teve com Cristiano em que o artista falava do irmão mais novo com carinho. “Ele falou que o Felipe estava cantando com uma dupla e que estava indo muito bem. Quando perdemos o João Paulo também foi um baque muito grande, que não passou até hoje. Nada vai superar a morte do Cristiano, mas a vida segue em frente e ele vai trilhar um caminho bonito”.